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Estado de Minas ITáLIA

Veneza em estado de emergência após inundações


postado em 15/11/2019 04:00

Usando botas de plástico, turistas circularam ontem pela Praça de São Marcos, ainda alagada. Previsão é de nova maré alta hoje, com chuvas de ventos fortes(foto: Filippo Monteforte/AFP )
Usando botas de plástico, turistas circularam ontem pela Praça de São Marcos, ainda alagada. Previsão é de nova maré alta hoje, com chuvas de ventos fortes (foto: Filippo Monteforte/AFP )

O governo italiano decretou ontem o estado de emergência em Veneza após as marés altas que causaram, há dois dias, danos incalculáveis ao patrimônio artístico e imobiliário de uma das joias arquitetônicas do Velho Continente. “O governo aprovou o estado de emergência de Veneza”, escreveu o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, em um tuíte no qual anunciou um fundo inicial de 20 milhões de euros para as intervenções urgentes. Com essa medida, é possível reativar os serviços públicos e privados até agora quase paralisados após a catástrofe.

 

Os danos chegam a “centenas de milhões de euros” e o decreto liberará fundos imediatos para indenizar a população. Veneza continua colapsada e se prepara para outros episódios de maré alta, o que levou o governo a decretar o estado de emergência. O centro de marés local prevê para hoje um pico importante, de 145 centímetros, por volta das 11h20 no horário local (7h20 em Brasília), com chuvas e ventos fortes.

 

Apesar de os 50 mil habitantes do centro histórico terem começado o dia de ontem com as sirenes de alarme que alertam sobre a “acqua alta”, o nível se manteve cerca de 113 centímetros sobre o normal, relativamente menos perigoso.

 

Os venezianos tentavam se recuperar depois da dramática maré alta da terça-feira à noite, quando chegou a 187 centímetros, segundo recorde histórico após o de 4 de novembro de 1966 (194 centímetros), que inundou 80% da cidade. Uma onda de solidariedade tomou conta da península, com doações e contribuições para ajudar os residentes e proprietários de atividades comerciais a recuperar parte de seus bens perdidos.

 

A situação ontem na Praça de São Marcos era menos tensa e alguns turistas até se divertiram passeando com botas altas de plástico, experiência para muitos inesquecível. A cidade, alvo de um controverso turismo de massas, recebe 36 milhões de pessoas por ano, 90% deles estrangeiros.

 

“Para um turista, é ótimo, mas para as pessoas que vivem aqui, é um problema real”, comentou Cornelia Litschauer, austríaca, de 28 anos, que passeava com seu chihuahua nos braços em frente à praça coberta por água.

 

Os venezianos passaram boa parte do dia retirando água e tentando salvar eletrodomésticos, móveis e outros objetos que foram danificados. “Estou vivendo com pouco, o que mais posso fazer?”, contou Stefano Gabbanoto, de 54, encarregado da histórica banca de jornal perto do famoso Palácio Ducal, fechado pela maré alta.

 

Futuro em jogo Veneza debate há anos sobre os sistemas mais adequados para se proteger das marés altas. Alguns chegaram inclusive a propor que seja transformada em um museu gigante, sem habitantes, para evitar seu desaparecimento. Vários hotéis tiveram reservas canceladas e temem pela temporada de inverno.

 

Ante a fragilidade de uma das joias da arquitetura bizantina, o governo convocou para o dia 26 uma reunião do comitê especial sobre Veneza para analisar a fundo seus problemas de infraestrutura. O plano é evitar a passagem de grandes cruzeiros pelos canais, assim como o controverso megaprojeto MOSE, idealizado há 30 anos e que ainda não entrou em funcionamento.

 

O complexo e custoso sistema de comportas que começaram a ser construídas em 2003 deveria estar concluído em 2016, mas não estará pronto antes de 2021. Enquanto o prefeito de Veneza, Luigi Brugnaro, pede que se “termine o quanto antes”, os ecologistas o consideram faraônico, custoso demais, obsoleto e inadequado. 


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