Jornal Estado de Minas

Atentado mata 76 pessoas na capital da Somália


A explosão de um carro-bomba deixou, neste sábado (28), 76 mortos e dezenas de feridos em um bairro movimentado de Mogadíscio, em um dos ataques mais sangrentos ocorridos na capital da Somália, palco habitual de atentados terroristas islâmicos.



O ataque ocorreu em uma área de tráfego intenso, perto de um posto de controle das autoridades e de um escritório da alfândega. O local ficou coberto de detritos e de veículos calcinados.


"O número de mortes que conseguimos confirmar até agora é 76. Também há 70 feridos. Mas o balanço pode piorar", disse à AFP Abdukadir Abdirahman, diretor de um serviço particular de ambulâncias.


Um policial, Ibrahim Mohamed, chamou a explosão de "devastadora".


O presidente somali, Mohamed Abdullahi Farmaajo, condenou o ataque em declarações emitidas pela agência nacional de imprensa SONNA.


"Este inimigo tenta aplicar a vontade destruidora do terrorismo internacional, nunca fizeram nada positivo por nosso país", declarou. "Tudo que fazem é destruir e matar".


Já o prefeito de Mogadíscio, Omar Mohamud Mohamed, disse em entrevista coletiva que o número exato de mortes ainda é desconhecido, mas que o ataque teria deixado cerca de 90 feridos.



"Mais tarde, confirmaremos o número exato de mortes, mas será importante. A maioria dos mortos são estudantes inocentes e outros civis", apontou.


Segundo a autoridade policial Ibrahim Mohamed, "dois cidadãos turcos, aparentemente engenheiros civis envolvidos na construção de estradas, estão entre os mortos".


Em Ancara, o ministro turco de Relações Exteriores, Mevlut Cavusoglu, confirmou que dois cidadãos turcos "perderam a vida em um cruel atentado terrorista perpetrado em Mogadíscio". O Ministério da Defesa informou no Twitter que enviou um avião militar turco à Somália com pessoal e ajuda médica.


- "Corpos irreconhecíveis" -


Uma testemunha, Muhibo Ahmed, afirmou que "havia muitas pessoas, também estudantes que estavam em um ônibus e que passavam pela área quando a explosão ocorreu".



"Tudo o que pude ver foram corpos dispersos e alguns calcinados, irreconhecíveis", disse outra testemunha, Sakariye Abdukadir.


O ataque, que não foi reivindicado no momento, ocorre em um contexto de intensa atividade do grupo islâmico Al-Shabab, afiliado à Al-Qaeda.


Os insurgentes prometeram derrubar o governo da Somália, que tem o apoio da comunidade internacional e de 20 mil membros da força da União Africana na Somália (Amisom).


O Al-Shabab emergiu da União dos Tribunais Islâmicos, que controlava o centro e o sul da Somália, e estima-se que atualmente tenha de 5 mil a 9 mil membros.


O grupo radical islâmico foi expulso de Mogadíscio em 2011. Depois disso, perdeu a maioria de seus redutos.


No entanto, continua poderoso em algumas partes do país, onde realiza operações de guerrilha e atentados suicidas, incluindo na capital.


Seus alvos costumam ser governamentais, forças de segurança e civis.


Duas semanas atrás, cinco pessoas morreram em um ataque do Al-Shabab em um hotel de Mogadíscio, muito frequentado por políticos, militares e diplomatas.


Desde 2015, 13 ataques foram realizados na Somália. O ataque mais sangrento da história do país ocorreu em outubro de 2017, quando um caminhão-bomba explodiu na capital, matando 512 pessoas e ferindo 295.