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Estado de Minas

Mãe e filha são o espelho das divisões políticas na era Trump


postado em 30/01/2020 09:49

Donna Baldwin se emocionou quando encontrou o presidente Donald Trump, mas quando chegou em casa, ficou horrorizada: a mídia, diz ela, distorceu o que ele disse.

Cada vez que entra no Facebook, ela tem seu próprio "fact-checking": sua filha de 34 anos, Jocelyn Evans, que não tem medo de dizer que algumas notícias que a mãe publica "definitivamente não são corretas".

Como muitas famílias americanas, essa mãe e filha do estado de Ohio notaram que a divergência de seus pontos de vista aumentou em uma era de polarização política e redes sociais.

Mas Baldwin e Evans aprenderam também a evitar os confrontos ao priorizar uma educação sólida para os dois filhos de Evans, de oito e quatro anos.

À medida que se aproxima a temporada eleitoral, um equipe de jornalistas da AFP percorre o país em uma viagem rodoviária de Washington a Iowa, estado do meio-oeste que em 3 de fevereiro dará o pontapé oficial das eleições primárias.

Defiance, em Ohio, com uma população de 16.663 habitantes, tem um fábrica da General Motors. No caminho para a pequena universidade privada de Defiance, vários restaurantes de fast food anunciam ofertas de trabalho.

Baldwin, uma corretora imobiliária, vê os anúncios como a evidência de uma economia saudável no comando de Trump. Sua filha, que estuda Arqueologia, não está convencida.

"Tenho amigas que estão casadas e têm filhos e tanto elas como seus maridos têm três desses trabalhos e ainda assim não conseguem chegar ao fim do mês", diz Evans em um restaurante do preservado centro histórico de Defiance.

Sua mãe, de 59 anos, se diz "realista". "Nem todo mundo está preparado para a universidade", diz. "Muitos vivem dos subsídios do governo".

"Agora há tantos trabalhos disponíveis e (eles) não aceitarão nenhum desses trabalhos".

- Divisão pelo clima -

Em 2016, os eleitores mais jovens elegeram a rival democrata de Trump, Hillary Clinton, com uma margem significativa. Mas as pessoas mais velhas, como nas eleições passadas, foram às urnas em maior número.

Baldwin e Evans não se encaixam perfeitamente nos padrões políticos.

Evans, com a parte superior do braço coberta por uma tatuagem com um girino inspirado no filho, se registrou primeiro como republicana, como seu falecido pai, e como não gostava de Hillary, votou em Trump.

Por muito tempo, sua mãe foi democrata. "Senti que o partido me abandonou", diz.

Um dos temas que as divide em especial é a mudança climática.

Evans diz que foi na universidade que se deu conta que o tema "não é um debate, não é algo do que possamos tomar partido, só temos que decidir o que vamos fazer".

Mas para sua mãe, a mudança climática está em último lugar de sua lista de preocupações.

"Vivo no presente. Não vivo em 15, 20 anos, porque escuto isso há anos, que só nos restam 10 anos. Não acredito", diz.

Na Índia, "não podem ver o carro da frente devido à contaminação, mas nós temos culpa aqui nos Estados Unidos?".

Sua filha vira os olhos antes de sorrir e falar sobre a densidade populacional na Índia.

"Concordo que a responsabilidade não é só dos Estados Unidos em solucionar o problema, mas acredito que temos que admitir em algum momento que não podemos afirmar que somos um líder mundial e viver com toda a glória disso e depois, quando se trata de ajuda os menores, não estamos realmente disponíveis para isso".

- Contextos divergentes -

Baldwin, que considera a Fox News uma de suas fontes mais confiáveis, frequenta semanalmente a igreja e diz que sua fé influi em seu ponto de vista sobre o clima, ao explicar: "não acredito que o mundo esteja aqui para sempre".

Sua filha não concorda, e diz que a religião pode dividir. "A religião definitivamente não é importante para mim".

Enquanto sua mãe passou toda a vida em Defiance, Evans afirma que suas opiniões foram moldadas após viver em diferentes lugares dos Estados Unidos, incluindo Nova York.

Evans também se interessa muito pela saúde dos veteranos e diz com indignação que seu marido, um veterano deficiente físico, nunca foi ao mesmo médico duas vezes.

Nessas eleições, Evans apoia o democrata Andrew Yang, já que acredita na proposta do empresário de um salário mínimo de 1.000 dólares para cada americano.

A renda básica universal poderia ajudar a todos, desde mães solteiras que lutam para comprar o equipamento de futebol para seus filhos até pessoas que querem "voltar para escola em vez de escolher ficar no McDonald's para subir na empresa", diz.

Sua mãe, que classifica Yang como o candidato democrata "menos ofensivo", diz que esse dinheiro também poderia ser usado para comprar drogas.

Mãe e filha ainda não conseguiram chegar a um consenso. As duas dizem que estão cansadas da influência dos lobbys. E ambas apoiam os limites dos mandatos, pois consideram que os políticos não deveriam estar nos cargos a vida toda.

Mas elas concordam sobre a preservação de sua relação. "Há certos temas em que não concordamos e tentamos não conversar durante o jantar", diz Evans. Porque "esse é o momento e o lugar para a família".


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