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Estado de Minas

Greve geral mede forças com Piñera na 4ª semana de protestos no Chile


postado em 12/11/2019 12:07

Com barricadas incendiárias em várias partes de Santiago, a greve geral convocada por 100 organizações sociais começou nesta terça-feira (12) para pressionar o governo de Sebastián Piñera a aprofundar as prometidas reformas sociais.

Os focos de incêndios impediram a passagem de veículos em alguns acessos a Santiago, onde o transporte público operava com relativa normalidade, tanto ônibus quanto metrô. Os voos no aeroporto de Santiago também operavam normalmente no início da manhã.

"O aeroporto está operando normalmente. As companhias aéreas que operam regularmente e os cancelamentos não excedem 3%, como acontece todos os dias por diferentes razões", disse a concessionária do aeroporto em um comunicado.

Na Rodovia do Sol - que liga Santiago ao porto de San Antonio e a outras cidades agrícolas na periferia da cidade -, grandes barricadas impediam a passagem de veículos em ambas as direções.

A mídia local também relatou outros incêndios em pelo menos dez pontos na cidade.

A convocação para uma greve geral ocorre quatro semanas após o início dos primeiros protestos sociais, com ataques a estações de metrô de Santiago, saques a lojas e a supermercados e enormes manifestações de rua.

"Convocamos a paralisar totalmente as tarefas produtivas e os empregos", afirma uma convocação da chamada "Mesa Social", que reúne mais de uma 100 organizações sociais, incluindo a Associação Nacional dos Empregados Fiscais (Anef), o Colégio de Professores, profissionais de saúde pública, funcionários portuários e aeroportuários.

A Confederação Nacional de Cobre, que reúne trabalhadores terceirizados da mineração, também aderiu à convocação.

A empresa estatal Codelco, a maior produtora de cobre do mundo, operou normalmente, embora alguns incidentes tenham ocorrido no caminho para suas instalações no norte do país, confirmou um porta-voz à AFP.

Com quase um terço da oferta global, equivalente a cerca de 5,6 milhões de toneladas produzidas por ano, o Chile é o principal produtor mundial de cobre.

As escolas públicas aderiram totalmente à convocação e uma grande parte das escolas particulares também, algumas por razões de segurança.

A maioria das universidades não tem atividades desde o início das manifestações.

Nos setores privados, a Central Unitária de Trabalhadores - a maior multissindical do país - tem pouco apoio, em um país com baixo nível de sindicalização.

- Mudança presidencial -

Esse cenário acontece um dia depois do anúncio feito pelo governo de Sebastián Piñera sobre o início de um processo para mudar a Constituição herdada da ditadura de Augusto Pinochet.

A Carta Magna atual é chamada de "mãe das desigualdades", tanto por especialistas quanto pelos manifestantes que permanecem nas ruas em meio a uma crise social que entra em sua quarta semana.

Entre as medidas já divulgadas pelo governo para tentar aliviar a tensão, está a ordem dada aos Carabineiros, a Polícia chilena, para fazer um "uso restrito" de armamento.

O anúncio do governo acontece em meio às denúncias e condenações internacionais do uso excessivo da força para reprimir os protestos, diante do dramático saldo de 182 pessoas com lesões oculares por tiros dados pela Polícia.

Depois de 24 dias de protestos, com episódios de saques e incêndios, diferentes pesquisas apontam que passa de 75% o apoio ao movimento conhecido nas redes sociais como "Chile Despertou".

Em um giro em sua postura, o governo de Piñera anunciou, no domingo à noite, sua vontade de começar um processo para uma nova Constituição por meio de um "Congresso Constituinte", com ampla participação cidadã e um plebiscito para ratificá-lo.

Em vigor desde 1980, a atual Constituição teve mais de 200 modificações em mais de 40 artigos, disse Piñera em entrevista sábado ao jornal "El Mercurio".

O texto não reconhece, porém, a responsabilidade do Estado de oferecer Educação e Saúde como um direito, duas das exigências dos milhões de chilenos que estão nas ruas desde 18 de outubro passado contra o governo.

Sem precedentes desde o retorno do país ao regime democrático, a crise deixou 20 mortos - cinco pelas forças do Estado -, mais de mil feridos, assim como denúncias de tortura e de abusos.


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