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Estado de Minas

Vítimas do temporal em Minas Gerais limpam destroços do desastre


postado em 28/01/2020 21:31

Os moradores de Raposos afetados pelo temporal que matou 52 pessoas no estado de Minas Gerais agradecem com resignação as doações, enquanto buscam entre os escombros o pouco que sobrou de suas casas.

"Na minha casa não tem mais nada. Graças a Deus, com a solidariedade do povo, ganhei três colchões para que a gente pudesse dormir", conta à AFP o pedreiro Márcio Flávio, de 40 anos, pai de três filhos pequenos.

Quando a chuva arrefece, o som dos tratores revirando escombros é constante na cidade, a 10 km de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Se eles param, um silêncio lúgubre invade o lugar, impregnado por um forte cheiro de lama e de comida estragada.

Não foram registradas mortes em Raposos, mas os danos materiais não são quantificáveis e as ruas estão intransitáveis. Os bombeiros ajudam a população a abrir caminho em meio à massa de objetos destruídos que antes eram suas casas.

"Na verdade, a gente não tem um número real" de imóveis danificados, explica Samuel D'Avila Assunção, engenheiro da Prefeitura.

"Como foi tudo desligado, acesso à internet, telefonia, alguns postes caíram, então a gente está anotando tudo que está sendo feito para ter um número real e passar para o prefeito o que aconteceu na cidade", acrescenta.

Assunção também faz inspeções de segurança antes de liberar a ocupação de imóveis fragilizados pelos desmoronamentos. "Dez a 12 casas tiveram que ser interditadas para demolição".

- Dilúvio sem aviso -

Desde sexta-feira passada, quando 171,8 milímetros de chuva caíram em 24 horas - um recorde desde o início dos registros, em 1910 -, a busca por corpos e as tarefas de liberação são ininterruptas na região.

O último boletim oficial contabiliza 52 mortos, 65 feridos, um desaparecido, mais de 28.00 pessoas evacuadas de suas casas e mais de 4.300 desabrigados.

Os irmãos do pedreiro Valdivino Alves, moradores do bairro Várzea do Sítio, estão entre os milhares de desalojados.

"Esta casa é da minha irmã, são três irmãos que moram aqui e sete crianças. Eles estão morando na minha casa até a gente reformar a casa para eles voltarem pra cá", conta Alves à AFP, enquanto lava a lama da parede usando uma mangueira.

O estado declarou 101 municípios em estado de emergência e retomou campanhas de recolhimento doações de água, alimentos não perecíveis, cobertores, colchões e todo tipo de material de primeira necessidade.

O dilúvio se manteve nos últimos dias, a ponto de nesta terça o volume de chuvas em janeiro ter chegado a 814,7 mm, mais que a metade da média anual de Belo Horizonte (1.602,6 mm).

Todos os depoimentos mencionam a violência do incidente, que provocou deslizamentos de terras e enterrou ou arrancou casas do chão. Muitos se dizem acostumados às inundações, mas afirmam que a deste ano foi a pior.

"O pessoal está sofrendo muito, muito angustiado, porque foi uma coisa muito de repente. A gente estava acostumada com a enchente, mas não essa tão devastadora que teve", conta Maria Aparecida, moradora de Raposos, que foi ajudar sua mãe no bairro Várzea do Sítio.

"Quando cheguei à casa da minha mãe, às duas da manhã, a água já estava no portão, entrando na sala. De repente a água subiu até a cintura. Não deu, neste bairro, para ninguém salvar nada", afirma.

A intensidade das precipitações se deve à coincidência pouco frequente da chamada Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) com um sistema de baixa pressão sobre o oceano. A ZCAS é um corredor de umidade que vai da floresta amazônia até o sudeste do Brasil.

Nos próximos dias, os serviços oficiais de meteorologia preveem "chuvas típicas" da temporada, com tempestades em pontos isolados.

O temporal também deixou milhares de desalojados nos estados vizinhos de Espírito Santo, onde nove pessoas morreram, e no Rio de Janeiro.


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