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Estado de Minas

Protestos no Chile chegam aos bairros ricos de Santiago


postado em 06/11/2019 18:25

Os protestos sociais chegaram nesta quarta-feira (5) ao centro comercial Costanera Center, a porta de entrada para o distrito financeiro e áreas mais abastadas de Santiago, até então à margem das manifestações que abalam o Chile.

Do lado do governo, o presidente Sebastián Piñera garantiu que não há "nada a esconder" diante das queixas de excessos na repressão policial que se multiplicaram nessas semanas.

Após duas semanas e meia do início dos protestos, centenas de pessoas - na maioria jovens - chegaram ao centro comercial, o maior da América do Sul, para protestar contra as reformas sociais e contra o governo.

A polícia isolou o local e a administração do local decidiu fechar as portas por volta do meio-dia, após liberar a saída dos funcionário. As lojas comerciais próximas protegiam suas vitrines com tapumes de madeira e ferro, enquanto uma atmosfera de tensão era vivida no bairro da Providência, um setor comercial de classe média, a poucos quarteirões do Costanera Center.

Os funcionários de cafés, restaurantes e bancos estavam ansiosos para deixar a área antes do início dos tumultos.

"Chegou a hora de ir ao leste", área rica da capital, segundo uma convocação anônima divulgada redes sociais, indicando que era hora de "os empresários sentirem o descontentamento do povo" e a "união das classes".

O batalhão de choque usou jatos d'água e gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes que se concentraram em vários pontos ao redor do centro comercial, um símbolo do progresso econômico de Santiago. Em alguns setores, também foram erguidas barricadas.

"As pessoas estão bastante tristes e com medo em relação à volta à normalidade no país", disse à AFP Andrea Ortega, advogada de 43 anos que deixou seu escritório para buscar os filhos mais cedo do que o habitual na escola por medo de tumultos.

Para Arturo Donoso, de 40 anos, "é triste ver o país assim. A cidade está apagada e acho que todos entendemos que há uma demanda justa. Não é porque moramos aqui que não sabemos disso".

Os protestos sociais, que começaram em 18 de outubro, tiveram como cenário principal o centro de Santiago, com manifestações - algumas violentas - quase diárias em frente ao palácio presidencial e ao redor da Plaza Italia.

Para esta quarta-feira (6), também foram convocados protestos diante da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) das Nações Unidas, cuja sede no bairro de Vitacura representa um dos maiores ícones arquitetônicos da cidade e que fica próximo às sedes regionais da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Por precaução, a Cepal liberou mais cedo seus funcionários.

- Nada a esconder -

Juntamente com os protestos, há crescentes relatos de violações de direitos humanos por parte da polícia.

Na terça-feira, dois alunos do ensino médio foram feridos com balas de borracha por policiais que entraram no prédio da escola onde estudam. Um dos agentes de segurança foi detido para averiguação.

O Ministério Público informou que 14 policiais serão acusados de "tortura" contra duas pessoas, uma delas menor de idade, durante o estado de emergência decretado por Piñera e em vigor nos primeiros nove dias de protestos.

Diante esta onda de denúncias, Piñera afirmou nesta quarta-feira: "Estabelecemos total transparência nos dados (sobre a violência policial), porque não temos nada a esconder".

O presidente disse que, com a mesma contundência, serão punidos os manifestantes que causaram distúrbios violentos, saquearam e danificaram mais de 70 estações de metrô no meio dos protestos, e que isso será feito com "qualquer excesso que tenha sido cometido" no uso da força.

O Instituto Nacional de Direitos Humanos (NHRI) entrou com 181 ações legais por homicídio, tortura e violência sexual supostamente cometidas por policiais e militares. Enquanto isso, a Faculdade de Medicina informou que foram registradas mais de cem lesões oculares em manifestantes pelo uso de balas de borracha contra os manifestantes.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) anunciou que fará uma visita ao país, juntando-se à missão do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, que já está no Chile. Nesta quarta, várias organizações internacionais, incluindo a Organização Mundial contra a Tortura, chegaram ao país para investigar as denúncias de excessos na repressão aos protestos.

- Aumento do salário mínimo -

Ao lado de vários ministros na sede presidencial de La Moneda, Piñera assinou um projeto de lei que eleva - subsidiado pelo Estado - o salário mínimo para 467 dólares, conforme a agenda de medidas sociais para aplacar a revolta popular.

Pressionado pelos protestos, o presidente descartou na terça-feira a possibilidade de renunciar ao cargo, durante entrevista à BBC de Londres. "É claro que chegarei ao fim do meu governo. Fui democraticamente eleito pela grande maioria dos chilenos", disse Piñera.


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