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Estado de Minas

Acordo comercial entre China e EUA, um êxito relativo para Trump


postado em 13/01/2020 09:54

Estados Unidos e China assinam, na quarta-feira (15), um acordo comercial após meses de disputa - uma vitória política do presidente Donald Trump com sabor amargo em meio aos danos causados às duas economias.

"Os problemas subjacentes permanecem pendentes, mas, politicamente, é algo muito bom" para o presidente que busca um segundo mandato, diz Edward Alden, especialista em política comercial no "think tank" Council on Foreign Relations.

O inquilino da Casa Branca pode se gabar de ter sido "tenaz" com a China. E, "tecnicamente, obteve um acordo" que havia prometido a seus eleitores em 2016, recorda Alden.

Além disso, essa trégua na guerra comercial tranquiliza os mercados que, em 2018 e 2019, sofreram vários sobressaltos pela decisão de Washington e Pequim de imporem tarifas punitivas mútuas.

O acordo também pode estimular a economia americana, o que ajudaria a campanha de Trump, ao acabar com a incerteza e fortalecer a confiança do consumidor. Este é o principal motor de crescimento nos Estados Unidos.

A trégua também deve dar um novo impulso aos investimentos das empresas, que caíram muito em 2019 devido à crise.

Trump escolheu o último dia de 2019 para anunciar a assinatura do tratado parcial em 15 de janeiro na Casa Branca.

A viagem do vice-primeiro-ministro chinês, Liu He, a Washington, de 13 a 15 de janeiro, foi confirmada apenas na quinta-feira.

"O documento inteiro será publicado na quarta-feira", prometeu Larry Kudlow, assessor econômico da Casa Branca, para silenciar as críticas às negociações.

- Disputa de 10 ou 20 anos -

Sem dar detalhes sobre o conteúdo do texto, sujeito a muita especulação, Kudlow disse que Washington ganhou inúmeras concessões de Pequim.

"É um acordo histórico", afirmou o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin.

"Pela primeira vez, temos um acordo completo sobre questões tecnológicas, serviços financeiros, compras suplementares de mercadorias chinesas, bem como um verdadeiro mecanismo para aplicar o pacto", garantiu.

Segundo Washington, Pequim aumentará sua compra de mercadorias americanas em 200 bilhões de dólares nos próximos dois anos, incluindo entre 40 e 50 bilhões em produtos agrícolas.

Em troca, o governo Trump renunciou a impor novas tarifas à China e reduziu pela metade as que entraram em vigor em 1º de setembro para importações de produtos chineses no valor de US$ 120 bilhões.

O acordo com Pequim é "um sucesso relativo" para Trump, diz Eswar Prasad, professor de Política Comercial da Universidade Cornell e especialista na China.

O presidente "ganhou algumas concessões da China e de outros parceiros comerciais, mas a um custo significativo para a economia americana", considera.

A economia chinesa foi prejudicada por causa da guerra comercial, mas industriais e agricultores americanos também sofreram.

Para mitigar as perdas no setor agrícola, o governo Trump teve de alocar US$ 28 bilhões para ajudar os afetados em 2018 e 2019. Enquanto isso, a indústria de transformação entrou em recessão em agosto.

Os especialistas também duvidam da capacidade dos Estados Unidos de obterem mudanças estruturais da China, principal objetivo de Trump, que lançou sua ofensiva para reduzir o déficit comercial americano com o país asiático e para pôr um fim às práticas comerciais "injustas".

A China não tem intenção de mudar seu modelo econômico, e Prasad prevê que Pequim não cederá aos principais pedidos de Washington.

Xu Bin, professor de Economia da Escola de Comércio Internacional de Xangai, acredita que, no momento, os dois lados alcançaram uma "situação aceitável, mas não uma vitória".

Para ele, a disputa comercial continuará "pelos próximos 10, ou 20 anos, ou mais".


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