Jornal Estado de Minas

Novos líderes iniciam mandato à frente da União Europeia

Os novos líderes das instituições europeias se reuniram neste domingo (1º), em Bruxelas, para a posse da alemã Ursula von der Leyen, como presidente da Comissão, e do belga Charles Michel, à frente do Conselho, com uma mensagem sobre o desafio climático.



"Nossa responsabilidade é deixar uma União mais forte do que a que herdamos", declarou Ursula, na presença do presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, da nova presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, e de Michel.

A nova Comissão apresentará em 11 de dezembro suas propostas contra as mudanças climáticas, durante uma sessão extraordinária do Parlamento, na véspera de um conselho europeu, anunciou Sassoli.

A alemã Ursula von der Leyen, que sucede ao luxemburguês Jean-Claude Juncker, fez do "New green deal" um dos eixos prioritários de seu mandato de cinco anos.

Nesta segunda, ela segue para Madri, onde participará da COP25.

"Trata-se de pôr o foco no que fazemos. Mas Madri será o ponto de partida do European Green Deal", explicou, durante um encontro com os representantes das agências de notícias em Bruxelas.

O objetivo é alcançar a neutralidade nas emissões de carbono para 2050 na UE, e um aumento das metas de redução dos gases causadores do efeito estufa, em pelo menos 50%, ou 55% até 2030, na comparação com os níveis de 1990. A meta atual é um corte de 40%.



Ursula von der Leyen disse estar convencida de que conseguirá atrair Polônia, Hungria e República Checa para esta causa.

"Reduzir nossas emissões de gases causadores do efeito estufa é parte do interesse comum", insistiu.

Aprovar esta meta para 2050 requer, porém, unanimidade.

"Quero que este Green Deal, que se transformará em nossa estratégia de crescimento, seja bem-sucedido", insistiu.

- 'Passar à ação'

Os quatro novos dirigentes reuniram-se para uma foto oficial e uma breve cerimônia na Casa da história europeia, para comemorar os 10 anos do Tratado de Lisboa, que mudou a estrutura institucional da União, principalmente com a criação de um presidente do Conselho Europeu.

"É um bom lugar para retomar as atividades europeias Que as quatro instituições estejam juntas aqui hoje simboliza esta nova temporada", destacou David Sassoli.

"É o momento de passar à ação" para "transformar as promessas em resultados" na luta contra a mudança climática, ou a alta do custo de vida, acrescentou.



A nova presidente do BCE, Christine Lagarde, mencionou os últimos dez anos "de reparações, de mudanças profundas" no continente europeu, citando como exemplo a crise das dívidas soberanas, ou o desafio da mudança climática.

"Minha esperança como presidente do BCE e em coordenação com meus três colegas e amigos é, evidentemente, passar desta era de reparações para uma era de renovação e esperança", completou.

"Os europeus esperam muito de nós", lembrou o ex-premiê belga Charles Michel.

- Sucessão de crises -

O luxemburguês Jean-Claude Juncker, que deixou a presidência da Comissão Europeia, é conhecido e temido por sua franqueza. Sempre citou em entrevistas sua decepção com a pressão de alguns chefes de Estado e governo para "expulsar" a Grécia da zona do euro, e com a falta de solidariedade ante o drama dos refugiados sírios e migrantes.

Juncker, 64, prometeu escrever suas memórias, que cobrirão 30 anos de história europeia. Ministro das Finanças de Luxemburgo de 1989 a 2009 e premier daquele país por 18 anos, ele era o último dos arquitetos do tratado de Maastricht (1992), ainda em vigor.



"Costumo dizer que eu e o euro somos os únicos sobreviventes do tratado de Maastricht. O euro fica como único", ironizou na sexta-feira, em sua última entrevista coletiva.

O mandato de Juncker foi marcado por uma sucessão de crises. O escândalo do "Luxleaks", sobre os sistemas de otimização fiscal, recebeu-o pouco antes de ele assumir suas funções em Bruxelas. Seguiram-se sete meses de tensão com a Grécia, depois ele teve que gerenciar o drama dos refugiados sírios e dos migrantes, em seguida, o Brexit, e, por fim, a disputa com o presidente americano, Donald Trump.

"Sua Comissão foi política quando ele jogou cuidadosamente com Trump para não envenenar a guerra comercial. Também o foi com Michel Barnier em sua gestão do Brexit, e para manter a coesão dos 27", lembra o diretor do instituto Jacques Delors, Sébastien Maillard.

"Em compensação, não foi suficientemente política na crise migratória. Sua proposta de distribuir automaticamente os solicitantes de asilo enfrentou a hostilidade dos países do leste, frente aos quais perdeu autoridade", estima Maillard.

Juncker cometeu erros e os reconheceu publicamente. Não dimensionou o alcance do mal-estar criado pelo Luxleaks, tampouco ousou enfrentar os partidários do Brexit no Reino Unido, e subestimou a oposição dos países do leste a suas propostas para distribuir os migrantes.

Outra crítica que recebe diz respeito a seu desinteresse pela gestão da rotina da Comissão, que deixou nas mãos de seu chefe de gabinete, o alemão Martin Selmayr. Também deixa para Ursula von der Leyen uma instituição traumatizada internamente pela enorme carga de trabalho que impôs aos serviços.