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Estado de Minas

Líder xiita Moqtada Sadr adere a protestos que se intensificam no Iraque


postado em 29/10/2019 15:13

O influente líder xiita Moqtada Sadr se uniu, nesta terça-feira (29), aos milhares de manifestantes que reivindicam em Bagdá e em várias cidades do sul do Iraque "a queda do regime", acentuando a pressão sobre um poder considerado incompetente e corrupto.

O movimento de protesto se caracterizou por uma onda de violência que deixou cerca de 250 mortos, manifestantes em sua maioria, segundo um balanço oficial.

A entrada de Moqtada Sadr em cena pode mudar o curso do protesto, deflagrado em 1º de outubro na praça Tahrir, em Bagdá. Ele se tornou um arauto das manifestações anticorrupção em uma praça do centro de Najaf, cidade santa xiita ao sul da capital iraquiana.

Desde o início, os manifestantes rejeitaram qualquer vinculação política ao movimento, que reclama emprego e serviços públicos para a população. Também querem uma nova Constituição e a renovação total de uma classe política que permanece inalterada desde a queda de Saddam Hussein, em 2003.

Moqtada Sadr pediu ainda a renúncia deste mesmo governo que ajudou a formar. No sábado, os cerca de 50 congressistas da bancada ligada a ele começaram um protesto sentado ("sit-in") em apoio aos manifestantes. Nesta terça, os deputados votaram um "convite" ao premiê Adel Abdel Mahdi para que vá à Casa e seja sabatinado.

Como mostram vídeos que circularam nas redes sociais, os correligionários do líder xiita pediram que se apresente "Agora, imediatamente!". O Parlamento fica na Zona Verde, separada da praça Tahrir pela ponte Al-Jumhuriya. Hoje, ao final do dia, os confrontos entre manifestantes e forças de segurança, que disparam gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral para afastar a multidão desta área, continuavam.

Nesta terça, os estudantes não foram às aulas, e as sedes dos governos de Hilla, Diwaniya, Kut e Nassiriya estavam quase totalmente fechadas. Os sindicatos de professores, dentistas e advogados decretaram uma "greve geral".

- 'Fomos às ruas de propósito'

"Por acaso o governo achava que a gente ia ficar em casa? Claro que não! Fomos às ruas de propósito", disse à AFP a indignada manifestante Dua, de 30 anos.

O toque de recolher imposto pelo Exército na segunda capital mais populosa do mundo árabe foi desobedecido quando entrou em vigor, com milhares de iraquianos fazendo um buzinaço e circulando pelas ruas, com bandeiras nacionais.

"No Iraque, nós dizemos: 'tudo o que está proibido nos atrai'", comentou, rindo, outro manifestante, que usava uma máscara de gás.

"Tahrir não vai se esvaziar até haver uma mudança", avisou outro.

A mudança - explicou uma mulher, de véu preto e que levava uma bandeira - é "um governo de transição e uma nova Constituição" que substitua a que foi votada em 2005, sob supervisão dos Estados Unidos.

A mobilização exige que os "peixes graúdos" da corrupção, que oficialmente consumiu 410 bilhões de euros dos cofres públicos, devolvam o dinheiro. Este montante representa o dobro do PIB do país, segundo produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

Na segunda-feira, o Parlamento anunciou que formará uma comissão para refletir sobre possíveis emendas constitucionais.

Assim como aconteceu ontem, estudantes de todos os níveis ocupavam as praças de Nassiriya, Basra e Hilla, no sul do Iraque, onde 60% da população tem menos de 25 anos e um jovem a cada quatro está desempregado.

Hoje, o Parlamento deve voltar a se reunir. Quatro dos 329 deputados renunciaram ao cargo. Além do "sit-in" da bancada de deputados de Moqtada Sadr, os congressistas anunciaram que vão passar para a oposição, deixando Abdel Mahdi sem maioria na Casa. O primeiro-ministro continua contando, porém, com o apoio dos poderosos paramilitares das Unidades de Mobilização Popular.

Desde sexta-feira, dezenas de sedes de partidos e de facções das Unidades de Mobilização Popular foram incendiadas, em incidentes que deixaram vários manifestantes mortos.


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