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Estado de Minas

Protestos deixam dois mortos e centenas de detidos na Índia


postado em 19/12/2019 19:55

Duas pessoas morreram, nesta quinta-feira (19), em protestos contra uma nova lei de cidadania na Índia, durante os quais a polícia prendeu centenas de manifestantes que desafiaram a proibição de concentrações nas vias públicas, imposta pelo governo em grande parte do país.

As mortes aconteceram em Mangalore (sul), em meio a confrontos com a polícia. Com isso, sobe para oito o número de pessoas que perderam a vida em incidentes relacionados às manifestações.

Os dois homens, de 23 e de 49 anos, foram mortos quando a polícia abriu fogo contra um grupo de cerca de 200 pessoas, relatou uma autoridade local. Outros manifestantes foram baleados e levados para hospitais próximos. Em alguns setores da cidade, foi decretado toque de recolher.

Hoje, milhares de indianos estavam nas ruas, em várias partes do país, desafiando a proibição de manifestações e os cortes no fornecimento de Internet, para mostrar sua oposição a uma nova lei que consideram inconstitucional e discriminatória em relação aos muçulmanos.

Muitas vezes marcadas por confrontos, as manifestações aconteceram, principalmente, em Nova Délhi e nos estados do nordeste do país, o segundo mais populoso do mundo, com 1,3 bilhão de habitantes.

Em uma tentativa vã de coibir esses protestos, o governo proibiu as reuniões públicas de mais de quatro pessoas em várias cidades, resgatando um artigo de uma lei herdada do passado colonial britânico.

Liderado principalmente por líderes da comunidade muçulmana, que representa 14% da população, o movimento de protesto é um dos mais importantes que o primeiro-ministro Narendra Modi já teve de enfrentar desde que chegou ao poder em 2014.

Os manifestantes denunciam uma nova lei que facilita a concessão da nacionalidade indiana a refugiados do Afeganistão, Paquistão ou Bangladesh, desde que não sejam muçulmanos.

A nova lei não afeta os indianos muçulmanos, mas causou enorme indignação após cinco anos no governo dos nacionalistas hindus de Modi.

- Governo quase fascista -

Em Nova Délhi, a polícia forçou muitos manifestantes a entrarem em um ônibus e deixar o local do protesto. Os manifestantes entregaram rosas vermelhas aos agentes que os forçavam a se dispersar.

"Porque esta não é uma luta contra a polícia, mas contra o governo, um governo quase fascista", disse à AFP Shantanu, estudante que participou do protesto.

Na manhã desta quinta-feira, o governo ordenou que as companhias de telefonia móvel cortassem o serviço em vários pontos da capital indiana, uma decisão que não foi inédita.

A rede telefônica começou a ser restabelecida aos poucos no final da tarde, depois que as manifestações foram dissolvidas. Cerca de 20 estações de metrô em Nova Délhi permaneceram fechadas.

Também houve incidentes violentos em Uttar Pradesh (norte), a região mais populosa da Índia, com 200 milhões de habitantes e uma importante comunidade muçulmana. Centenas de manifestantes queimaram veículos e atiraram pedras na polícia, que respondeu com gás lacrimogêneo, segundo fontes policiais.

Uma das manifestações mais importantes ocorreu na cidade de Malegaon, no oeste, onde 60.000 pessoas se reuniram pacificamente, disse a polícia.

Em vários pontos do nordeste, onde os protestos começaram na semana passada e seis pessoas morreram violentamente, mais de 20.000 pessoas também se reuniram, constataram jornalistas da AFP no local.

Em Bihar (norte), onde as concentrações foram proibidas em vários distritos, milhares de manifestantes bloquearam estradas e vias férreas.

Na capital econômica, Mumbai, outras milhares de pessoas se reuniram, levando nas mãos a imagem de Gandhi e distribuindo cópias da Constituição.

"Algo mudou. É a primeira vez em muito tempo que as pessoas de Mumbai saem de forma tão numerosa para manifestar sua oposição", declarou o consultor Karishma V.

Em Calcutá, calcula-se que mais de 40.000 pessoas tenham tomado as ruas.

A Anistia Internacional pediu às autoridades indianas que "cessem a repressão contra os manifestantes pacíficos que protestam contra uma lei discriminatória".

A ONG descreveu como "implacável" a reação das forças de ordem, que os cidadãos acusam de comportamento violento.


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