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Estado de Minas

Estudo estima que 300 milhões enfrentarão inundações costeiras anuais em 2050


postado em 29/10/2019 18:43

As áreas costeiras, onde atualmente vivem 300 milhões de pessoas, estarão vulneráveis em 2050 a inundações agravadas pelas mudanças climáticas, não importa quão agressivamente a humanidade contenha as emissões de carbono, disseram cientistas nesta terça-feira (29.

Em meados do século, no entanto, as escolhas feitas hoje determinarão se as linhas costeiras da Terra permanecerão reconhecíveis para as gerações futuras, relataram os pesquisadores na revista Nature Communications.

Tempestades destrutivas, alimentadas por ciclones cada vez mais poderosos e a elevação do nível dos mares atingirão a Ásia com mais força, segundo o estudo.

Mais de dois terços das populações em risco vivem em China, Bangladesh, Índia, Vietnã, Indonésia e Tailândia.

Usando redes neurais, um tipo de inteligência artificial, a nova pesquisa corrige dados de elevação do solo que até agora subestimaram enormemente até que ponto as zonas costeiras estão sujeitas a inundações durante a maré alta ou grandes tempestades.

"As projeções do nível do mar não mudaram", disse à AFP o coautor Ben Strauss, cientista-chefe e diretor-gerente do Climate Central, um grupo de pesquisa sem fins lucrativos com sede nos EUA.

"Mas quando usamos nossos novos dados de elevação, encontramos muito mais pessoas vivendo em áreas vulneráveis do que nós entendemos anteriormente".

Com a previsão de que a população global aumentará dois bilhões até 2050 e mais um bilhão até 2100 - principalmente em megacidades costeiras -, um número ainda maior de pessoas serão forçadas a se adaptar ou a sair das zonas de perigo.

Atualmente, existem mais de 100 milhões de pessoas vivendo abaixo dos níveis de maré alta, segundo o estudo. Algumas estão protegidas por diques, mas a maioria não.

- Marés subindo, cidades afundando -

"As mudanças climáticas têm o potencial de remodelar cidades, economias, litorais e regiões globais inteiras durante a nossa vida", disse o principal autor do estudo e cientista do Climate Central, Scott Kulp.

Vários fatores se combinam para ameaçar populações que vivem a poucos metros do nível do mar.

Um deles é a expansão da água à medida que o clima aquece e, mais recentemente, as camadas de gelo sobre a Groenlândia e a Antártica que derramaram mais de 430 bilhões de toneladas por ano na última década.

Desde 2006, a linha da água subiu quase quatro milímetros por ano, um ritmo que pode aumentar cem vezes até o século XXII se as emissões de carbono continuarem inalteradas, alertou o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas das Nações Unidas (IPCC) em um relatório no mês passado.

Se o aquecimento global for limitado abaixo de dois graus Celsius - o objetivo principal do acordo de Paris sobre o clima - o nível do mar deverá subir cerca de meio metro até 2100.

Nas taxas atuais de poluição de carbono, no entanto, o aumento seria quase o dobro.

Um segundo ingrediente são as tempestades tropicais - tufões, ciclones ou furacões - amplificadas por uma atmosfera quente.

"Não é preciso um grande aumento no nível do mar para levar a problemas catastróficos", disse Bruce Glavovic, professor da Universidade Massey, na Nova Zelândia, que não participou do estudo.

- Telhados e árvores -

As grandes tempestades que até recentemente ocorriam uma vez por século, por volta de 2050 acontecerão em média uma vez por ano em muitos lugares, especialmente nos trópicos, segundo o relatório do IPCC.

Prevê-se que os danos anuais das inundações costeiras aumentem de 100 a 1.000 vezes até 2100, afirmou o documento.

Finalmente, muitas das um bilhão de pessoas que vivem a menos de nove metros acima do nível do mar hoje estão em áreas urbanas em risco.

Pesquisadores que estudam o impacto do aumento do mar nos assentamentos humanos sabem há muito tempo que os dados da Missão Topográfica Radar Shuttle (SRTM) fornecidos gratuitamente pela Nasa têm uma margem de erro bastante ampla.

Mas cerca de cinco anos atrás, Kulp e Strauss perceberam que - em comparação com dados mais precisos dos EUA reunidos por sistemas a laser em aeronaves - o SRTM mostrava sistematicamente que as elevações eram mais altas do que realmente eram.

Grande parte do problema era que o sistema da Nasa confundia telhados e árvores com o nível do solo.

"Na maior parte da costa global não sabíamos a altura do solo sob nossos pés", disse Strauss.

Os pesquisadores detalharam essas deficiências e os méritos de seu novo sistema, chamado CoastalDEM, em revistas revisadas por pares antes de combiná-los com os dados de populações no novo estudo.

Jean-Pascal van Ypersele, professor de climatologia da Universidade Católica de Louvain da Bélgica e ex-vice-presidente do IPCC, disse que o novo método representa "um progresso muito significativo" na compreensão dos riscos decorrentes do aumento do mar.


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