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Estado de Minas

Negociações para novo governo no Iraque sob pressão dos manifestantes


postado em 02/12/2019 21:01

Os políticos que negociam a formação de um novo governo no Iraque estão sob forte pressão de manifestantes, que continuam reivindicando que o sistema atual seja derrubado.

O poderoso general Qassem Soleimani, enviado iraniano para os assuntos iraquianos, retornou a Bagdá, segundo fontes oficiais, sinal de que Teerã está decidido a não perder sua influência.

Um deslocamento que os Estados Unidos, outro aliado do Iraque, mas inimigo do Irã, vê como manifestação do "nervosismo" do regime iraniano que "interfere na política iraquiana", de acordo com as palavras do secretário adjunto de Estado americano para o Oriente Médio, David Schenker.

Nesta segunda continuaram as reuniões entre os partidos políticos, iniciadas antes do Parlamento aceitar formalmente a renúncia do primeiro-ministro Adel Abdel Mahdi e de seu gabinete.

Com o Parlamento mais heterogêneo da história recente do Iraque, a formação de um novo executivo será um delicado exercício de equilíbrio, como aconteceu há 13 meses, quando Abdel Mahdi assumiu o comando do governo.

"Mas, desta vez, teremos que convencer mais partidos, começando com o Irã, um país cuja influência não para de crescer e que não cede facilmente", segundo Harith Hassan, especialista em Iraque.

O grande aiatolá Ali Sistani, uma figura guardiã da política iraquiana que precipitou a queda de Abdel Mahdi, e a comunidade internacional, que denuncia a repressão e a ausência de reformas diante das manifestações que deixaram 420 mortos, serão fundamentais nesse processo, segundo Hassan.

Washington denunciou o uso "escandaloso e abominável" da força durante o fim de semana de Nassiriya, no sul do país, onde morreram 40 manifestantes. "Pedimos ao governo do Iraque que investigue e culpe aqueles que tentam silenciar brutalmente os manifestantes", disse David Schenker, exigindo também o fim imediato do "assédio" e "intimidação" contra jornalistas.

E, finalmente, será necessário convencer a rua, intransigente até o momento.

- Exigências firmes -

As demandas da população não pararam de aumentar nas últimas semanas. Os manifestantes, que continuam ocupando as praças de Bagdá e várias cidades do sul, exigem a reconstrução do sistema político estabelecido pelos Estados Unidos após a derrubada de Saddam Hussein em 2003.

Eles querem uma renovação total da classe política, que desviou em atos de corrupção o equivalente ao dobro do PIB de um dos países mais ricos em recursos petrolíferos do mundo.

A oposição - liderada, por um lado, pelos xiitas Moqtda Sadr e, por outro, pelo ex-primeiro ministro Haider al-Abadi - se recusa a participar das negociações.

Como Hassan explicou, a oposição está ciente das altas expectativas da população e de que "é difícil agradar as ruas".

- Transição breve -

"O melhor cenário seria um governo de transição que estabeleça uma nova estrutura legislativa para as próximas eleições", disse o especialista iraquiano à AFP.

"Quem assume a liderança não precisará ser um veterano da política, mas alguém que possa realizar essa tarefa e, certamente, prometer que não se candidatará a essas eleições", acrescentou Harith Hassan.

Para "restaurar a confiança", o Parlamento já está trabalhando na elaboração de uma nova lei eleitoral, disse Mohammed al Halbusi, que iniciou discussões com grupos parlamentares e o representante da ONU no Iraque.

Por seu lado, os manifestantes continuam ocupando as ruas de Bagdá, Diwaniya, Al Hilla, Kut ou Najaf, onde o consulado iraniano foi incendiado na quarta-feira.

Na cidade, houve confrontos no domingo até tarde da noite, com vários homens à paisana disparando contra manifestantes que incendiaram parte de um mausoléu.

Em Nasiriyah, de onde Abdel Mahdi é originário, os manifestantes ainda estão acampados no centro da cidade, apesar da violência dos últimos dias, defendendo a "queda do regime".


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