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Estado de Minas

Ataques dos EUA a tropas pró-Irã no Iraque deixam 25 mortos e causam indignação


postado em 30/12/2019 15:37

Ao menos 25 combatentes iraquianos morreram na fronteira com a Síria, em bombardeios de represália do exército americano contra uma milícia pró-Irã, que provocavam nesta segunda-feira uma crescente indignação no Iraque.

O governo iraquiano reagiu afirmando que será forçado a "rever suas relações" com os Estados Unidos.

"Esses ataques violam a soberania do Iraque e violam as regras de engajamento da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos presentes no Iraque para combater os jihadistas", afirmou o governo após uma reunião do conselho de segurança.

"Isso força o Iraque a rever suas relações e sua estrutura nas áreas de segurança, política e legal, para proteger sua soberania", acrescentou.

Os ataques, que desencadearam um novo impulso da campanha contra a presença americana no país, deixam em segundo plano a revolta popular contra a classe política e seu patrocinador iraniano.

Em quase todas as cidades do sul, as manifestações da época foram transformadas em protestos contra os Estados Unidos, nos quais os manifestantes queimaram ou pisotearam bandeiras americanas.

Diante dos múltiplos ataques contra seus interesses no Iraque - não reivindicados mas que para Washington são obra de milícias pró-Irã -, o governo dos Estados Unidos havia prometido recentemente uma "resposta firme".

O governo do Irã afirmou que os ataques demonstram que Washington "apoia o terrorismo" porque as brigadas do Hezbollah - a milícia alvo do ataque de domingo - pertencem a Hashd al Shaabi, uma coalizão de paramilitares formada para lutar contra o grupo Estado Islâmico (EI) e integrada às forças de segurança iraquianas.

O movimento pró-iraniano libanês Hezbollah - separado das brigadas do Hezbollah - denunciou uma "violação flagrante da soberania" do Iraque e recordou o papel do Hashd na luta contra o EI.

Os ataques americanos, perto de Al Qaim, localidade iraquiana na fronteira com a Síria, onde as brigadas do Hezbollah lutam contra o regime de Bashar al Assad,deixaram 25 mortos e 51 feridos (entre combatentes e comandantes), mas o balanço pode aumentar, advertiu o Hashd al Shaabi.

Os bombardeios americanos se concentraram em bases e depósitos de armas das Brigadas na fronteira entre Iraque e Síria, afirmou o porta-voz do Pentágono, Jonathan Hoffman.

- "Expulsar o inimigo americano" -

O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Mark Esper, disse que os ataques foram bem sucedidos e não descartou ataques adicionais.

O secretário americano de Estado, Mike Pompeo, afirmou que Washington "não aceitará que a República Islâmica do Irã execute ações que coloquem em perigo os americanos".

Políticos iraquianos consideram uma "ameaça" a presença de 5.200 soldados americanos em seu território.

O porta-voz militar do primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi denunciou uma violação da soberania iraquiana, enquanto as Brigadas do Hezbollah pediram a "expulsão do inimigo americano".

Outra facção pró-Irã, Asaib Ahl Al Haq, um dos grupos armados mais poderosos do Iraque e cujos líderes foram alvos recentemente de sanções de Washington, afirmou que a "presença militar americana se tornou um fardo para o Estado iraquiano e, sobretudo, uma fonte de ameaças".

"Agora é imperativo fazer o possível para expulsá-los por todos os meios legítimos", afirma o grupo em um comunicado.

O número dois do Parlamento iraquiano, que pertence ao movimento do líder xiita Moqtada Sadr, pediu ao Estado que "adote as medidas necessárias" ante os ataques americanos, assim como a influente organização Badr, outro grupo armado pró-Irã.

Vários deputados também defendem uma denúncia do acordo Iraque-EUA que autoriza a presença de tropas de americanas no Iraque.

Desde 28 de outubro foram registrados 11 ataques contra bases militares iraquianas que abrigam soldados ou diplomatas americanos. Alguns atingiram as imediações da embaixada dos Estados Unidos na Zona Verde de Bagdá, uma das áreas mais protegidas da capital.

Um militar iraquiano morreu e vários ficaram feridos nos 10 primeiros ataques. No 11º, sexta-feira, faleceu um americano e 36 foguetes foram lançados.

- Revolta contra Bagdá e Teerã -

Os ataques aos interesses americanos ou a bases de grupos pró-Teerã também fazem temer algo que os dirigentes iraquianos advertem há meses: que os Estados Unidos e o Irã utilizem o Iraque como campo de batalha.

Nos últimos meses, o Irã reforçou sua influência no Iraque em detrimento dos Estados Unidos, coincidindo com uma revolta sem precedentes contra o governo.

Depois da renúncia do governo iraquiano há quase um mês, a República Islâmica e seus aliados no Iraque pressionam para colocar um de seus homens no cargo de primeiro-ministro.

A instabilidade política foi desencadeada pela pior crise social registrada no país, que deixou cerca de 460 mortos e 25 mil feridos

Os manifestantes protestam contra as autoridades e seus parceiros iranianos e paralisaram a administração e as escolas em quase todas as cidades do sul do país.

Desde sábado, eles conseguiram interromper pela primeira vez depois de um mês a produção - de 82.000 barris por dia - de um campo petrolífero no sul iraquiano.


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