O Reserva Federal (Fed), Banco Central dos Estados Unidos, voltou a cortar suas taxas de juros pela terceira vez consecutiva, mas a instituição não descarta uma pausa em seus esforços para apoiar a economia do país.
O Comitê Monetário do Fed reduziu sua taxa básica em 0,25%, fixando-a entre 1,50% e 1,75%.
Esta é a terceira redução consecutiva em três meses depois que o Fed subiu os juros nove vezes desde o final de 2015.
A política monetária está no "nível correto", avaliou o presidente do Fed, Jerome Powell, em uma coletiva de imprensa.
"Estimamos que a orientação atual da política monetária continuará sendo a adequada enquanto as últimas notícias sobre a economia se mantenham globalmente alinhadas com nossas perspectivas de crescimento econômico moderado (...) e a inflação perto de nossa meta de 2%", declarou.
Ele acrescentou que deverá haver "uma mudança significativa" nas previsões do Fed para voltar a ajustar as taxas.
Como aconteceu em setembro, o Comitê Monetário destacou a desaceleração do crescimento mundial e a estagnação da inflação para justificar este novo estímulo monetário.
Entretanto, a instituição deixou de prometer formalmente "atuar para apoiar o crescimento", o que pode significar uma pausa na evolução das taxas futuras.
Os mercados poderão interpretar essa falta de promessa como um anúncio de que o "ajuste de metade de ciclo", como foi definido pelo presidente do Fed, Jerome Powell, esteja chegando ao fim.
O crescimento dos Estados Unidos está começando a desacelerar ao entrar no seu décimo primeiro ano de expansão, o período de crescimento mais longo na história moderna do país.
A primeira estimativa oficial do PIB dos Estados Unidos para o terceiro trimestre, publicada na quarta-feira, mostrou um crescimento anual de 1,9%, confirmando a desaceleração que começou no segundo trimestre (2%).
O Fed indicou que embora o gasto das famílias continua sendo "forte", o investimento empresarial e as exportações "são fracas".
- Queda nos investimentos -
O crescimento da economia americana foi melhor do que o previsto pelos analistas, que esperavam uma expansão de somente 1,5%.
O forte gasto do consumidor (+2,9%) e recuperação do mercado imobiliário (+5,1%) ajudaram o crescimento a compensar a queda no investimento empresarial.
O emprego continua sendo dinâmico. Segundo a pesquisa da ADP publicada na quarta-feira, houve 125.000 criações de emprego somente no setor privado em outubro, um dado que superou as expectativas.
Insatisfeito com um dólar forte que está dificultando as exportações americanas em meio a uma guerra comercial com a China, Trump quer que o Fed fixe sua taxa básica em zero.
Embora o Federal Reserve tenha estimulado a expansão ao reduzir os juros três vezes consecutivas desde julho, o Banco Central não está disposto a reduzir o custo do crédito a zero enquanto o crescimento dos Estados Unidos continua sendo sustentável.
O Fed quer ser cauteloso e não usar muito essa ferramenta monetária quando a economia realmente não precisar.
A expansão dos Estados Unidos continuará avançando duas vezes mais rápido que do que a da zona do euro para todo 2019, segundo as projeções do FMI, em 2,4% contra 1,2%.
Como foi o caso de várias reuniões seguidas, o Comitê Monetário não foi unânime sobre o novo corte.
Esther George, do Fed de Kansas City, e Eric Rosengren, do Fed de Boston, se opuseram a uma queda nos juros, alegando que a atividade atual não precisa.