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Estado de Minas

Chefe do Executivo de Hong Kong ensaia mea culpa mas sem concessões


postado em 26/11/2019 09:31

A derrota dos candidatos pró-Pequim nas eleições locais em Hong Kong reflete o "descontentamento" da população, reconheceu a chefe do Executivo Carrie Lam, ma sem fazer concessões para resolver a crise política de mais de cinco meses na ex-colônia britânica.

Em Pequim, a imprensa ignorou a vitória da oposição pró-democracia e optou por depreciar as condições em que aconteceram as eleições.

A líder de Hong Kong, que cristaliza a revolta dos manifestantes, se comprometeu a "melhorar a governança" do Executivo.

As eleições de domingo mostraram a preocupação com "as deficiências do governo, especialmente o descontentamento com o tempo necessário para lidar com a atual instabilidade e, logicamente, para acabar com a violência", disse Lam em sua coletiva semanal.

Os candidatos pró-democracia conquistaram no domingo 388 dos 452 cadeiras do conselho de distrito nas eleições locais, um forte revés para Lam e para as autoridades chinesas.

Os manifestantes responsabilizam Lam pela crise política sem precedentes na ex-colônia britânica desde sua devolução a China em 1997.

A radicalização dos manifestantes e o aumento da violência de suas iniciativas não impediram uma punição das urnas a Lam, que acreditava que uma "maioria silenciosa" aprovava sua gestão.

Depois do anúncio dos resultados, os manifestantes exigiram que Lam atenda suas cinco demandas, incluindo a instauração do sufrágio universal e uma investigação sobre supostos atos violentos por parte da polícia.

Lam preferiu evitar as demandas, denunciou a violência dos manifestantes e reiterou a oferta de diálogo entre todas as partes. Uma proposta rejeitada pelos opositores, que a consideram insuficiente.

"O que precisamos agora é de um diálogo comunitário (aberto) e convidar líderes sociais que nos ajudem a analisar as causas dos distúrbios e dos problemas sociais profundamente enraizados em Hong Kong. E a encontrar soluções", disse Lam.

O apoio da população ao movimento pró-democracia aparentemente acalmou Lam e o governo chinês, que insistiam que apenas uma faixa violenta e radical da população participava nas manifestações.

Lam Cheuk-ting, deputado e líder do Partido Democrata, principal partido da oposição, afirmou que as declarações da chefe do Executivo mostram que "não há reflexão, resposta ou resolução" sobre a atual crise.

"A votação acordou o campo pró-establishment, mas Lam prefere dormir, como em estado de coma profundo", disse Lam Cheuk-ting.

A imprensa estatal chinesa, que questionou a legitimidade da votação, preferiu destacar a violência durante a campanha eleitoral.

"Os distúrbios perturbaram gravemente o processo eleitoral", afirmou o Diário do Povo, órgão do Partido Comunista, que não informou o resultado das eleições.

O jornal China Daily afirmou em um editorial que a eleição foi "falsificada por manobras de intimidação" e "golpes baixos".

Ao mesmo tempo, o governo da China convocou o embaixador americano, Terry Branstad, para transmitir um protesto depois que o Congresso dos Estados Unidos aprovou uma resolução de apoio ao movimento pró-democracia em Hong Kong.

A derrota reforçou a especulação sobre uma eventual renúncia de Lam, mas o governo central anunciou na segunda-feira que a apoia de modo resoluto. A chefe do Executivo afirmou que não recebeu um pedido para assumir o fracasso eleitoral.

Lam reiterou várias vezes o pedido de rendição aos manifestantes entrincheirados há mais de uma semana na Universidade Politécnica (PolyU) de Hong Kong.

Os protestos começaram em junho contra um projeto de lei que autorizaria a extradição para a China continental de cidadãos de Hong Kong. O texto foi abandonado em setembro, mas as reivindicações aumentaram.

A eleição dos 452 conselheiros distritais, que lidam com questões como manejo do lixo e rotas de ônibus, geralmente desperta pouco interesse. Mas no domingo, a votação tomou um significado totalmente diferente por causa do movimento de protesto.

A participação superou 71% dos 4,13 milhões de eleitores registrados, uma taxa recorde.

A eleição dos conselheiros distritais é governada pelo sistema de votação que, em Hong Kong, está mais próximo da representação direta.

A votação não é apenas simbólica, já que seis cadeiras do Conselho Legislativo (LegCo, o parlamento de Hong Kong), que será renovado no próximo ano, serão disputadas por candidatos dos conselhos distritais.

E estes conselhos também enviarão 117 de seus membros para o colégio eleitoral de 1.200 pessoas, controlado por Pequim, responsável pela nomeação do chefe do Executivo.


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