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Estado de Minas

Caos em Barcelona ao fim de gigantesco protesto separatista


postado em 18/10/2019 20:55

O centro de Barcelona mergulhou no caos na noite desta sexta-feira em confrontos violentos entre separatistas radicais e a polícia, ao fim do quinto dia de protestos contra a condenação de seus líderes pelos tribunais espanhóis.

Barricadas em chamas e fogueiras iluminavam as ruas do centro da cidade, cenário de uma batalha entre centenas de manifestantes e policiais, que respondia aos ataques com disparos de balas de borracha e gás lacrimogêneo.

Os sinais da violência podiam ser vistos no asfalto queimado e janelas quebradas na elegante avenida do Paseo de Gracia, que recebeu uma maré humana vestindo as cores amarela, vermelha e azul, as mesmas da bandeira da independência.

Os serviços de emergência informaram que 60 pessoas receberam atendimento médico, incluindo três com contusões oculares e uma com contusão facial.

Por volta da meia-noite, o cheiro de fumaça impregnava o ar, enquanto carros da polícia circulavam a procura de agressores. "Parece mais calmo...", declarou um porta-voz da polícia.

Segundo as autoridades municipais, 525.000 pessoas participaram da mobilização desta sexta contra a condenação de seus líderes pela justiça espanhola.

O ambiente festivo contrastou com a ação de centenas de jovens, que ergueram barricadas com lixeiras em chamas e lançaram objetos contra os agentes que protegiam a sede da Polícia Nacional.

Segundo o ministro do Interior espanhol, 128 pessoas foram detidas desde o início da semana, incluindo nove em prisão provisória, enquanto 207 policias foram feridos, muitos em estado grave.

Milhares de pessoas que partiram na quarta-feira de cinco cidades da província, com faixas e bandeiras independentistas, participaram da grande manifestação.

"Estamos há muitos anos reivindicando com muita paciência e queremos que isto seja o gatilho para a situação mudar", disse David Blanco, um agente comercial de 56 anos que se juntou à última etapa da marcha.

- Catalunha sob uma nuvem de gás -

Na metrópole catalã, onde milhares de estudantes já estavam mobilizados, os efeitos da greve eram claros.

Mesmo pessoas contrárias à independência da região também foram às ruas.

Josue Condez, de 34 anos e não separatista, se envolveu em uma bandeira espanhola, também queria participar da mobilização contra uma "sentença desproporcional" da Suprema Corte, que impôs sentenças de nove a 13 anos a nove líderes separatistas por causa da tentativa de secessão de 2017.

"Sinto-me catalão e espanhol, não sou separatista, mas não podemos infligir 13 anos de prisão a um político eleito por organizar um referendo (ilegal), mais do que por homicídio", afirmou o técnico ferroviário.

Depois de um início mais tranquilo, eclodiram confrontos entre militantes radicais que atiravam pedras e outros objetos contra a polícia perto da delegacia central da cidade. Vários focos de incêndios eram mostrados pelas televisões locais.

A Basílica da Sagrada Família fechou suas portas em razão de um protesto, enquanto a Ópera do Liceu cancelou sua programação e a maioria dos estandes do mercado Boqueria, muito famoso entre os turistas, permaneceram fechados.

No aeroporto, 57 voos foram cancelados, segundo sua administradora Aena. E várias estradas da região foram bloqueadas nas primeiras horas da manhã, segundo fontes locais.

"Sou catalã, mas não apoio este projeto separatista de maneira alguma. A gente se deixa manipular, e a juventude muito mais", protestava Carmen Isern, uma mulher de 75 anos cujos filhos estavam participando da greve desta sexta.

No quinto dia da mobilização contra as penas de 9 a 13 anos de prisão anunciadas na segunda-feira contra seus dirigentes pela tentativa de secessão em 2017, um sindicato independentista convocou esta greve geral para paralisar a região, que representa um quinto do PIB espanhol.

A montadora Seat paralisou suas atividades na fábrica de Martorell, perto de Barcelona, que emprega mais de 6.500 pessoas.

"Os prejuízos econômicos para a Catalunha já são consideráveis", declarou a número dois do governo espanhol, Carmen Calvo.

Os distúrbios na Catalunha também provocaram o adiamento da partida de 26 de outubro entre o FC Barcelona e o Real Madrid. Os clubes terão que fixar uma nova data para o clássico.

"Queremos falar, queremos votar, queremos decidir. Ver se nos escutam. Se não, continuaremos aqui na rua", disse Elisenda Casadellà, estudante de 22 anos.

- Novas barricadas -

Na quinta-feira, centenas de jovens, aos gritos de "independência", já haviam montado barricadas no centro da cidade e lançado coquetéis molotov na polícia.

Uma agência bancária e uma loja de roupas foram saqueadas, de acordo com a polícia regional, que disparou balas de borracha contra os manifestantes.

Terça e quarta-feira, Barcelona já havia experimentado essas cenas de guerrilha urbana após os primeiros confrontos na segunda-feira durante o bloqueio do aeroporto por cerca de 10 mil manifestantes.

Nascida da frustração de uma parte da base separatista, dois anos após o fracasso da tentativa secessionista de 2017, essa violência marca um ponto de virada para o movimento separatista, que sempre se gabou de não ser violento.

A violência "prejudica seriamente as instituições e a reputação internacional da Catalunha", disse o ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska.

Nas ruas de Barcelona, como no resto da região, a questão da independência divide. Segundo a última pesquisa publicada em julho pelo governo regional, 44% da população é a favor da independência, enquanto 48,3% é contra.


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