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Estado de Minas

O contraste entre o leste e o oeste da Alemanha 30 anos depois do muro


postado em 08/11/2019 10:49

Trinta anos depois da queda do Muro de Berlim, o contraste entre o leste e o oeste da Alemanha vai se apagando pouco a pouco.

- Economia: o leste ainda distante

"A situação no leste é muito melhor do que sua reputação", declarou satisfeito no final de setembro o governo de Angela Merkel, quando apresentou um relatório anual sobre a unidade alemã.

Mesmo assim, o PIB per capita das cinco regiões da antiga RDA só representava 74,7% do oeste da Alemanha em 2018. Desde 2010, essa diferença diminuiu 3,1 pontos, graças a pequenas e médias empresas e ao dinamismo de Berlim, Leipzig e Dresde. A ex-RDA começou longe em 1990, com um setor industrial falido, herdeiro do coletivismo comunista.

A melhora não compensa a ausência de grandes empresas como Volkswagen, Siemens e Bayer, cujas sedes estão no lado oeste, onde empregam milhares de pessoas.

Nenhuma empresa do Dax, índice dos principais valores da Bolsa de Frankfurt, tem sede no leste.

Os "Länder" (estado federado) da antiga RDA continuam trabalhando a reboque do oeste em termos de salário médio: em 2018, um funcionário do oeste ganhava em média 3.339 euros brutos por mês, enquanto no leste eram 2.600 euros, segundo a agência federal para o emprego.

No leste a produtividade também é menor, cerca de 82% da registrada no oeste.

- Emprego: uma brecha que vai se preenchendo pouco a pouco

Acostumados ao pleno emprego estatal da ex-RDA, os alemães do leste viveram nos anos 1990 e 2000 o "choque" do desemprego, com taxas que superavam 30% em algumas cidades.

Mas após ter alcançado o topo em 2005, o desemprego caiu desde então, em parte graças à diminuição demográfica e ao aumento do emprego de meio período (30,5% no leste contra 27,6% no oeste).

Em agosto de 2019, o nível de desemprego era de 4,8% no oeste e 6,4% no leste. As cidades com taxa de desemprego mais alta estão na antiga RDA: Gelsenkirchen (13,8% em abril), Bremerhaven e Duisburg (12%).

A ex-RDA se caracteriza, além disso, por uma taxa de emprego feminino um pouco maior que no oeste (73,9% contra 71,6%).

- Diminuição demográfica preocupante

Em uma Alemanha globalmente envelhecida, em que a idade média passou de 40 anos em 1990 a 45 em 2018, a situação demográfica da antiga RDA continua sendo problemática.

Desde 1991, a população do leste passou de 14,6 para 12,6 milhões de habitantes, enquanto no oeste (incluindo Berlim), subiu de 65,3 para 69,6 milhões.

O dinamismo de cidades como Dresde, Jena e Leipzig não consegue superar o êxodo e o envelhecimento que castigam esssa regiões. Os centros das cidades mostram a tristeza de lojas e edifícios à venda.

Em algumas localidades, como Suhl (Turíngia) e Frankfurt an der Oder (Brandemburgo), a população caiu mais de 30% em três décadas, o que teve repercussões no serviço público e na infraestrutura.

A emigração em massa para o oeste ou para o exterior de jovens adultos no início dos anos 1990 fez com que caísse a taxa de natalidade no leste, o que terá consequências durante várias décadas, segundo os especialistas.

A acolhida de milhares de refugiados na Alemanha desde 2015 não bastou para inverter essa tendência, principalemente considerando que a maioria deles escolheu ficar no oeste.

- Reduto da extrema direita no leste

Criado em 2013, o partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD) conseguiu seus melhores resultados no leste, onde já tinha entre 20 e 30% dos votos, enquanto no oste consegue, e média, cerca de 10%.

Em junho, uma frente comum de todos os partidos fez falta para impedir que o AfD conquistasse em Görltiz sua primeira cidade importante.

O leste, onde os partidos tradicionais e a antigua esquerda comunista estão em queda, também é um celeiro para o movimento islamofóbico Pegida, que reuniu nos últimos anos milhares de manifestantes em Dresde.

Essa situação está relacionada, segundo os cientistas políticos, com o fato de muitos alemães do leste continuarem nutrindo o sentimento de serem "cidadãos de segunda classe".

Assim, 74% considera, segundo uma pesquisa recente, que continuam existindo "diferenças muito grandes" entre as duas partes do país.


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