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Estado de Minas

Um ano para eleições nos EUA: mais de Trump ou adeus Trump?


postado em 03/11/2019 07:49

Dizem que as eleições são uma corrida de obstáculos, mas quando o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, buscar seu segundo mandato daqui a 12 meses, parecerá mais um massacre de proporções épicas.

Em 3 de novembro de 2020, um dos presidentes mais polêmicos da história dos Estados Unidos, lutando contra um eventual impeachment em um Congresso paralisado pelo partidarismo, disputará a corrida eleitoral em meio a um eleitorado profundamente polarizado.

Os democratas ainda estão longe de escolher o oponente de Trump. Os candidatos, de diversidade e quantidade recorde, incluem dois afro-americanos, meia dúzia de mulheres, um homem abertamente gay e dois candidatos que tentam fazer os Estados Unidos penderem para a esquerda.

Um elemento os une, porém: o desejo de derrotar o magnata imobiliário Trump, para que ele se torne o quarto presidente com apenas um mandato desde a Segunda Guerra Mundial.

Um dos favoritos para disputar a reeleição, o ex-vice-presidente Joe Biden diz que o que está em andamento é uma "batalha pela alma dos Estados Unidos". Ao que Trump responde: "os democratas querem destruir nosso país".

E, com o aviso dos serviços de Inteligência americanos de que a Rússia busca repetir sua campanha de interferência de 2016, a possibilidade de a disputa terminar em uma crise real não pode ser descartada.

"Realmente é preciso se esforçar para encontrar uma eleição tão imprevisível quanto essa", comenta Allan Lichtman, professor de História na American University, em Washington.

- Batalha das bases -

O destino de Trump tem importância para o mundo todo.

Disputas comerciais com a China e com a União Europeia, o futuro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o envolvimento dos Estados Unidos no Oriente Médio e no Afeganistão, o programa nuclear do Irã, o confronto nuclear com a Coreia do Norte, o acordo climático de Paris: uma longa lista de importantes questões globais dependem da participação dos EUA e da validação de sua agenda "America First".

No contexto atual, é difícil antecipar o resultado.

Pesquisas mostram que Trump está perdendo para todos os candidatos democratas com chance de indicação. Há algum tempo, a taxa de aprovação do presidente se encontra estagnada em torno dos 40%.

Lembra-se, porém, que este presidente impopular surpreendeu muitos especialistas quando derrotou Hillary Clinton em 2016.

E as pesquisas realizadas em outubro pela Moody's Analytics mostram que ele pode repetir o feito, mais uma vez perdendo no voto popular, mas ganhando facilmente o importante voto do colégio eleitoral, com foco em redutos estrategicamente posicionados.

O diretor de Pesquisa da Marquette Law School, Charles Franklin, diz que a profundidade das divisões entre republicanos e democratas em todo país mostra pouco terreno intermediário para avançar.

"O apoio ao presidente é intenso entre seus partidários e a oposição é, de qualquer forma, mais intensa", afirmou.

"O grupo que deve ser observado é a pequena porção de eleitores que afirmam que 'de alguma maneira aprovam' o presidente. Se esse grupo mudar para 'de alguma forma desaprovam', pode ser um sinal de alerta para a campanha de Trump", acrescenta.

- Julgamento político -

Um julgamento político do presidente pode lançar todas essas considerações pela janela. Trump é acusado pelos democratas de negociar ajuda militar com a Ucrânia para forçá-la a iniciar uma investigação contra Biden. Em outras palavras, é acusado de usar a política externa para benefício político pessoal.

Trump diz que tudo é uma invenção, mas os congressistas que investigam se há mérito para acusá-lo ouviram um fluxo constante de evidências prejudiciais ao presidente.

É quase inevitável que a Câmara de Representantes controlada pelos democratas vote para iniciar o processo de impeachment do presidente.

Neste caso, Trump enfrentaria o julgamento em um Senado dominado pelos republicanos, o que faz a destituição parecer altamente improvável.

Mesmo que não sofra um impeachment, uma votação na Câmara dos Representantes visando ao processo marcaria de forma indelével seu legado.

Apenas dois presidentes passaram por isso antes e, no mínimo, o escândalo deixaria um gosto amargo em todo país.

- Cisnes negros -

Além de um possível julgamento político, o número de variáveis faltando um ano para o dia das eleições é vertiginoso.

Os democratas nomearão uma candidata de esquerda como Elizabeth Warren, que quer reconstruir a economia dos Estados Unidos? Ou escolherão a opção menos dinâmica, mas talvez mais segura, que Biden representa?

Pete Buttigieg, prefeito gay de uma pequena cidade de Indiana, era tão desconhecido até recentemente que poucos conseguiam pronunciar seu sobrenome.

Hoje, sua intenção de voto aumentou, e ele é visto como uma surpresa em potencial.

Mas Trump ainda é um político que quebra convenções e pode mudar de rumo com apenas um tuíte.

O que aconteceu no domingo passado resumiu perfeitamente a montanha-russa em que vive. Ele começou o dia com a vitória que envolvia uma operação das forças americanas para matar o líder do grupo Estado Islâmico na Síria e acabou sendo vaiando em um jogo de beisebol.

Também não se pode descartar os chamados "cisnes negros": coisas tão loucas que são difíceis de prever, mas que podem transformar todo um contexto.

Por exemplo, uma onda renovada de interferência eleitoral russa pode acontecer ou atos de hackers podem ocorrer nos centros de votação.

Em alguns setores, teme-se que Trump possa até se recusar a aceitar a derrota.

Parece exagerado, mas o presidente passou grande parte de seu primeiro mandato alegando que lutava contra um golpe misterioso das profundezas do governo.

Trump certamente estaria em seu elemento natural no caso de repetição da dramática eleição de 2000, quando o candidato republicano George W. Bush derrotou o democrata Al Gore, graças a uma decisão da Suprema Corte.

Para Lichtman, tudo isso torna a corrida de 2020 a mais tensa em meio século.

Em 1968, Richard Nixon superou os assassinatos de Martin Luther King Jr e Robert F. Kennedy, os violentos protestos políticos e a agitação racial.

As instituições americanas sobreviveram a essa turbulência.

Também sobreviveram à renúncia subsequente de Nixon, assim como haviam sobrevivido à Guerra Civil, à Grande Depressão e à luta pelos direitos civis.

Mas agora o país se recuperará novamente?

Lichtman não hesita: "Essa é uma pergunta em aberto, não é?".


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