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Estado de Minas

Trump acreditou em 'ficção' russa criada para prejudicar EUA, diz especialista


postado em 21/11/2019 18:43

Uma especialista em Rússia, que trabalhou para a Casa Branca, declarou nesta quinta-feira (21) que a "ficção" aceita como verdade pelo presidente Donald Trump de que a Ucrânia interferiu nas eleições americanas em 2016 é na verdade uma invenção de Moscou criada para gerar o caos na política dos Estados Unidos.

Fiona Hill, ex-funcionária do Conselho de Segurança Nacional, disse ao Comitê de Inteligência da Câmara de Representantes, no quinto dia de audiências públicas na investigação sobre o julgamento político de Trump, que a teoria em que acreditam alguns republicanos e o presidente acerca de que a Ucrânia - e não a Rússia - interferiu nas eleições é parte de um esforço de Moscou para "fragilizar" os Estados Unidos.

"No curso dessa investigação, pediria-lhes que não promovessem por favor informações falsas com intenção política que de forma tão clara beneficiam interesses russos", pediu Hill.

"Essa é uma narrativa fictícia construída e propagada pelos próprios serviços de segurança russos", assegurou.

- Ucrânia e o servidor misterioso -

Várias testemunhas que depuseram durante a investigação com vistas ao julgamento político de Trump disseram que o presidente acreditava que a Ucrânia é o país que interferiu nas eleições presidenciais de 2016 e que estava obcecado sobre o tema.

A falsa narrativa inclui entre seus detalhes a menção a um servidor informático secreto que teria sido escondido pelos democratas e que é controlado pela empresa de cibersegurança ucraniana Crowdstrike.

Até agora não apareceram provas que sustentem a teoria de ingerência ucraniana, mas Trump e seu advogado pessoal, o ex-prefeito de Nova York Rudy Giuliani, pressionaram Kiev para que abrisse uma investigação sobre o assunto.

Na ligação de 25 de julho denunciada por um informante anônimo e que impulsionou a abertura do processo de impeachment, Trump pediu ao presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, que lhe fizesse um favor.

"Gostaria que averiguasse o que aconteceu com todo este assunto sobre a Ucrânia", disse Trump, e mencionou a empresa de cibersegurança por seu nome.

"Dizem que a Ucrânia tem o servidor", disse Trump a seu colega ucraniano.

Para os republicanos, esta versão da história justificava a exigência para que o país europeu abrisse uma investigação.

Mas nesta chamada, Trump também pediu a Zelenski que investigasse Joe Biden - possível adversário do presidente nas eleições de 2020 -, e seu filho Hunter, o que para os opositores constitui abuso de poder em busca de um ganho político.

"Não devemos deixar que a política interna nos impeça de nos defender das potências estrangeiras que realmente desejam nos fazer mal", disse Hill no Congresso. "O tempo de detê-los está terminando".

- Aproxima-se o fim de uma etapa -

As declarações da ex-funcionária da Casa Branca ocorrem um dia depois do testemunho de Gordon Sondland, embaixador dos Estados Unidos na União Europeia e aliado de Trump, que incriminar o presidente, mas também altos funcionários como o secretário de Estado, Mike Pompeo, e o vice-presidente, Mike Pence, na trama ucraniana.

Sondland disse aos congressistas que seguiu ordens de Trump ao buscar um acordo "quid pro quo" (de toma lá, dá cá) para que a Ucrânia investigasse os Biden em troca de uma reunião na Casa Branca entre Zelenski e Trump.

Segundo o diplomata, longe de ser uma operação "clandestina" fora dos canais regulares, tanto Pompeo quanto Pence estavam inteirados e que, embora não possa assegurá-lo, ele interpretou o congelamento de 391 milhões de dólares em ajuda militar como uma pressão ao país europeu.

O dia de hoje foi o último das audiências agendadas pelo Comitê de Inteligência da Câmara de Representantes.

Um funcionário do comitê se recusou a fazer comentários se chamaria novas testemunhas ou não, mas espera-se que esta etapa da investigação termine logo.

O procedimento indica que uma vez encerrada a investigação, este comitê deve enviar as provas ao Comitê Judicial para apresentar formalmente as acusações contra Trump.

Este outro comitê é autorizado a pedir novas audiências se considerar necessário, o que pode incluir o testemunho de Trump ou algum de seus representantes.

A investigação ameaça transformar Trump no terceiro presidente dos Estados Unidos a ser submetido a um julgamento político, depois de Andrew Johnson, em 1868, e Bill Clinton, em 1998. Para que o mandatário seja efetivamente destituído, teria que ser condenado na etapa final do processo por um Senado que tem a maioria republicana, um cenário pouco provável.


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