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Estado de Minas

Piñera se desculpa por crise e anuncia pacote de medidas sociais no Chile


postado em 23/10/2019 00:37

O presidente do Chile, Sebastián Piñera, pediu desculpas na noite desta terça-feira (22) por sua falta de visão para antecipar a crise que atinge seu governo há cinco dias, e anunciou uma série de medidas sociais.

"Reconheço essa falta de visão e peço desculpas aos meus compatriotas", disse o presidente em uma mensagem ao país no Palácio Presidencial de La Moneda, num momento em que os maiores protestos sociais em décadas não estão diminuindo de intensidade em todo o país.

"Diante das necessidades legítimas e das demandas sociais dos cidadãos, recebemos com humildade e clareza a mensagem que os chilenos nos deram", disse o chefe de Estado em um pronunciamento que deu uma virada radical no tom de confronto com os manifestantes dos últimos dias e que havia elevado o clima de tensão nas ruas do país.

Entre as principais medidas, Piñera anunciou uma renda mínima garantida, com o Estado complementando em 15% os salários mais baixos, para elevá-los a 350 mil pesos (486 dólares) "para todos os trabalhadores com jornada completa (...)" quando o valor recebido for inferior.

Piñera também anunciou a criação de um mecanismo de estabilização dos preços da energia elétrica, que anulará a recente alta de 9,2% nas contas de luz, "retornando ao valor das tarifas elétricas ao nível do primeiro semestre deste ano".

O presidente propôs ainda um seguro para a compra de medicamentos, em um país onde os gastos com saúde das famílias se situam entre os mais altos dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE).

O Exército anunciou o toque de recolher pelo quarto dia em Santiago, em meio a protestos que já deixaram 15 mortos, quatro deles por balas disparadas pelas forças de segurança. As outras vítimas morreram em meio a incêndios e saques, de acordo com a Promotoria. A lista inclui um cidadão peruano e um equatoriano.

Santiago e a maioria das 16 regiões do Chile estão em estado de emergência e 20.000 militares e policiais trabalham para conter os violentos protestos.

- Não são 30 pesos, são 30 anos -

As manifestações começaram devido ao aumento do preço da tarifa do metrô em Santiago, mas derivaram em um movimento maior que põe sobre a mesa outras demandas sociais.

"O que acontece não é porque subiram o metrô em 30 pesos. Vem acontecendo há 30 anos. Temos a questão das AFP (Administradoras de Fundos de Pensões), das filas nas clínicas, listas de espera em hospitais, o custo dos remédios, os baixos salários", disse à AFP Orlando, de 55 anos.

A Central Única de Trabalhadores (CUT), o sindicato mais poderoso do Chile, e outras 18 organizações sociais convocaram greves e mobilizações para quarta e quinta-feira.

Com um transporte público limitado, o comércio e os bancos funcionando com lentidão e os protestos colapsando as ruas, os chilenos saíram para trabalhar ou estudar nesta terça suportando novamente longas filas e esperas.

O metrô de Santiago, que recebe cerca de três milhões de pessoas por dia, funcionou com apenas uma de suas sete linhas e apoiado por 4.300 ônibus públicos e táxis.

As aulas escolares permaneciam suspensas em cerca de 50 comunas da capital chilena, enquanto uma dezena de universidades não abriram. Hospitais e policlínicas funcionaram normalmente.

A companhia aérea chileno-brasileira LATAM, a maior da América Latina, colocou dezenas de catres no aeroporto de Santiago desde o início dos protestos para seus passageiros afetados pelo cancelamento e reprogramação de centenas de voos.

Os mercados, enquanto isso, retornaram à calma, após protagonizarem uma queda na segunda-feira. A Bolsa fechou com alta de 0,80% após cair 4,61%, enquanto o peso fechou em 724,3 unidades por dólar, contra 727 no dia anterior.


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