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Estado de Minas

Espanhóis vão às urnas em meio à crise política favorável à extrema direita


postado em 07/11/2019 10:01

Paralisada politicamente, a Espanha volta às urnas, neste domingo (10), pela quarta vez em quatro anos, com uma crise aberta na Catalunha e que pode favorecer o partido de extrema direita Vox.

Vencedor das legislativas de abril, mas incapaz de chegar a um acordo com a esquerda radical do Podemos para continuar no poder, o presidente do governo e líder do Partido Socialista, Pedro Sánchez, reaparece como favorito nas pesquisas.

Ao contrário do que se esperava, porém, pode sair destas eleições legislativas com menos deputados do que em abril, quando obteve 123 dos 350 da Câmara Baixa.

- Vox na expectativa -

As sondagens não preveem maioria absoluta para o PSOE de Sánchez - nem sozinho, nem em aliança com o Podemos e com uma recente dissidência deste último, o Más País.

Tampouco antecipam uma maioria absoluta de 176 deputados para a direita, ainda que, dentro deste campo, dividido em três partidos, seja esperado um forte avanço do Partido Popular (PP) e da extrema direita do Vox, em detrimento dos liberais do Cidadãos.

Depois de sair das legislativas de abril com 24 deputados, o Vox pode agora se transformar na terceira força política do país e conseguir até cerca de 50 cadeiras. Diante disso, Pedro Sánchez advertiu contra um recuo "à Espanha em preto e branco de há 40 anos, que não pode voltar nunca mais".

"A Catalunha foi o tema central [da campanha], e isso parece ser o que beneficia o Vox, porque tem uma linha muito dura que atrai o eleitor da direita mais dura", comenta Antonio Barroso, da empresa de análise Teneo.

A sigla ultranacionalista, que defende a proibição dos partidos separatistas e também tem um discurso muito duro contra a imigração ilegal, está tirando o máximo proveito da comoção causada pelos distúrbios na Catalunha.

Os protestos aconteceram depois da condenação de nove líderes separatistas a elevadas penas de prisão, de nove a 13 anos, por seu papel na fracassada tentativa de secessão de 2017.

Nesse contexto, o PP e o Cidadãos não pararam de atacar Sánchez, exigindo dele que suspenda a autonomia da região e destitua seu presidente, o separatista Quim Torra. Sánchez não adotou medidas extraordinárias, mas endureceu seu discurso com o separatismo.

Ao mesmo tempo, enviou reforços policiais para a região, para garantir a segurança das eleições e evitar a ocupação de seções eleitorais no sábado.

Manifestações estão proibidas neste dia. A plataforma Tsunami Democrático convocou os separatistas de toda Catalunha, porém, a se mobilizarem em uma jornada de "desobediência civil".

- Mais instabilidade? -

Não parece que as eleições legislativas vão pôr fim à instabilidade que afeta a quarta economia da Eurozona, desde que o tradicional bipartidarismo PP-PSOE implodiu em 2015 com o surgimento do Podemos e do Cidadãos.

Uma nova tentativa de aliança entre o PSOE e o Podemos se antecipa como difícil, dada a desconfiança acumulada entre ambos desde que fracassaram suas negociações para formar um governo de coalizão. Teria sido a primeira vez na história da Espanha democrática.

O último recurso será que o PP e outros partidos permitam a Sánchez governar com minoria, abstendo-se em uma futura sessão de posse.

É "a única (solução) possível" e será "exatamente o abismo de umas noves eleições que, no último minuto, forçará (os partidos a) uma negociação sobre a abstenção", considera José Ignacio Torreblanca, do "think tank" European Council on Foreign Relations.

Com um governo em minoria, adverte Antonio Barroso, "a legislatura [de quatro anos] não chegará ao fim", e a instabilidade impedirá qualquer reforma "para nos prepararmos para a próxima recessão", em um momento de claro desaquecimento da economia espanhola e de dados ruins do emprego.


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