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Estado de Minas

Mobilização continua no Iraque após assassinato de figura da contestação


postado em 09/12/2019 13:07

O assassinato, no domingo à noite, de uma figura da contestação no Iraque não abalou a mobilização popular sem precedentes contra o governo e seu padrinho iraniano, já marcada pela morte de mais de 450 pessoas desde 1º de outubro.

No dia seguinte ao assassinato, centenas de pessoas participaram do cortejo fúnebre de Fahem al-Taï, um pai de família de 53 anos que comparecia a todos os protestos e que foi baleado em frente de casa na cidade sagrada xiita de Kerbala.

Desde o início do movimento que exige a saída de todo o poder atual, mais de 450 pessoas foram mortas e 20.000 feridas em Bagdá e no sul do país.

A violência - e o massacre de sexta-feira perto da Praça Tahrir, em Bagdá - apenas aumentaram a mobilização no coração da capital.

Os 20 manifestantes e quatro policiais mortos no sábado à noite por homens armados em um estacionament ocupado por manifestantes provocaram um choque nacional.

As chancelarias ocidentais pediram ao Estado iraquiano que não permita que grupos armados "operem além de seu controle" e "garanta que (...) Hashd al-Shaabi fique longe das manifestações", sem, no entanto, apontar um culpado.

O Hachd, uma coalizão paramilitar pró-Irã criada para combater o Estado Islâmico (EI) em 2014, agora faz parte do aparato de segurança do Estado e ocupa o centro das atenções em um país onde a influência do Irã só aumenta.

Após o massacre de sexta, o líder do Hashd, indicado pelo Estado, ordenou que seus homens não se aproximassem dos protestos, o que os manifestantes consideraram uma admissão de culpa.

Nesta segunda, Bagdá convocou os embaixadores da França, Grã-Bretanha, Alemanha e Canadá por "interferência inaceitável", dizendo que "o Estado está conduzindo investigações transparentes sobre a violência".

Até agora, essas investigações apontaram "atiradores não identificados" ou, em alguns casos, o uso "excessivo" da força de policiais acusados de agir por conta própria.

No domingo, o primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi defendeu a ação de Bagdá diante dos mesmos embaixadores, segundo uma fonte diplomática.

Antes, durante e após o ataque no estacionamento, dezenas de pessoas também foram sequestradas e algumas ainda estão desaparecidas, segundo seus parentes.

Desde o início do movimento, vários ativistas foram encontrados mortos em várias províncias e dezenas de outros foram sequestrados e depois libertados.

Na sexta-feira, Zeid al-Khafaji, um jovem fotógrafo conhecido na Praça Tahrir, foi sequestrado na frente de sua casa.

A terça-feira, que marcará o segundo aniversário da vitória sobre o grupo Estado Islâmico, foi declarada feriado e pedidos de manifestações foram lançados.

Paralelamente a esses episódios de violência, bases militares que abrigam soldados americanos e a embaixada dos Estados Unidos foram alvo de nove ataques com foguetes em seis semanas.

Esta manhã, quatro foguetes foram abatidos em uma base militar adjacente ao aeroporto de Bagdá, fazendo seis ferindo, incluindo dois graves, nas fileiras das unidades antiterroristas, a única força iraquiana treinada e armada pelos Estados Unidos.

Os disparos não foram reivindicados, mas Washington culpa os pró-iranianos.

Diante do agravamento da situação, as negociações políticas para substituir o primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi estão em um impasse.

Diante da rejeição dos manifestantes de toda a classe política, o grande aiatolá Ali Sistani, figura tutelar da política iraquiana, tomou distância de qualquer responsabilidade na formação do futuro governo, assim como Moqtada Sadr, que controla o primeiro bloco parlamentar.

O general iraniano Qassem Soleimani, enviado de Teerã para os assuntos iraquianos, está trabalhando com uma autoridade libanesa do Hezbollah para avançar nas negociações, enquanto o presidente Barham Saleh tem até 17 de dezembro para nomear um novo chefe de governo.


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