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Estado de Minas

Rei da Espanha se reúne com presidente cubano em visita história à ilha


postado em 12/11/2019 18:13

O rei da Espanha, Felipe VI, se reuniu nesta terça-feira (12) com o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, no início de uma visita inédita por ocasião dos 500 anos de Havana, um forte gesto político em direção à ilha, sob pressão diplomática dos Estados Unidos.

O casal real foi recebido pelo presidente cubano com honras militares no Palácio da Revolução, pouco depois de depositar flores no monumento ao herói cubano José Martí, na Praça da Revolução. Em seguida o rei Felipe e Díaz-Canel mantiveram conversas oficiais.

"Em cordial encontro reconhecemos as positivas relações bilaterais existentes, baseadas em históricos laços familiares e culturais que fortaleceremos", tuitou Díaz-Canel.

Esta é a primeira visita de Estado de um monarca espanhol à ilha, uma das últimas colônias latino-americanas a se separar de Madri, em 1898.

A visita dos reis, que chegaram a Havana na noite de segunda-feira, ocorre em um momento de festividades para a capital cubana, que anualmente atrai milhões de turistas seduzidos por suas ruas paradas no tempo e se prepara para celebrar o aniversário de sua fundação, em 16 de novembro de 1519.

Mas o contexto político não é para celebrar: a chegada em janeiro de 2017 de Donald Trump à Casa Branca pôs fim à histórico aproximação entre Cuba e Estados Unidos, propiciada por seu antecessor Barack Obama.

Acusado de oprimir seu povo e de apoiar militarmente a Venezuela em crise dirigida por Nicolás Maduro, o governo cubano sofreu uma série de sanções que afetaram principalmente a sua população, vítima da escassez de gasolina e com maiores dificuldades para obter um visto americano.

- "Mensagem clara" -

Nesse clima tempestuoso, Cuba busca o apoio de aliados tradicionais como Rússia e Venezuela, mas também da União Europeia (UE).

"Ante o assédio do governo Trump contra Cuba, a viagem dos reis à ilha pode ser interpretada como um apoio às relações econômicas, políticas, culturais e de cooperação entre a república de Cuba e o reino da Espanha", considerou Raynier Pellón, especialista do Centro de Pesquisas de Política Internacional em Havana.

Esta é "uma mensagem clara para a Casa Branca", disse o acadêmico cubano Arturo López-Levy, da universidade americana Holy Names.

Terceiro sócio comercial de Cuba depois da China e Venezuela - com intercâmbios comerciais de 1,39 bilhão de dólares em 2018 -, a Espanha não hesitou em criticar a política de Trump em relação à ilha.

A ativação do Título III da lei americana Helms-Burton, que ameaça processar as empresa estrangeiras presentes em Cuba, é "um abuso de poder ao qual nos opomos", denunciou em maio o ministro das Relações Exteriores, Josep Borrell, que acompanha o casal real.

Ante a preocupação das muitas empresas espanholas que operam na ilha, especialmente no turismo, o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, prometeu continuar "estimulando os investimentos em Cuba", quando também realizou uma visita histórica à ilha em 2018.

- Nem Maduro, nem dissidência -

O rei caminhará na quarta-feira pelas ruas de Havana Velha, declarada Patrimônio da Humanidade pela Unesco em 1982, como fez nesta terça a rainha Letizia, acompanhada pela primeira-dama de Cuba, Lis Cuesta. O casal real irá na quinta-feira a Santiago de Cuba (sudeste).

Felipe e Letizia deixarão a ilha antes da data oficial do 500° aniversário de Havana, que terá celebrações na sexta e no sábado, nas quais se espera a presença de vários líderes latino-americanos.

"É um motivo muito claro" disse à AFP o acadêmico Carlos Malamud, do Real Instituto Elcano, de Madri, e tem a ver "com o desejo do governo de evitar um contato incômodo com Daniel Ortega (Nicarágua) e Nicolás Maduro (Venezuela)", aliados políticos de Cuba e com os quais a Europa tem diferenças. A presença de ambos não está confirmada.

Felipe também não planeja se reunir com a dissidência, o que levou o senador americano Marco Rubio (republicano, pela Flórida) a escrever aos reis da Espanha pedindo que mantenham "um diálogo privado com membros da oposição cubana" para que conheçam "as violações de direitos humanos e a censura às que são submetidos diariamente".

Rubio, uma das vozes mais influentes em Washington sobre a política em relação a Cuba e Venezuela, também lhes pediu que intercedam pela libertação do opositor José Daniel Ferrer, detido desde 1 de outubro. Um pedido que já tinha sido feito pela Anistia Internacional.


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