A sombra do partido de extrema-direita Vox domina o fim da campanha na Espanha, que caminha para mais um governo sem maioria política. As sondagens para o pleito de amanhã apontam uma vitória do atual primeiro-ministro, o socialista Pedro Sánchez (PSOE). Mas, por outro lado, indicam avanço expressivo do Vox, que pode dobrar suas 24 cadeiras das 350 na Câmara, o que transformaria o partido na terceira força no Parlamento.
O cenário é utilizado por Sánchez para tentar mobilizar os eleitores de esquerda, como fez em abril, quando venceu as legislativas sem maioria absoluta. Pesquisas projetam mais uma vez o bloqueio político, já que nem esquerda nem direita formação 176 cadeiras. "O que temos de fazer, eleitores progressistas, é nos mobilizarmos em 10 de novembro e frear a extrema-direita com nosso voto", afirmou.
Sánchez criticou os rivais de direita, Partido Popular (PP) e Cidadãos, por sua proximidade com o Vox, graças ao qual já governam as regiões Madri e Andaluzia, além da prefeitura da capital. Esses três partidos mostraram articulação na quinta-feira, quando o Parlamento regional madrileno aprovou proposta do Vox, para pedir ao governo central que considere ilegal os partidos separatistas “que atentam contra a unidade da nação".
Tanto PP (66 deputados atualmente) como Vox esperam capitalizar a tensão na Catalunha, onde Barcelona e outras cidades registraram distúrbios inéditos após a condenação de nove líderes separatistas a penas de prisão.
O grande perdedor seria o Cidadãos, de centro-direita que parece ter alienado muitos de seus eleitores. As pesquisas apontam a possibilidade de queda de 57 para apenas 15 deputados. Diante da questão catalã, a economia ficou em segundo plano durante a campanha.
Como ocorre desde 2015, quando o tradicional bipartidarismo PP/PSOE foi implodido, as eleições agora serão marcadas por uma grande fragmentação. A disputa tem três partidos de direita, três de esquerda (PSOE, a extrema-esquerda do Podemos e uma divisão deste último, Mais País), três separatistas catalães e dois vascos, além de outras formações regionais.
A falta de acordo prolongou o cenário de bloqueio político, que está virando crônico e dificulta o trabalho parlamentar. Como prova da situação, o orçamento em vigor é o de 2018, elaborado pelo governo anterior, do PP. Sem responder como pensam e solucionar o bloqueio, PP e PSOE insistem em defender o voto útil.
Os olhares também estão voltados para a Catalunha, onde a plataforma independentista Tsunami Democrático convocou protestos para hoje. Em outubro houve distúrbios pesados na região.
Mais protestos no Chile
Após três semanas de manifestações pacíficas intercaladas por confrontos violentos, milhares de chilenos voltaram às ruas em Santiago, em novo protesto contra o governo do conservador Sebastián Piñera. O balanço das três semanas de atos diários é de 20 mortos e mais de mil feridos. Os distúrbios afetaram pequenos e médios empresários de uma das economias mais estáveis da América Latina. Há grupos que exigem a renúncia do presidente. Pressionado, ele prometeu rever parte da política de arrocho contra os setores mais desprotegidos da população.