Após a recusa de que o novo acordo sobre o Brexit seja submetido pela segunda vez ao Parlamento, o governo britânico deve apresentar uma legislação complexa, na esperança de que seja aprovada a tempo de realizar o divórcio no fim do mês.
Esses são os cenários possíveis:
- Novo adiamento do Brexit -
Inicialmente previsto para 29 de março de 2019, o Brexit foi adiado duas vezes diante da reiterada oposição do Parlamento ao acordo negociado pela anterior primeira-ministra, Theresa May.
Para evitar um Brexit caótico sem acordo em 31 de outubro, os legisladores aprovaram de emergência em setembro uma lei que obrigava Johnson a pedir outro adiamento de três meses se, em 19 de outubro, não tivesse alcançado a adoção de um acordo com a UE.
No sábado, depois que os deputados decidiram adiar sua decisão, o primeiro-ministro, contrário a qualquer novo adiamento, enviou a carta a Bruxelas com a petição, mas sem assiná-la e uma segunda carta, essa assinada, garantindo que parecia uma má ideia.
Um adiamento deve ser aprovado por unanimidade pelos outros 27 países do bloco.
Uma longa extensão permitiria a organização de eleições ou um segundo referendo no Reino Unido. Um "pequeno adiamento técnico", como sugeriu Berlim na segunda-feira, daria aos parlamentos britânico e europeu tempo para adotar o texto.
- Brexit com acordo -
Uma emenda aprovada no sábado pelo Parlamento exige que o acordo de divórcio não seja adotado até que toda a legislação necessária para sua implementação tenha sido aprovada.
Johnson deve apresentar essa legislação nesta semana, esperando que as câmaras baixa e alta do Parlamento aprovem antes do fim do mês.
Mesmo se o país tivesse solicitado um adiamento da UE, poderia sair do bloco em 31 de outubro se todos os textos fossem adotados a tempo.
Mas se for alcançado após o final de outubro, o país também poderá sair do bloco em outra data, sem necessidade de esperar até janeiro.
- Brexit sem acordo -
Se o Parlamento rejeitar a legislação e, portanto, o acordo de divórcio, ou se os 27 não aprovarem um novo adiamento, o Reino Unido teria que sair abruptamente da UE em 31 de outubro.
Diante dessa possibilidade, enquanto negociava com Bruxelas, o Executivo britânico intensificou os preparativos para um Brexit sem acordo, um cenário especialmente temido pelos círculos econômicos e empresariais.
Segundo relatórios do próprio governo, isso teria consequências comerciais catastróficas, causaria congestionamentos monumentais nos portos, escassez de alimentos frescos, remédios e outros produtos importados pelo país.
Isso também levaria a uma queda na libra esterlina, um declínio nas exportações, recessão e distúrbios violentos, de acordo com várias projeções.
- Eleições gerais -
Depois de perder sua estreita maioria parlamentar em setembro devido a uma rebelião em suas fileiras, Johnson tem tentado convocar eleições legislativas antecipadas.
Mas decidir um avanço eleitoral requer uma maioria parlamentar de dois terços e a oposição disse que não aprovaria até que a ameaça de um Brexit sem acordo seja completamente descartada.
Se o acordo com Bruxelas foi aprovado ou se houver um novo adiamento, as eleições parecem inevitáveis nos próximos meses, dada a profunda crise política no Reino Unido.
- Segundo referendo -
Se o Partido Trabalhista vencer as legislativas, ele prometeu convocar um segundo referendo que incluiria a possibilidade de simplesmente cancelar o Brexit. Para isso, ele teria o apoio do Partido Liberal-Democrata, de centro, que cresce rapidamente nas pesquisas e quer acabar com o Brexit.
Dezenas de milhares de pessoas de todo o Reino Unido se manifestaram no sábado em Londres para solicitar a convocação desta segunda consulta, garantindo que quando 52% do país votou a favor do Brexit em 2016 não sabiam de suas consequências.
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