Jornal Estado de Minas

Presidente francês diz que Otan se encontra em estado de 'morte cerebral'

O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou nesta quinta-feira (7) que a Otan se encontra em "estado de morte cerebral" devido à falta de coordenação entre a Europa e os Estados Unidos e a ações agressivas na Síria pela Turquia, um dos principais membros da Aliança Atlântica.

Em resposta, a chanceler alemã, Angela Merkel, rejeitou a declaração de Macron, que ela considerou "radical".

"Não acho que opiniões tão radicais sejam necessárias, mesmo que tenhamos problemas e precisemos reunir forças", afirmou Merkel em entrevista coletiva conjunta com o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg.

A Rússia, por sua vez, elogiou nesta quinta as palavras "sinceras" do presidente francês. "São palavras de ouro. Sinceras e refletindo o essencial. Uma definição precisa do estado atual da Otan", escreveu a porta-voz da diplomacia russa Maria Zajarova em sua página no Facebook.

Macron denunciou, em entrevista que será publicada nesta sexta pela revista semanal The Economist, "a morte cerebral da Otan". Lamenta, sobretudo, a falta de coordenação entre os Estados Unidos e a Europa, bem como o comportamento unilateral da Turquia, membro da Aliança Atlântica, na Síria.

É necessário "esclarecer agora quais são os objetivos estratégicos da Otan", diz Macron, novamente defendendo o "fortalecimento" da defesa da Europa, a apenas um mês da cúpula da Otan, programada para acontecer Londres no início de dezembro.

O chefe de Estado francês questiona, particularmente, sobre o futuro do artigo 5 do Tratado Atlântico, que estabelece solidariedade militar entre os membros da Aliança se um deles for atacado.

"Não há coordenação na tomada de decisões estratégicas entre os Estados Unidos e seus aliados da Otan. Nenhuma. Existe uma ação agressiva descoordenada de outro aliado da Otan, a Turquia, em uma área em que nossos interesses estão em jogo", disse Macron.

Devemos "esclarecer quais são os objetivos estratégicos da Otan", acrescentou o chefe de Estado francês.

Macron também falou nesta entrevista sobre suas dúvidas sobre o futuro do Artigo 5 da Otan, que prevê que um ataque contra um Estado-membro da organização é considerado um ataque contra todos.

"O que o artigo 5 significará amanhã?", pergunta.

"Se o regime de Bashar al-Assad decidir retaliar a Turquia, vamos nos comprometer com eles? É uma pergunta crucial", diz Macron.

Jens Stoltenberg, contudo, disse que a Otan continua "forte" e enfatizou que os Estados Unidos e a Europa atualmente "trabalham juntos, mais do que há décadas".

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