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Estado de Minas

Manifestante morre no Chile na noite mais violenta do ano


postado em 30/01/2020 18:13

Um manifestante morto, saques e incêndios foram registrados na madrugada desta quinta-feira (30), no pior dia de violência registrado neste ano no Chile, no contexto de uma crise social que agora envolve o mundo do futebol.

Esses novos distúrbios ocorreram durante os protestos pela morte de um torcedor do Colo Colo, que faleceu na noite de terça-feira, após ser atropelado por um caminhão da polícia perto do Estádio Monumental, onde foi disputada uma partida pelo campeonato nacional.

As autoridades informaram que a vítima é um jovem de 22 anos que protestava em uma barricada, quando "foi atropelado por um ônibus Transantiago (transporte público), que instantes antes havia sido roubado por homens encapuzados", em meio a distúrbios violentos.

"Sem dúvida, este dia foi o mais violento de 2020 e nos lembra os piores momentos do mês de outubro do ano passado", afirmou o chefe de polícia da zona leste de Santiago, Enrique Basaletti.

O jovem morreu em um hospital próximo, enquanto o homem encapuzado que o atingiu foi espancado "por outros manifestantes". Ele também foi levado para um centro médico e se encontra em estado grave. O ônibus roubado foi incendiado, de acordo com a polícia.

Outro manifestante foi baleado na cabeça durante distúrbios na comuna de Padre Hurtado (sul de Santiago). A bala "causou uma lesão cerebral grave" e ele está em coma, de acordo com o último boletim médico divulgado.

Os piores tumultos noturnos se concentraram no norte da capital chilena.

Na comuna de Quilicura, nos arredores de Santiago, saques ocorreram em pelo menos três supermercados, enquanto na vizinha Lampa, os manifestantes incendiaram repartições públicas.

Em outras áreas da capital, ônibus foram incendiados, causando a suspensão de várias rotas de transporte público em Santiago.

Pelo menos 20 quartéis policiais foram atacados, e 46 militares ficaram feridos em Santiago e em outras cidades, como Valparaíso (centro) e Concepción (sul), onde também ocorreram incidentes graves, relatou Baseletti.

Os tumultos aumentaram a temperatura dos protestos, depois de semanas de relativa calma.

Os distúrbios se concentravam toda sexta-feira na Praça Itália - o centro dos protestos em Santiago e que os manifestantes renomeavam Praça da Dignidade - onde são mantidos os confrontos com a polícia.

- Dois mortos em dois dias -

O jovem atropelado é a segunda vítima em dois dias, após a morte na noite de terça-feira do torcedor do Colo Colo atropelado pelo caminhão da polícia no meio de confrontos com agentes. Este episódio foi a faísca dos motins registrados entre quarta e quinta-feiras.

Iniciada há quase quatro meses, a crise social chilena deixou 20 mortos até o momento, enquanto mais de 3.000 pessoas ficaram feridas. Deste total, cerca de 400 sofreram ferimentos graves nos olhos, causados por balas de borracha disparadas por policiais do Batalhão de Choque.

A morte do torcedor provocou novas críticas contra a Polícia, já criticada por agências humanitárias que a acusam de extrapolar no uso da força para conter os protestos.

"As autoridades mostraram certa intransigência, tiveram um discurso criminalizante do protesto social que gerou muita rejeição em grande parte da população", disse à AFP Macarena Orchard, acadêmica da Escola de Sociologia da Universidade Diego Portales

Em meio à crise social, as torcidas organizadas participaram ativamente dos protestos e, nas últimas semanas, juntaram-se ao público em geral durante partidas amistosas e oficiais para entoar músicas e frases de ordem contra o governo de Sebastián Piñera. De acordo com as últimas pesquisas, a aprovação do presidente chileno caiu para 6%.

A Garra Branca, o violenta torcida organizada do Colo Colo, convocou uma manifestação em frente ao estádio na quarta-feira para protestar contra a morte do torcedor.

Os torcedores, a maioria vestida com camisas do clube e portando bandeiras, acenderam velas no local, onde o torcedor morreu, e ergueram barricadas que foram incendiadas nas ruas adjacentes ao estádio e até em uma estação de metrô.

Também atearam fogo a uma loja e a um carro da polícia. A polícia de choque reagiu com bombas de gás lacrimogêneo.

Outros membros da torcida organizada protestaram em diferentes bairros de Santiago, exigindo justiça pelo jovem morto.


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