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Estado de Minas CRISE NO ORIENTE MéDIO

Irã ataca bases americanas

Mísseis disparados pela Guarda Revolucionária atingiram unidades com tropas dos EUA no Iraque. Até a noite não havia informação sobre vítimas. Trump acompanhou o ataque


postado em 08/01/2020 04:00 / atualizado em 07/01/2020 23:41

Uma multidão acompanhou o cortejo fúnebre do general Qassem Soleimani em Kerman, sua cidade natal, e pelo menos 56 perderam a vida (foto: Atta Kenare/AFPJim Watson/AFP)
Uma multidão acompanhou o cortejo fúnebre do general Qassem Soleimani em Kerman, sua cidade natal, e pelo menos 56 perderam a vida (foto: Atta Kenare/AFPJim Watson/AFP)


O Irã disparou “mais de uma dezena de mísseis” na noite de ontem contra bases americanas no Iraque, confirmou o departamento de Defesa dos Estados Unidos. “Aproximadamente às 17h30 (nos EUA) (19h30 Brasília) de 7 de janeiro, o Irã lançou mais de uma dúzia de mísseis balísticos contra militares dos Estados Unidos e forças da coalizão no Iraque”, informou o assistente de Defesa para Assuntos Públicos dos Estados Unidos, Jonathan Hoffman. “Está claro que estes mísseis foram lançados do Irã e visavam ao menos duas bases militares iraquianas que abrigam pessoal militar americano e da coalizão, em Al-Assad e Erbil”. Não havia informações sobre baixas de norte-americanos nas bases até as 23h30 de ontem. O departamento de Defesa fez uma “avaliação preliminar dos danos” e sua “resposta” ao ataque.

Segundo fontes iraquianas, o ataque ocorreu em três ondas logo após a meia-noite local e ao menos nove mísseis atingiram a base de Ain al-Assad, no Oeste do Iraque. e Erbil, na região curda iraquiana. O ataque teria sido feito no mesmo horário em que o general iraniano Qassem Soleimani foi morto por ataque de drone dos Estados Unidos. A primeira rodada atingiu a base áerea de Al-Assad e uma segunda onda foi disparada contra Erbil.  A base de Al-Assad foi visitada pelo presidente americano em 2018.O ataque ocorreu após grupos armados pró-Irã prometerem unir forças para responder à morte do general Soleimani e o líder militar iraquiano Abu Mahdi al Muhandis em Bagdá.

Na noite de ontem, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump foi informado sobre o ataque e se reuniu com o secretário de Estados, Mike Pompeo, com o secretário de Defesa, Mark Esper e com integrantes do serviço de inteligência norte-americano. A expectativa era de que Trump fizesse um pronunciamento à nação diante de uma reação dos Estados Unidos. Mas perto das 23h (horário de Brasília), os secretários deixaram a Casa Branca com a decisão de que não seria feito nenhum pronunciamento ontem.  “Estamos a par dos ataques a instalações dos Estados Unidos no Iraque. O presidente foi informado e está monitorando de perto a situação e consultando sua equipe de segurança nacional”, informou a porta-voz Stephanie Grisham.

Segundo a TV estatal em Teerã, o ataque foi uma resposta à morte do general iraniano Qassem Soleimani, atingido por um míssil disparado por um drone americano na sexta-feira passada, em Bagdá. A operação de vingança teria sido batizada de “Mártir Soleimani”. “Estamos alertando todos os aliados dos americanos, que deram suas bases ao seu exército terrorista, de que qualquer território que seja ponto de partida de atos agressivos contra o Irã será alvo” declarou a Guarda Revolucionária do Irã por meio da Irna, a agência de notícias oficial iraniana.

A força também alertou os Estados Unidos de que retirassem tropas da região para evitar a morte de mais soldados. O grupo alertou “o povo americano a chamar de volta suas tropas na região para evitar novas perdas”, e a “não permitir que a vida dos soldados seja ameaçada pelo ódio” do governo em Washington. A guarda também ameaçou Israel e os Emirados Árabes. Em seu canal no aplicativo  Telegram, a guarda disse que atacaria a cidade israelense de Haifa e Dubai se o território iraniano fosse atingido. A guarda disse, ainda, que, se os Estados Unidos retaliarem o ataque de ontem, iriam responder à ofensiva “dentro da América”.

