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Estado de Minas

Piquetes de greve e manifestações no Iraque ganham intensidade


postado em 29/10/2019 10:25

O movimento de protesto no Iraque continua a crescer nesta terça-feira (29), com os estudantes nas ruas e os piquetes de greve bloqueando prédios públicos em todo país, depois que a população desafiou o toque de recolher das autoridades ontem à noite na capital.

A cidade santa xiita de Kerbala foi palco de violência durante a noite, com tiros, observaram correspondentes da AFP. Segundo a Comissão de Direitos Humanos, do governo, um manifestante foi morto.

Em outras partes do país, milhares de manifestantes continuavam reivindicando pelo sexto dia consecutivo a "queda do regime", uma nova Constituição e o fim de um sistema criado há 16 anos para substituir o ditador Saddam Hussein - um sistema que se encontra esgotado, afirmam.

Desde 1º de outubro, o Iraque se viu abalado por um movimento de protesto, inédito por seu caráter espontâneo, que deixou 240 mortos e mais de 8.000 feridos, conforme um balanço oficial.

A primeira semana do mês foi particularmente letal, com 157 mortos, a maioria manifestantes.

O segundo episódio da mobilização, que começou na quinta-feira passada, tem um clima mais festivo. Nas províncias do sul, xiita, tribal e muito conservador, há mulheres entre os milhares de manifestantes.

Os estudantes não foram às aulas, e as sedes dos governos de Hilla, Diwaniya, Kut e Nassiriya estavam quase totalmente fechadas, segundo correspondentes da AFP. Os sindicatos de professores, dentistas e advogados decretaram uma "greve geral".

Na praça Tahrir, em Bagdá, epicentro dos protestos contra o governo de Adel Abdel Mahdi, um independente, a multidão continuava indo às ruas nesta terça, constataram jornalistas da AFP.

- "Salimos adrede" -

"Por acaso o governo achava que a gente fosse ficar em casa? Claro que não! Fomos às ruas de propósito", disse à AFP a indignada manifestante Dua, de 30 anos.

O toque de recolher imposto pelo Exército na segunda capital mais populosa do mundo árabe foi desobedecido quando entrou em vigor, com milhares de iraquianos fazendo um buzinaço e circulando pelas ruas, com bandeiras nacionais.

"No Iraque, nós dizemos: 'tudo o que está proibido nos atrai'", comentou, rindo, outro manifestante, que usava uma máscara de gás, enquanto as forças de segurança continuavam lançando granadas de gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral para impedir que os manifestantes da praça Tahrir se aproximassem da Zona Verde. A região abriga várias sedes de autoridades nacionais e estrangeiras.

"Tahrir não vai se esvaziar até haver uma mudança", avisou outro.

A mudança - explicou uma mulher, de véu preto e que levava uma bandeira - é "um governo de transição e uma nova Constituição" que substitua a que foi votada em 2005 sob supervisão dos Estados Unidos.

A mobilização exige que os "peixes graúdos" da corrupção, que oficialmente consumiu 410 bilhões de euros dos cofres públicos, devolvam o dinheiro. Este montante representa o dobro do PIB do país, segundo produtor da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

Na segunda-feira, o Parlamento anunciou que formará uma comissão para refletir sobre possíveis emendas constitucionais.

- Resposta política? -

Assim como aconteceu ontem, estudantes de todos os níveis ocupavam as praças de Nassiriya, Basra e Hilla, no sul do Iraque, onde 60% da população tem menos de 25 anos e um jovem a cada quatro está desempregado.

Hoje, o Parlamento deve voltar a se reunir, mas quatro dos 329 deputados renunciaram ao cargo. No sábado, os cerca de 50 congressistas da bancada ligada ao líder xiita Moqtada Sadr começaram um protesto sentado ("sit-in") em apoio aos manifestantes.


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