Opositores se mobilizaram nesta quinta-feira (24) em solidariedade ao estado de Zulia (oeste), que já foi um dos mais poderosos da Venezuela por sua riqueza em petróleo, e hoje sofre com uma severa crise econômica.
Cerca de 500 pessoas participaram de uma passeata em Caracas para denunciar a situação em Zulia - cuja capital é Maracaibo -, onde ocorrem apagões diários que duram até 12 horas e falta de gasolina, água e gás.
Ao mesmo tempo, centenas de simpatizantes do governo se reuniram no centro de Caracas contra a "ingerência imperial", em alusão às pressões dos Estados Unidos para tirar do poder o presidente Nicolás Maduro.
"Zulia não está sozinha", postou no Twitter o líder do Parlamento Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino e reconhecido no cargo por 50 países, que não compareceu ao protesto apesar de ser um de seus organizadores.
Grades instaladas por agentes de segurança impediu que a passeata chegasse à sede da companhia elétrica estatal Corpoelec.
Fora da capital, a adesão ao protesto foi baixa e em Maracaibo, as pessoas continuaram se concentrando no abastecimento de combustível e na obtenção de outros bens básicos.
"Nos sentimos muito desanimados, tristes e impotentes porque ninguém nos ajuda", afirmou em Maracaibo José Uzcátegui, técnico em refrigeração, na fila desde a madrugada para se abastecer de gasolina.
Durante o protesto em Caracas, María Betancourt contou que se mudou de Zulia para a capital há dois meses, buscando melhores condições.
"Caracas é Nárnia porque nada acontece aqui", disse a contadora, impactada pela atividade comercial da capital, em referência ao mundo de fantasia criado pelo escritor britânico C. S. Lewis.
Segundo a Câmara de Comércio de Maracaibo, as vendas na cidade caíram 70% entre julho e setembro, em comparação ao trimestre anterior.
A Venezuela, outrora potência petroleira, atravessa a pior crise de sua história recente com uma drástica queda na produção de petróleo e uma inflação estimada pelo FMI em 200.000% para 2019.
Guaidó tenta reativar as mobilizações que acompanharam suas ações no início do ano e prepara um protesto para 16 de novembro.
Enquanto isso, os chavistas aproveitaram o dia para apoiar as manifestações no Chile e as que ocorreram recentemente no Equador.
"Os povos estão se levantando" contra as "ordens do imperialismo", afirmou o número dois do governo Maduro, Diosdado Cabello.