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Estado de Minas

Policiais se revoltam contra Evo Morales na Bolívia


postado em 09/11/2019 00:43

Unidas da polícia nas cidades bolivianas de Cochabamba (centro), Sucre (sudeste) e Santa Cruz (leste) se rebelaram nesta sexta-feira (8) contra o polêmica vitória eleitoral de Evo Morales, e não reprimirão mais os manifestantes da oposição que exigem a renúncia do presidente.

"A polícia de Chuquisaca está se unindo aos camaradas já rebelados em Cochabamba, também em Chuquisaca (cuja capital é Sucre) está se rebelando com o povo boliviano", disse a um canal de TV um policial com o rosto coberto na entrada do comando de Sucre.

"Não podemos seguir com este 'narcogoverno', com esta democracia injusta".

Os agentes do comando de Santa Cruz fecharam a unidade e vários policiais subiram no teto do prédio com bandeiras bolivianas, como os rebelados em Cochabamba.

Milhares de manifestantes foram às unidades policiais de La Paz, Potosí (sudoeste) e Trinidad (nordeste) para incentivar os policiais à revolta.

Na noite desta sexta-feira, o ministro da Defesa, Javier Zavaleta, informou que o governo não ordenará uma operação militar contra os policiais revoltados.

"Não vai haver qualquer operação militar neste momento, isto está totalmente descartado", declarou Zavaleta à imprensa sobre os amotinados.

Morales convocou uma reunião de emergência com vários ministros, entre eles Zavaleta e o comandante das Forças Armadas, general Williams Kaliman, segundo as TVs locais.

A revolta teve início em Cochabamba, quando um policial com o rosto coberto anunciou no Quartel-General da Unidade Tática de Operações: "Estamos amotinados".

Outro policial acrescentou: "Vamos estar com o povo, não com os generais".

Imagens de TV mostraram ao vivo cerca de vinte policiais no alto do edifício do quartel da polícia UTOP de Cochabamba, agitando uma bandeira boliviana, enquanto dezenas de jovens opositores se amontoavam nos arredores, saudando-os da rua.

Os manifestantes estouraram fogos em um ambiente festivo e içaram em um mastro uma bandeira boliviana (vermelho, amarelo e verde), entoando o hino nacional.

Na Avenida Prado, a principal de La Paz, dezenas de policiais se uniram a manifestantes opositores na noite desta sexta-feira para pedir a saída de Morales, observou a AFP.

Em diversos bairros de La Paz, os policiais voltaram para seus quartéis, enquanto a multidão grita: "policial, amigo, o povo está contigo".

Manifestantes se concentraram diante do Colégio Militar de La Paz para pedir aos alunos que se unam à cruzada pela renúncia de Morales.

Na zona de Obrajes, ao sul de La Paz, a população celebrava a revolta policial como se fosse uma vitória da seleção boliviana de futebol, observou um jornalista da AFP.

- Emoção -

Hoje o rosto mais visível e radical da oposição boliviana, o líder regional Luis Fernando Camacho agradeceu aos policiais e se disse emocionado.

"Chorei de emoção. Grande a nossa polícia", tuitou Camacho. "Obrigado por ficarem ao lado do povo. Deus os abençoe".

Nas últimas horas, circularam versões sobre queixas e reivindicações de militares contra o comandante da Polícia de Cochabamba, Raúl Grandy, de maus-tratos e ter se inclinado a favor de manifestantes governistas durante os confrontos de rua contra opositores.

No último conflito de quinta-feira, foram registrados durante os confrontos um morto e de 80 a 90 feridos. Segundo versões extraoficiais, os policiais receberam ordens de Grandy de reprimir os manifestantes da oposição e favorecer o grupo de seguidores do presidente Morales.

- Bloqueios de rua em La Paz -

Iniciados em Santa Cruz, os protestos foram se espalhando gradualmente pelo país e, pela primeira vez, nesta sexta-feira, uma multidão tomou as ruas de La Paz, sede dos Poderes Executivo e Legislativo.

Várias avenidas do sul foram bloqueadas. Ônibus, micro-ônibus e táxis se moviam por trechos curtos, e apenas o teleférico (público) circulou normalmente em suas dez linhas.

Em torno da Casa Grande do Povo, a torre onde fica a sede do Executivo de Morales no centro de La Paz, um grande dispositivo de segurança impediu a passagem de manifestantes. O prédio foi cercado pela multidão nas últimas três noites.

O prédio de 29 andares contíguo ao Palácio Quemado, a histórica casa de governo, também foi protegido por mineiros e por camponeses aliados ao presidente.

Várias organizações e coletivos sociais se uniram a Camacho, formando uma frente ampla contra Morales, algo que os partidos opositores não conseguiram fazer para as eleições de 20 de outubro passado. A oposição chegou às urnas com oito candidatos à Presidência.

Camacho, líder do poderoso Comitê Cívico Pró-Santa Cruz (direita), disse que, na próxima segunda-feira, levará pessoalmente uma carta de renúncia a Morales. Pretende ir acompanhado de outras lideranças políticas e sociais.

O ministro Zavaleta descartou que Morales vá recebê-lo.

O presidente indígena, de 60 anos, no poder desde 2006, ignora as reivindicações da oposição, que o acusa de "fraude" eleitoral.

A oposição exige sua saída, a anulação das eleições e uma nova disputa sem Morales como candidato. O presidente rebate, alegando que o pleito foi limpo, e exige que os resultados sejam respeitados.


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