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Estado de Minas

Micah White, o anticapitalista que quer se reinventar em Davos


postado em 24/01/2020 14:55

O ativista anticapitalista Micah White, um dos impulsionadores do movimiento Occupy Wall Street, admite que ir ao Fórum de Davos, que termina nesta sexta-feira, pode parecer uma contradição, mas, em entrevista à AFP, defendeu o diálogo com a elite e prometeu evitar "a champanhe e o caviar".

Antes de ir para a pequena estação de esqui suíça, onde o Fórum Econômico Mundial (WEF) é realizado todos os anos, que reúne líderes econômicos e políticos de todo o mundo, White sabia que sua presença poderia prejudicar sua reputação.

"Vir aqui é uma espécie de suicídio para a minha reputação, é uma maneira de me reinventar", disse Davos na quinta-feira, antes de iniciar uma maratona de intervenções nos vários seminários e mesas-redondas planejados nesta cidade aos pés dos Alpes.

"Muitas das lutas políticas com as quais nos envolvemos nos últimos 300 anos, a luta de classes, a luta contra os ricos, permanecerão em segundo plano com a tentativa de mobilizar centenas de milhões de pessoas para atuar por clima", afirma.

Micah White foi um dos principais impulsionadores, principalmente nas redes sociais, do Occupy Wall Street, um movimento pacifista contra os excessos de finanças e desigualdade econômica que levou os manifestantes a "ocupar" no final de 2011 no bairro Nova York financeira.

É por isso que é surpreendente vê-lo na pequena cidade de Davos, cujo nome se tornou há anos para os anticapitalistas em sinônimo do pior da globalização e que todos os anos recebe centenas de grandes empreendedores que chegam de jato particular, helicóptero ou limusine.

Segundo o ativista, os organizadores do fórum estão ansiosos por novas ideias, mas "eles estão realmente ouvindo? Esta é a pergunta, acho que é muito difícil saber até que ponto haverá mudanças".

Micah White fundou uma universidade on-line paga, onde aconselha e analisa o fenômeno do ativismo. Ele também tem o projeto de lançar uma "criptomoeda redistributiva".

"Estou otimista, acho que há um tipo de profundo cinismo dos ativistas que consiste em pensar que as elites realmente não querem mudar. Mas, nas minhas trocas [em Davos], acho que há pessoas que realmente querem mudanças, especialmente em matéria de mudança climática", opina.

Sua participação no WEF e algumas de suas declarações, como quando ele disse que queria "descobrir o potencial revolucionário de Davos", foram ridicularizadas nas redes. Entre outros insultos no Twitter, ele foi chamado de "vendido" ou "esquerdista narcisista corrompido".

Ele, entretanto, garante que não vendeu sua alma ao diabo.

"Para mim, o mais importante é proteger meu espírito revolucionário e ativista, e isso significa evitar o luxo, a decadência, não fui a nenhuma festa, a nenhum coquetel", revela.

"Estou deliberadamente evitando a experiência de 'caviar e champanhe'".


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