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Estado de Minas

Libaneses protestam contra o governo em meio à crise econômica


postado em 18/10/2019 20:25

Milhares de libaneses se manifestaram na sexta-feira (18) pelo segundo dia consecutivo contra a corrupção e as difíceis condições de vida no país. O primeiro-ministro libanês deu ao governo 72 horas para apoiar suas reformas.

"Nossos parceiros no governo devem nos dar uma resposta clara e definitiva que seja convincente para mim, para os libaneses e para a comunidade internacional" para demonstrar que "todos nós optamos por reformas, para acabar com o desperdício e a corrupção", alertou Saad Hariri.

Em um discurso televisionado há muito aguardado, o primeiro-ministro disse que, se isso não acontecer, ele planeja fazer outro discurso ao final desse período. Ele responsabiliza os membros da coalizão por impedir seus esforços para avançar com as reformas.

Após o discurso, na noite de sexta-feira, ocorreram distúrbios violentos no centro de Beirute, onde a polícia utilizou bombas de gás lacrimogêneo para dispersar uma multidão diante da sede do governo.

Ao menos 52 policiais de choque ficaram feridos e ocorreram 70 detenções, informaram as forças de segurança no Twitter.

As manifestações em todo o país começaram após a decisão do governo de impor um imposto sobre as chamadas realizadas por meio de aplicativos de mensagens na Internet. As autoridades acabaram desistindo da medida sob pressão popular.

Nas últimas semanas, a tensão aumentou no Líbano em um contexto de piora da situação econômica, com temores de desvalorização e escassez de dólares nos mercados de câmbio.

A revolta popular é direcionada à classe política, acusada de corrupção e mercantilismo em um país com prédios em más condições e onde os cidadãos reclamam do alto custo de vida.

Aos gritos de "revolução" e "o povo quer a queda do regime", os libaneses, principalmente jovens, saíram às ruas após o anúncio na quinta-feira à noite do imposto, uma medida destinada a gerar renda para o Estado.

Na capital, os manifestantes bloquearam várias estradas, como a que leva ao aeroporto internacional de Beirute, queimando pneus e contêineres de lixo.

Perto da sede do governo no centro de Beirute, houve confrontos entre a polícia e os manifestantes que queriam invadir o prédio. As forças de segurança lançaram gás lacrimogêneo para dispersá-los.

Na manhã desta sexta, os manifestantes voltaram às ruas na capital e em outras cidades.

Hariri deve falar na parte da tarde, segundo o ministro do Interior Raya al-Hasan. "Se esse governo cair, o governo que vier não terá melhores opções", disse ele em comunicado.

- Greve geral -

Várias autoridades pediram a saída do governo de Hariri. O influente político Walid Jumblatt declarou que havia pedido sua demissão.

"Nós os escolhemos e os expulsaremos do poder", declarou um manifestante à noite.

"O que nos une é o nosso padrão de vida que está atualmente destruído", disse outro.

O Líbano está sofrendo uma deterioração de sua economia há vários anos, atingido pela guerra na vizinha Síria vizinha e cujas repercussões aumentaram a corrupção endêmica e a decadência das infraestruturas.

A dívida pública atinge mais de 86 bilhões de dólares, ou seja, mais de 150% do PIB, a terceira maior taxa do mundo, atrás do Japão e da Grécia.

O sindicato de funcionários públicos convocou uma greve geral nesta sexta-feira. Os bancos permanecem fechados, assim como escolas e universidades.

Na noite de quinta-feira, o ministro da Informação, Mohamad Shucair, anunciou que os usuários deveriam pagar, a partir de janeiro de 2020, 20 centavos de dólar por cada chamada feita através de serviços como WhatsApp e Viber, e acrescentou que essa taxa significaria ao Estado 200 milhões de dólares por ano.

"No Líbano, o preço da telefonia móvel está entre os mais altos da região", afirmou no Twitter a organização de defesa das liberdades digitais no mundo árabe, SMEX.

Em abril de 2018, o Líbano prometeu iniciar reformas durante uma conferência internacional em troca de promessas de empréstimos e doações no total de US$ 11,6 bilhões.


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