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Estado de Minas

Doença rara ameaça os corais do Caribe


postado em 12/11/2019 16:49

A gama majestosa de vermelhos, amarelos e violetas dos recifes do Caribe mexicano está se tornando uma morte branca, desencadeando uma busca desesperada de cientistas para entender e combater a doença misteriosa que mata os corais do Sistema Mesoamericano de Recifes.

Em pouco mais de um ano, estes recifes perderam mais de 30% de sua cobertura de coral devido a esta doença batizada de "síndrome branca", que transforma esses coloridos organismos em inertes esqueletos de carbonato de cálcio.

Especialistas advertem que a praga poderia matar grande parte do recife, um magnífico arco de mais de 1.000 km de corais compartilhado por México, Belize, Guatemala e Honduras, o maior do mundo depois da Grande Barreira de Coral na Austrália.

Seu desaparecimento devastaria também a vital indústria turística à sua volta, embora provavelmente seja precisamente o turismo a raiz do problema.

A síndrome branca foi detectada pela primeira vez em julho de 2018 no Parque Nacional Recifes de Puerto Morelos, no norte do Caribe mexicano, quando cientistas descobriram que os corais estavam adoecendo e morrendo rapidamente.

Ao compartilhar sua descoberta com a comunidade internacional, confirmaram seus receios: era a mesma doença "letal" detectada na costa da Flórida desde 2014, explica Melina Soto, representante no México da organização Healthy Reefs for Healthy People.

Em 15 meses, a praga avançou em mais de 400 km do recife mesoamericano com direção sul, até chegar a Belize. Em semanas, este patógeno pode destruir o tecido vivo de colônias de corais que demoraram décadas para se formar, alerta Soto.

"Se seguirmos nesse ritmo podemos prever que esse ecossistema estará colapsando nos próximos cinco ou dez anos", afirmou.

- Provável extinção -

Segundo os cientistas, a síndrome branca é mais perigosa que o branqueamento do coral, outro mal que afeta vários recifes do planeta, como o australiano.

O branqueamento dos corais - que são colônias de pequenos animais - ocorre pela perda das microalgas conhecidas como zooxantelas que vivem dentro deles e lhes dão sua cor brilhante.

Provocado por qualquer estresse ambiental, como o aumento da temperatura, o branqueamento de corais pode ser superado se o ambiente for recuperado.

Mas a síndrome branca é letal. "É um desprendimento do tecido do coral que morre e ao se desprender deixa exposto o esqueleto, que é branco", disse Claudia Padilla, do Centro Regional de Pesquisa Pesqueira (Crip) em Puerto Morelos.

Para um olho não treinado, o impacto da síndrome ainda não é tão visível.

"Nunca havia visto corais e me pareceram maravilhosos, não teria pensado nunca que estão morrendo", disse à AFP Emanuel Fernández, um engenheiro químico argentino de 34 anos após uma excursão em Isla Mujeres, no Caribe mexicano.

Os especialistas, porém, notam os danos.

"Antes você ia, mergulhava e via as colônias nos recifes, agora vamos e todas essas colônias estão mortas", detalhou Padilla.

Segundo ela, 25 das 40 espécies de corais do recife mesoamericano foram afetadas por esta doença e três se encontram em iminente risco de extinção.

Inclusive já se trabalha em um projeto de resguardo genético de espécies de coral em perigo por esta praga, com vistas a poder restaurar o recife no futuro.

- Impacto pelo turismo -

Os pesquisadores correm contra o tempo para entender as causas da síndrome branca.

Uma origem provável é a má qualidade da água ocasionada por diferentes fatores, como o derramamento de águas residuais, a decomposição do sargaço - uma alga cuja presença aumentou muitos em anos recentes, em outra emergência ambiental para a região - ou inclusive o uso desmedido de bloqueadores solares, bronzeadores e repelentes com os que as pessoas entram na água, proibidos há alguns meses depois de que se confirmou que afetam a reprodução dos corais.

"Uma partícula dos bloqueadores, a oxibenzona, afeta e impede a reprodução dos corais", adverte Christopher González, diretor regional da Comissão Nacional de Áreas Naturais Protegidas.

Este mês, as autoridades fecharam temporariamente os recifes "Palancar", "Colombia" e "El Cielo", que recebem anualmente milhares de visitantes que chegam em cruzeiros à ilha de Cozumel.

Autoridades, a indústria turística e a população devem buscar agora um delicado equilíbrio: um nível de turismo que não mate o recife nem a economia.

Em 2019, os recifes do Caribe mexicano foram visitados por 725.000 turistas, cifra similar aos anos anteriores.

"Se perdemos o recife, perdemos nossa principal atividade econômica, que é o turismo", advertiu María del Carmen García, diretora do Parque Nacional Recifes de Puerto Morelos.


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