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Estado de Minas

Primeira sexta-feira de oração muçulmana em Jerusalém desde 'plano Trump'


postado em 31/01/2020 12:55

Em meio a uma relativa calma, milhares de muçulmanos participaram nesta sexta-feira da primeira oração semanal na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém desde o anúncio do plano de Donald Trump para o Oriente Médio, apesar da rejeição radical pelos palestinos.

Um dos motivos de rejeição é o estatuto de Jerusalém, cuja parte palestina está ocupada e anexada por Israel, mas que Washington estima, em seu plano, como a capital "indivisível" do Estado hebreu.

Pouco antes da oração da madrugada, a Polícia dispersou palestinos que gritavam palavras de ordem "nacionalistas" na Esplanada das Mesquitas, chamada de Monte do Templo pelos judeus.

A Polícia levou reforços a vários setores da cidade Santa, epicentro mundial do monoteísmo, onde milhares de palestinos se reuniram na sexta-feira pela oração.

"Não queremos que a situação degenere como na Síria, ou no Iraque", declarou o grande mufti da mesquita de Al Aqsa, Muhamed Ahmad Husain, referindo-se aos conflitos que ocorrem nesses dois países.

Após a oração, não foram registrados conflitos com a polícia. Observadores acompanhavam a oração desta sexta-feira como um teste de pressão da contestação popular ao projeto de Trump.

- Eventual anexação do Vale do Jordão -

O projeto dos Estados Unidos também prevê a anexação das colônias israelenses e do vale do Jordão, território palestino ocupado desde 1967.

Segundo autoridades israelenses, esses projetos de anexação serão apresentados no domingo pelo governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

A situação não parece tão clara.

Estas colônias podem ser anexadas "sem demora", afirmou o embaixador dos Estados Unidos em Jerusalém, David Friedman.

O arquiteto do projeto americano, Jared Kushner, genro e conselheiro de Trump, expressou o "desejo de que (o governo israelense) espere para depois das eleições" legislativas de 2 de março em Israel, para anexar os setores estabelecidos no plano.

As duas opções não questionam o projeto de anexação do vale do Jordão, para onde o Exército israelense já enviou reforços esta semana.

A mobilização militar no Jordão corrobora a ideia de uma rápida anexação deste vale agrícola, que ocupa 30% da Cisjordânia e é delimitado pela fronteira com a Jordânia.

As fontes militares asseguram, contudo, que esta mobilização está relacionada com as manifestações palestinas.

- Foguetes -

Desde terça-feira, os confrontos entre manifestantes palestinos que protestam contra o plano dos Estados Unidos e as forças israelenses deixaram pelo menos 30 feridos palestinos na Cisjordânia. Os protestos têm sido limitados, porém.

Na Faixa de Gaza, geograficamente separada da Cisjordânia e controlada pelos islamistas do Hamas, milhares de palestinos se manifestaram nos últimos dias.

Em Gaza, os manifestantes levavam uma faixa com a inscrição "La lisafqat al-Qarn ("Não ao acordo do século", tradução do árabe em português)", uma alusão ao plano Trump, que prevê "desmilitarizar" Gaza e uni-la mediante um corredor com a Cisjordânia amputada.

À noite, foram disparados foguetes de Gaza para Israel, que respondeu com bombardeios contra "posições" do Hamas, segundo o Exército.

Hoje, o Exército israelense afirmou que tinha atacado alvos do Hamas em represália por três disparos de foguetes do enclave palestino contra Israel.

- "Traição" -

Os líderes palestinos, que não participaram da elaboração do plano Trump, condenaram o projeto de forma unânime. Segundo eles, o texto foi redigido com base nos interesses de Israel e buscaram apoios internacionais por sua causa.

Salvo Irã - grande inimigo de Israel - e Turquia, ferrenho defensor da causa palestina, as monarquias do Golfo e outros países árabes, como Egito ou Jordânia, acolheram o plano, mas sem grandes críticas.

Nesta sexta, o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou alguns países árabes de "traição", por ficarem "em silêncio" diante do plano americano.

"Os países árabes que apoiam um plano semelhante traem Jerusalém e seu próprio povo, e algo mais importante: toda humanidade", disse Erdogan durante um discurso para integrantes de seu partido, o AKP, em Ancara.

Neste sábado, vários ministros árabes de Relações Exteriores terão uma reunião extraordinária no Cairo. O mufti de Al Aqsa se referiu a ela nesta sexta e criticou o silêncio de "diversos países" árabes em relação à iniciativa americana.


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