Jornal Estado de Minas

Ativista ambiental Greta Thunberg é personalidade do ano da revista TIME

Greta Thunberg, a adolescente sueca de 16 anos que se tornou porta-voz de uma geração atormentada pela emergência climática, foi eleita personalidade do ano de 2019 da revista TIME nesta quarta-feira (11).

A jovem de 16 anos foi notícia primeiro com sua greve, sozinha, contra o aquecimento global, em pé do lado de fora do Parlamento da Suécia no ano passado. Pouco depois, seu manifesto se estendeu às margens da cúpula sobre o clima da ONU.



Um ano depois, seguida por uma multidão de jornalistas e de simpatizantes, ela foi protagonista da conferência, lançando em seu discurso uma indignada queixa aos líderes mundiais: "Como se atrevem?".

"Não podemos continuar vivendo como se não houve amanhã, porque há um amanhã. Isso é tudo o que estamos dizendo", disse Greta à TIME, que colocou a jovem em sua capa com o título "O poder da juventude".

A revista entrevistou Greta a bordo do veleiro que a levou dos Estados Unidos de volta à Europa, depois de uma frenética viagem de 11 semanas pela América do Norte a várias cidades dos Estados Unidos e do Canadá.

Greta Thunberg levou sua mensagem direta - "ouçam os cientistas" - aos líderes globais, acusando-os de inação frente à crise climática.

A ativista sueca estava em Madri quando o prêmio foi anunciado, em um fórum climático da ONU que busca salvar o mundo do aquecimento global.

"A política da ação climática está tão arraigada e é tão complexa quanto o fenômeno em si, e Greta Thunberg não tem uma solução mágica", escreveu a TIME na entrevista.



"Mas ela conseguiu criar uma mudança de atitude global, transformando milhões de vagas ansiedades (...) em um movimento mundial que exige uma mudança urgente", completa.

"Ela ofereceu um chamado moral aos que estão dispostos a agir e envergonhou os que não fizeram nada", insistiu a revista.

- "Quero que entrem em pânico" -

Passados poucos meses de lançar sua solitária "greve das sextas-feiras" fora do Parlamento sueco, Thunberg liderou as manifestações mundiais dos jovens e exigiu a ação ambiental dos líderes mundiais.

"Quero que entrem em pânico", disse aos CEOs e líderes do mundo no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, em janeiro de 2019.

"Quero que vocês sintam o medo que eu sinto todo os dias. E depois quero que ajam", declarou Greta.

Suas palavras se alastraram feito pólvora na Internet.

Filha de uma cantora de ópera e um pai ator convertido em produtor, Thunberg enfrentou duras críticas. A mais recente delas foi do presidente Jair Bolsonaro, que a chamou de "pirralha". Greta também foi alvo de diferentes teorias conspiratórias que circulam on-line.



Alguns fazem piada sobre sua juventude, ou tentam desacreditá-la, pela síndrome de Asperger, um diagnóstico que nunca escondeu.

Greta "não opera no mesmo registro emocional que muitas das pessoas que conhece", afirma a TIME.

"Não gosta das multidões. Ignora a conversa jogada fora e se comunica por frases diretas e simples. Não pode ser bajulada, ou distraída" e, segundo a revista, "estas mesmas qualidades a ajudaram a tornar uma sensação global".

Thunberg diz que está desconcertada com algumas das reações hostis em relação a ela.

"Honestamente, não entendo por que os adultos escolheriam passar seu tempo ironizando e ameaçando adolescentes e crianças por promoverem a ciência, quando, em troca, poderiam fazer algo bom", tuitou em setembro, lembrando que "ser diferente não é uma doença".

Também insistiu em que "não recebeu dinheiro" por seu ativismo.

E, com 12 milhões de seguidores em sua conta no Instagram, Twitter e Facebook, continua acumulando simpatizantes de alto perfil: de Barack Obama a Dalai Lama, passando por Arnold Schwarzenegger.