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Estado de Minas

Peronismo canta vitória na Argentina, mas Macri pede cautela


postado em 27/10/2019 21:07

O peronista de centro-esquerda Alberto Fernández se declara o vencedor das eleições presidenciais deste domingo (27) na Argentina, mas o presidente liberal e candidato à reeleição Maurício Macri pede cautela a seus partidários e que se aguardem os resultados oficiais.

"É um grande dia para a Argentina", disse com um largo sorriso Fernández, ao sair com ar vitorioso de sua casa para cumprimentar os simpatizantes depois do encerramento da votação.

Estamos "muito contentes. Estamos superando a quantidade de votos das PASO" (primárias de agosto, quando Fernández obteve 49% dos votos contra 32% para Macri)", comentou à AFP Santiago Cafiero, considerado o braço-direito de Fernández, assegurando que não haverá necessidade de segundo turno.

Em meio a um clima de tensão em vários países da América Latina, com protestos maciços em Chile, Bolívia e Equador, crise na Venezuela e eleições no vizinho Uruguai, o pleito na Argentina é chave para a configuração das forças na região.

As pesquisas de boca-de-urna atribuem a vitória a este advogado de 60 anos, que comanda a chapa formada com a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015), mas as consultas não apontam se ele venceu no primeiro turno. Os resultados começarão a ser conhecidos a partir das 21h locais (mesma hora em Brasília).

- "Paciência e tranquilidade" -

Milhares de pessoas já cantavam e pulavam em frente ao comando de campanha da Frente de Todos aos gritos de "Se sente, se sente, Alberto presidente!", em meio a bandeiras com o retrato da ex-presidente.

Nora Martínez, agente de 59 anos, era uma delas. "Quero que este governo saia logo, em quatro anos fizeram um dano muito grande ao país".

Para vencer no primeiro turno, Fernández deve obter mais de 45% dos votos ou mais de 40% e superar em pelo menos dez pontos seu adversário. Caso contrário, o segundo turno será disputado em 24 de novembro.

Enquanto os rostos de desapontamento no comando da campanha governista eram cada vez mais visíveis, o presidente pediu que se aguardem os resultados oficiais.

"Paciência e tranquilidade enquanto são contados os votos", tuitou o presidente argentino.

Engenheiro, também com 60 anos, Macri termina sem mandato com um país mergulhado em sua pior crise econômica desde 2001, com uma inflação elevada (37,7% em setembro) e um aumento da pobreza (35,4%). O presidente se defende, afirmando que precisou fazer ajustes para pôr ordem no desequilíbrio econômico que encontrou ao assumir em 2015, e que a partir de agora os resultados virão.

- "Pressão sobre o peso" -

Os investidores temem que a vitória de Fernández implique o retorno das políticas intervencionistas do kirchnerismo (2003-2015). Analistas se perguntam ainda quem vai governar: se Fernández - ex-chefe de gabinete de Cristina e seu marido, o falecido Néstor Kirchner - ou a ex-presidente de 66 anos.

Fernández garantiu mais de uma vez que os depósitos bancários argentinos estão a salvo e rechaçou que se volte a repetir o fantasma da crise de 2001, quando foram congelados os depósitos e 'pesificados' os que eram em dólares.

Mas os argentinos já deram demonstrações de pânico. Desde as primárias, houve saques em moeda americana que superaram os 12 bilhões de dólares (36,4% del total). E só na sexta-feira, o Banco Central perdeu outros US$ 1,755 bilhão em reservas para frear a desvalorização da moeda.

Na segunda, "haverá muita pressão sobre o peso e sobre os bancos, mas os mercados já anteciparam os resultados, a reação não será tão brutal como após as primárias" de agosto, vaticinou Nicolás Saldías, pesquisador do Wilson Center.

- "Essa Argentina que sonhamos" -

No último mês, Macri concentrou seus esforços para convencer os indecisos a somar votos que lhe permitam ir para o segundo turno, ao lembrar as denúncias de corrupção contra o kirchnerismo e seu entorno.

Em meados de julho de 2018, em meio a uma corrida bancária, Macri recorreu ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que concedeu ao país um empréstimo de US$ 57 bilhões em troca de um ajuste fiscal que freou ainda mais a economia. Ainda falta a liberação de 13 bilhões de dólares, mas o FMI espera o resultado das eleições.

Fernández assegurou que cumprirá com o pagamento.

Mas além dos mercados, precisa dar segurança aos milhões de pessoas que votaram em Macri.

"Fernández deverá restaurar a confiança no kirchnerismo. Nos próximos meses e até assumir (em 10 de dezembro), Macri será o presidente e Fernández terá o poder", explicou Saldías.

"Têm que dar sinais de qeu trabalham juntos, caso contrário, a situação se tornará insustentável", advertiu.


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