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Estado de Minas

Especialistas questionam efeito de dissuasão de Trump sobre Irã


postado em 09/01/2020 13:07

O secretário americano da Defesa, Mark Esper, disse na quarta-feira (8) que o ataque que matou o general iraniano Qassem Soleimani restaurou a credibilidade da ameaça dos Estados Unidos a Teerã, de modo a conter a República Islâmica.

"Acredito que restauramos um certo nível de dissuasão", declarou Esper.

Analistas de segurança em Washington disseram, porém, que ainda se está longe da convicção de que Teerã foi dissuadido de lançar novos ataques contra os Estados Unidos e seus aliados e que pode levar muito tempo até que o Irã volte a desafiar o presidente Donald Trump.

No curto prazo, as tensões podem diminuir, depois do movimento de represália, por parte do Irã, pela morte de Soleimani, comandante da Guarda Revolucionária. Na terça-feira, o governo iraniano disparou 12 mísseis balísticos contra as bases iraquianas de Ain al-Assad e Erbil, usadas por tropas americanas.

"Mas é apenas o começo", disse Kaleigh Thomas, analista em segurança no Oriente Médio do Center for New American Security.

A morte de Soleimani em um ataque com drone na última sexta-feira "mudou definitivamente o tom das tensões daqui para frente", afirmou.

Segundo Kaleigh, os iranianos "vão planejar estrategicamente, investindo em formas de infligir dor aos Estados Unidos".

- "Decisão impulsiva" -

Para uma dissuasão efetiva - disse Kaleigh -, o governo Trump precisa de uma mensagem coerente que seja compreendida por Teerã, assim como de um canal posterior de comunicação, como já fizeram gestões americanas anteriores.

A analista criticou as respostas inconsistentes de Trump no ano passado, depois que a Guarda Revolucionária derrubou dois drones dos EUA, supostamente danificou vários cargueiros no Golfo e lançou mísseis contra instalações petroleiras sauditas.

Em cada caso, a resposta dos Estados Unidos foi hesitante e mínima, avalia a analista, contribuindo para agigantar Teerã.

A pesquisadora afirma, porém, que a "decisão impulsiva" de matar Soleimani para restabelecer a dissuasão pareceu desproporcional em relação às ações mais recentes de Teerã: apoiar os ataques com foguetes contra instalações americanas no Iraque, assim como os manifestantes que invadiram a embaixada dos Estados Unidos em Bagdá.

É possível que Teerã se mostre titubeante na hora da reação, mas está "motivado para reagir e encontrar formas de infligir dor aos Estados Unidos", apontou.

- Difícil de dissuadir -

O general reformado David Petraeus, que já comandou as forças americanas no Oriente Médio, disse estar otimista com o fato de Soleimani transmitir uma forte mensagem, à qual Teerã deverá prestar atenção.

Foi "um esforço muito significativo para restabelecer a dissuasão, o qual, obviamente, não foi respaldado pelas respostas relativamente insignificantes até agora", declarou Petraeus, na revista "Foreign Policy".

James Phillips, pesquisador da Heritage Foundation, afirmou que é importante para o governo Trump fazer cumprir seus limites, depois de ter evitado responder durante tanto tempo.

É difícil, porém, estabelecer uma dissuasão confiável contra um regime como o Irã, no qual os Guardas Revolucionários de Soleimani estão "dispostos a sacrificar os interesses nacionais do Irã para promover os interesses revolucionários mais estreitos do regime", completou Phillips.

"Acredito que, infelizmente, Teerã também pode ter interpretado a restrição prévia do governo Trump como uma fraqueza", acrescentou.

O ex-diplomata americano Nicolas Burns comentou que ainda é "muito cedo" para declarar o sucesso da mensagem de potencial ameaça enviada para Teerã.

"O Irã tem uma história brutal de usar forças de poder para atacar os Estados Unidos e outros", disse à AFP. "Pode muito bem fazer isso nas próximas semanas, ou meses", reforçou.

Ainda mais desafiadora é a ameaça de Teerã, esta semana, de reiniciar seu programa para desenvolver armas nucleares por meio da produção de urânio.

Kaleigh Thomas disse que a incapacidade dos Estados Unidos para dissuadir o Irã está enraizada na decisão unilateral de Trump, tomada em 2018, de se retirar do acordo nuclear com o Irã. A saída dos EUA congelou esse programa e levou à adoção de mais sanções contra o país.

"Acho que foi uma confusão total sobre o que os Estados Unidos realmente queriam do Irã", acrescentou.


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