Impacto Analistas afirmam que uma ofensiva com mísseis balísticos representa uma escalada grave na crise. Os artefatos teriam um poder de destruição muito maior do que foguetes leves. Imediatamente, os mercados financeiros reagiram. O preço do petróleo disparou. O tipo WTI, negociado em Nova York, subiu 4,27% na primeira hora após a notícia do ataque, chegando a US$ 65,38. Os índices futuros das bolsas dos Estados Unidos, recuaram pouco mais de 1%. 

“Apesar dessa retaliação do Irã ser esperada, o mercado futuro já está reagindo negativamente e acho que vamos ter um dia de queda amanhã (hoje) nas bolsas, com petróleo em alta”, apostou o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito. Ele estima que, se os EUA revidarem e o Irã fechar estreito de Ormuz, pode haver um impacto maior nos preços do petróleo. “Esse cenário pode ser positivo para as ações de algumas empresas, como Petrobras, que devem valorizar. Mas estou curioso para ver como é que o dólar vai se comportar, porque ele deve subir de forma mais difusa, gerando preocupação com a inflação um pouco mais à frente”, destacou. 

Mortes durante funeral  

Pelo menos 56 pessoas morreram e outras 200 ficaram feridas ontem durante tumulto no funeral do general iraniano Qassem Soleimani em Kerman, sua cidade natal onde será enterrado após quatro dias de homenagens. As informações são da agência oficial iraniana. Imagens do tumulto circulam nas redes sociais. Milhares de pessoas foram às ruas para a cerimônia de despedida na cidade natal do comandante, morto na semana passada em um ataque americano no Iraque. De acordo com a TV estatal do país, a multidão foi formada por milhões de iranianos, que se alternavam entre explosões de tristeza e de fúria, com gritos como “Morte à América!” e “Morte a Israel!”. Na multidão, também estava presente o chefe do movimento palestino Hamas, Ismail Haniyeh.

A cerimônia do enterro começou às 18h30 do horário local (13h de Brasília), mas a multidão que acompanhou o cortejo fúnebre provocou um atraso no sepultamento, segundo outra agência semioficial, a Isna. Não há previsão de quando Soleimani será enterrado; o corpo do general será sepultado no Cemitério dos Mártires de Kerman. Os iranianos nas ruas de Kerman carregavam bandeiras do Irã e imagens do general, enquanto hinos de luto soavam de alto-falantes. Durante o cortejo, autoridades discursaram, entre elas o ministro de Relações Exteriores, Mahammad Zarif.

As homenagens a Soleimani, que era considerado um herói nacional, começaram no sábado em Bagdá, no Iraque, e passaram pelas cidades de Karbala e Najaf, consideradas sagradas pelos muçulmanos xiitas. Ao longo da caminhada, foram queimadas bandeiras dos EUA e de Israel, enquanto homens e mulheres pediam vingança pela morte de Suleimani. Um homem foi visto carregando uma placa em que era possível ler a hashtag #SevereRevenge (“Vingança cruel”), slogan que também tem ganhado as redes sociais de iranianos.

As cerimônias de ontem, durante as quais o povo iraniano continuava a exigir vingança contra os Estados Unidos, marcam o final de três dias do luto nacional. “Infelizmente, como resultado da desordem, alguns dos nossos compatriotas ficaram feridos e outros morreram durante as cerimônias fúnebres”, disse o chefe dos serviços de emergência do país à televisão estatal iraniana Press TV.
Momentos antes do tumulto, o líder da Guarda Revolucionária do Irã, Hossein Salami, ameaçou incendiar lugares próximos dos Estados Unidos, provocando gritos de “Morte a Israel!” entre a multidão que se encontrava na praça central de Kerman para assistir ao funeral. 

Cenários de vingança No momento em que dezenas de milhares de pessoas, vestidas de preto e empunhando imagens de Soleimani, se reuniram na cidade natal do general, o secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã disse que o país considera 13 “cenários de vingança” como retaliação contra os Estados Unidos. “Os americanos devem saber que, até ao momento, 13 cenários de vingança foram discutidos pelo conselho e, mesmo que cheguemos a um consenso do mais fraco dos cenários, levá-lo a cabo poderá ser um pesadelo histórico para os EUA”, disse Ali Shamkhani.

Antes destas declarações, o Parlamento iraniano tinha anunciado a aprovação de uma lei que classifica todas as forças armadas norte-americanas como terroristas. A decisão altera uma lei recente que já declarava como terroristas as forças dos EUA enviadas da África à Ásia Central, passando pelo Médio Oriente. Agora, essa denominação foi estendida ao Pentágono, a todas as forças norte-americanas restantes e a todos os envolvidos na morte de Soleimani.


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