Os Estados Unidos alertaram nesta quinta-feira (31) sobre indícios de "atividades russas" que deram orientação negativa ao debate na opinião pública no Chile buscando "exacerbar a divisão" durante a onda de protestos contra o governo que deixou 20 mortos.
"Temos indícios de atividades russas para dar um curso negativo ao debate no Chile", disse à imprensa um funcionário do Departamento de Estado que pediu para não ser identificado.
O diplomata indicou que há sinais claros de pessoas que estão "aproveitando o debate" para "exacerbar a divisão e fomentar o conflito", principalmente mediante o uso das redes sociais.
Em relação às denúncias de violações dos direitos humanos durante a repressão aos protestos no Chile feitas por várias organizações, o funcionário declarou que não tem "suficientes detalhes".
O diplomata advertiu que a Rússia tem incrementado sua influência na América Latina. "Parece que preferem uma região dividida e que o debate democrático esteja marcado pelo conflito, o que é lamentável".
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, Luis Almagro, denunciou na semana passada um "padrão" de desestabilização procedente de Venezuela e Cuba - orientado primeiro à Colômbia e Equador, e depois ao Chile.
Os protestos no Chile, que começaram há quase duas semanas contra a alta do preço da passagem de metrô, derivaram em um movimento amplo de indignação contra o governo e várias instituições.
No contexto dos protestos, o governo - que em poucos dias revogou o aumento - decretou o estado de emergência e durante vários dias impôs um toque de recolher.
A crise obrigou o presidente chileno, Sebastián Piñera, a anunciar na quarta-feira o cancelamento do encontro de líderes da Apec e da cúpula do clima das Nações Unidas COP25, que seriam realizadas em poucas semanas em Santiago.
A Casa Branca informou nesta quinta-feira que Trump telefonou ao presidente chileno para expressar seu apoio e denunciou "esforços estrangeiros para minar as instituições" no país.