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Estado de Minas

Empresário exilado diz querer derrubar presidente do Egito


postado em 24/10/2019 16:50

Mohamed Ali, empresário egípcio exilado que estimulou os protestos no Egito em setembro, garante que está trabalhando com a oposição para convocar novas manifestações nas próximas semanas e derrubar o presidente Abdel Fatah al Sisi.

"Vamos chamar as massas, mas não agora (...) Estamos planejando isso para daqui a duas ou três semanas", disse Mohamed Ali em entrevista à AFP em um de seus escritórios com vista para o mar Mediterrâneo perto de Barcelona.

Foi dali que este empresário publicou na internet alguns vídeos que tiveram milhões de visualizações no Egito e geraram manifestações por todo o país em 20 de setembro.

"Queremos reduzir possíveis confrontos (com as forças de segurança). O próximo passo deve ser comedido porque não quero um derramamento de sangue", afirmou.

Ali, empresário da construção civil e ator principiante, entrou no cenário político egípcio com seus vídeos agitados e bem-humorados.

Nos vídeos, nos quais aparece fumando freneticamente, o empresário acusa Sisi e a cúpula militar de gastar dinheiro público em projetos tolos, além de garantir que o governo lhe deve milhões de dólares por seus trabalhos.

Nas denúncias, não apresenta provas concretas, mas lista palácios e mansões, alguns no Cairo e em Alexandria, que o presidente o teria encarregado de construir. Sua mensagem irritada atingiu a opinião pública do país, que vive em crise econômica desde 2016.

O presidente Sisi negou as acusações em setembro, dizendo que construiu os palácios para o país e não para ele.

- 'As prisões me entristecem' -

A convocação para protestos em 20 de setembro foi atendida por centenas de egípcios que foram às ruas no Cairo e outras cidades como Suez. Surpreendidas, as forças de segurança responderam com tiros de balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio.

O apoio inesperado também deixou surpreso Mohamed Ali, que confessa se sentir fortalecido pela resposta.

"Eu disse às pessoas que saíssem na sexta-feira em um momento de exaltação. Alguns até me repreenderam: 'Como você pode convocar uma revolução estando sozinho?'".

Desde então, cerca de 4 mil pessoas foram presas, de acordo com associações locais de direitos humanos. Os ativistas descrevem a resposta das forças de segurança como uma das piores ondas repressivas desde que al Sisi chegou ao poder em 2014.

Entre os detidos que já foram liberados estão "crianças, estudantes, mulheres e idosos", segundo fontes oficiais, que acrescentam que "cerca de mil foram" interrogados pela procuradoria.

Para Ali, as detenções o motivam a seguir confrontando o general transformado em presidente.

"As pessoas foram presas por minha causa ... Isso mostra ao mundo que, sob seu comando (de Sisi), não há liberdades", disse.

"As prisões me entristecem, mas me pressionam a continuar a lutar para que sejam libertadas", acrescentou.

Após expulsar o líder islâmico Mohamed Morsi em 2013, Sisi sufocou a oposição. Milhares de pessoas, entre eles, ativistas seculares, blogueiros e inclusive humoristas foram encarcerados.

Desde setembro, a segurança foi reforçada no Cairo com policiais abordando cidadãos e conferindo aleatoriamente o conteúdo de seus celulares. Os protestos estão proibidos desde 2013 e o estado de emergência alerta é mantido.

- Pela saída de Sisi -

Embora apenas pequenos grupos da oposição tenham sobrevivido às prisões, neutralizando qualquer desafio ao poder de Sisi, o empresário segue em contato com eles.

"A oposição dentro e fora do Egito está comigo porque todos temos o mesmo objetivo: a saída de Sisi", explicou.

"[Integrantes de] A Irmandade Muçulmana acolhem a minha ideia. Estão comigo e são bons companheiros (...) Não tenho problema em dizer isso. Ele (Sisi) os considera um grupo terrorista, mas são pessoas bem respeitáveis", acrescentou.

A confraria foi proibida e classificada como organização terrorista em 2013, meses depois de Sisi liderar o golpe militar contra Mohammed Mursi.

A mídia pró-governo e outras celebridades lançaram uma campanha contra Ali e a Irmandade desde a publicação dos vídeos do empresário, a quem acusam de alcoólatra e mulherengo.

Ele não se assusta, apesar das ameaças de morte que afirma receber de funcionários do governo do Egito. Também nega as especulações que o ligam às poderosas agências de segurança.

"O próximo passo é deixar (Sisi) em evidência diante do mundo. Vou revelar ao Ocidente e a todos aqueles que emprestam dinheiro ao governo como é que ele é gasto", explicou.

E conta com os egípcios para responder às suas futuras convocações.

"Acredito que as pessoas protestarão... No começo, era raiva, mas desta vez os protestos devem ser reais para que possamos derrubá-lo. As pessoas irão (às ruas), com certeza".


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