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Estado de Minas

'Erro' dos EUA cria confusão sobre retirada de tropas do Iraque


postado em 07/01/2020 07:55

A estratégia militar dos Estados Unidos no Iraque foi abalada na segunda-feira (6), quando o Pentágono informou erroneamente o governo de Bagdá sobre uma retirada iminente de suas tropas, uma confusão que se soma às tensões provocadas pelo assassinato do general iraniano Qassem Soleimani.

Uma multidão vestida de preto em Teerã prestou homenagem a Soleimani, chefe da Força Quds da Guarda Revolucionária iraniana morto na última sexta-feira (3) em um ataque americano no Iraque.

Em uma carta datada de domingo, o comandante das operações militares americanas no Iraque, William Seely, informou a seus colegas iraquianos que as tropas americanas estavam se preparando para deixar este país.

Na carta, cuja autenticidade foi confirmada à AFP por autoridades da defesa iraquianas e americanas, ele explica que respeitava "a decisão soberana (do Parlamento iraquiano) que ordena sua saída".

E diz que a coalizão liderada pelos Estados Unidos "estaria reposicionando suas forças".

Detalha ainda que, como parte dos preparativos, os helicópteros voariam dentro e ao redor da Zona Verde de Bagdá, onde está localizada a embaixada americana.

A AFP ouviu helicópteros voando baixo sobre Bagdá durante a noite de segunda-feira.

Pouco depois, porém, o chefe do Estado-Maior em Washington, Mark Milley, anunciou que foi um "erro" e que a carta era, na verdade, um "rascunho" que "nunca deveria ter sido enviado".

"Foi um erro cometido de boa-fé", disse Milley a repórteres. "Era um projeto não assinado (de carta)", completou.

O secretário americano da Defesa, Mark Esper, afirmou que a carta era "inconsistente" com a posição de Washington e negou qualquer decisão de abandonar o Iraque.

- Trump faz ameaça -

O ataque com drone que matou Soleimani e comandantes de milícias iraquianas provocou fúria no Irã e no Iraque, e Teerã prometeu vingança.

Em uma guerra verbal que suscitou preocupações internacionais e abalou os mercados financeiros, Trump ameaçou adotar as "maiores represálias", se Teerã responder.

No domingo, o Parlamento iraquiano votou a favor da expulsão das tropas americanas do país. Cerca de 5.200 soldados apoiam as tropas locais contra o ressurgimento do grupo Estado Islâmico (EI).

O assassinato de Soleimani, de 62 anos, fez o Irã se afastar ainda mais do acordo nuclear de 2015. No domingo, Teerã anunciou sua decisão de ignorar os limites impostos a seu programa de enriquecimento de urânio.

"O Irã nunca terá a arma nuclear!", escreveu Trump no Twitter na segunda-feira.

Esper pareceu se distanciar das ameaças de Trump, porém, afirmando que os Estados Unidos respeitarão "as leis do conflito armado", quando perguntado se o Pentágono atacaria locais culturais, como o presidente havia mencionado.

"Nunca ameace a nação iraniana", tuitou o presidente do Irã, Hassan Rohani.

- "Moderação" -

Em uma carta à ONU, o Iraque exigiu que o Conselho de Segurança condene o ataque, para que "a lei da selva" não domine as relações internacionais.

A operação americana representou "uma escalada perigosa que pode desencadear uma guerra devastadora no Iraque, na região e no mundo", disse o embaixador iraquiano na ONU, Mohamed Hussein Bahr al-Ulum, em carta obtida pela AFP.

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, pediu a Teerã que evite "mais violência e provocações".

"Um novo conflito não beneficiaria ninguém", frisou.

A União Europeia (UE) pediu ao Irã e ao Iraque que sigam "o caminho da moderação".

O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, disse, por sua vez, que "lamenta profundamente" o anúncio do Irã sobre sua decisão de ignorar o pacto nuclear.

O acordo ofereceu alívio às sanções sobre Teerã em troca de restrições para impedir o país de adquirir armas nucleares, mas a retirada de Trump em 2018 enfraqueceu o pacto drasticamente.

Apesar de sua última medida, o Irã insistiu em que continuará a cooperar com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), a agência da ONU que supervisiona seu programa nuclear.


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