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Estado de Minas

Trump incendeia cúpula da Otan com duro ataque à França


postado em 03/12/2019 10:31

O presidente americano, Donald Trump, classificou de "insultuosas" as críticas de seu colega francês, Emmanuel Macron, à Otan, a poucas horas de uma cúpula pelo 70º aniversário da Aliança Atlântica sob tensão.

Trump voltou a reclamar do baixo investimento nos gastos militares dos aliados - uma crítica muito direta à Alemanha -, mas elogiou o "premiê" britânico, Boris Johnson, com quem se reunirá, em plena campanha eleitoral.

Acostumados às críticas e aos apelos do presidente americano para um maior gasto militar do grupo, as recentes declarações de Macron causaram mal-estar entre seus 28 aliados. Para o presidente francês, a Organização do Tratado do Atlântico Norte está em "morte cerebral".

"A Otan serve a um grande propósito", defendeu Donald Trump, para quem Macron foi "muito insultante" com uma declaração "muito, muito desagradável" para os aliados.

"Ninguém precisa mais da Otan do que a França", acrescentou.

Com suas declarações, o francês marcou os preparativos da cúpula que deve destacar os sucessos da Aliança nascida em 1949 dos escombros da Segunda Guerra Mundial, e parece que continuará como protagonista.

Depois de fazer seus comentários em um encontro com o secretário-geral da Aliança, Jens Stoltenberg, Trump se reúne com seu homólogo francês às 14h GMT (11h em Brasília), em plena tensão comercial entre ambos.

- Mais queixas sobre gasto militar -

O presidente dos Estados Unidos, primeira potência da Otan e cujo gasto militar nacional se situou em 3,30% do PIB em 2018, elogiou o trabalho de Stoltenberg para aumentar o gasto militar dos aliados.

"Quando cheguei [em 2017], estava irritado com a Otan e agora arrecadou 13 bilhões de dólares", disse Trump, em referência ao maior gasto do Canadá e dos aliados europeus.

Para Trump, porém, ainda há muitos "negligentes" (no inglês, o presidente americano usa a palavra "delinquent"). Segundo dados da Aliança, apenas nove de seus 29 membros devem alcançar, este ano, 2% do PIB em gasto militar, o que prometeram cumprir até 2024.

Como exemplo, o americano citou o caso da primeira economia europeia, a Alemanha, que deve chegar a 1,38% do PIB em 2019. Os países com menos gastos continuam sendo Luxemburgo (0,56%) e Espanha (0,92%).

Embora mais descontraído do que nas cúpulas de 2017 e de 2018 em Bruxelas, Trump mantém sua queda de braço em relação aos investimentos militares, como temiam alguns aliados de um líder em plena investigação para um processo de impeachment.

Para seu aliado mais próximo no continente, o premiê britânico, a situação é ainda mais delicada. Diante da impopularidade de Trump em seu país, qualquer declaração pode prejudicar Boris Johnson nas eleições legislativas de 12 de dezembro.

"Boris é muito capaz e fará um bom trabalho", afirmou Trump, que disse não querer interferir na campanha eleitoral e garantiu não conhecer o rival do Johnson, o trabalhista Jeremy Corbyn.

- "Morte cerebral" -

O ambiente da realização do 70º aniversário da Otan se anuncia como tensionado, à espera de outro possível encontro explosivo entre Macron e o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

Como exemplo da "morte cerebral" da Otan, Macron apontou a ofensiva de Ancara contra as milícias curdas no norte da Síria, fundamentais na luta contra o grupo extremista Estado Islâmico.

"Estas declarações convêm apenas às pessoas como você, que estão em estado de morte cerebral", rebateu Erdogan, também alvo de críticas pela compra de um sistema antimísseis russo.

Erdogan e Macron estarão frente a frente esta tarde, em um encontro que também terá a presença de Johnson e da chanceler alemã, Angela Merkel, antes da recepção da rainha Elizabeth II aos 29 aliados.

Os europeus esperam que a recepção no Palácio de Buckingham distraia Trump e permita uma cúpula tranquila na quarta-feira, comentou um chanceler aliado, para quem as tensões podem acabar com a reunião.

Amanhã, os líderes terão sobre a mesa as propostas de Paris e de Berlim para iniciar uma reflexão sobre o futuro da Otan e deverão confirmar sua aposta no espaço, entre outras decisões.


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