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Estado de Minas

Turquia descarta negociação com forças curdas e exige entrega das armas


postado em 16/10/2019 18:43

A Turquia descartou nesta quarta-feira (16) negociar com os combatentes curdos na Síria, exigiu que eles entreguem as armas e abandonem a "zona de segurança" designada por Ancara, ignorando o pedido de cessar-fogo feito pelos Estados Unidos, que enviou à Turquia seu vice-presidente.

Com o início, na semana passada, da operação militar contra a milícia das Unidades de Proteção Popular (YPG), Ancara modificou as alianças e transformou o norte da Síria no novo epicentro de uma guerra que devasta o país desde 2011.

Graças a um acordo com as forças curdas, o regime do presidente sírio, Bashar al Assad, retornou a regiões que não controlava há vários anos, e a Rússia, aliada de Damasco, preencheu o vácuo deixado pela retirada das forças americanas.

Em resposta ao ataque turco e à passividade ocidental, o chefe das Forças Democráticas da Síria (SDS), dominada pelos combatentes curdos, Mazlum Abdi, anunciou na noite desta quarta a "interrupção" das operações contra o grupo Estado Islâmico (EI), que entrou na clandestinidade após sua derrota, em março.

A princípio, o presidente americano, Donald Trump, pareceu aprovar a operação turca, mas após alguns dias pediu o fim da ofensiva e autorizou sanções contra a Turquia.

Trump, que insiste em não querer que os Estados Unidos eternizem sua presença na Síria, voltou a "acertar uma no cravo, outra na ferradura" nesta quarta, ao declarar que os curdos "não são anjos" e que o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado uma organização ilegal na União Europeia e nos Estados Unidos, é "provavelmente uma ameaça terrorista maior, em muitos aspectos, do que o EI".

"A decisão do presidente Erdogan não me surpreendeu porque ele queria fazer isso há muito tempo", disse Trump a repórteres na Casa Branca. "Não dei sinal verde", acrescentou.

- Encontro com Pence e Putin -

Neste contexto, Trump decidiu enviar à Turquia seu vice-presidente, Mike Pence, e seu secretário de Estado, Mike Pompeo, para negociar com Erdogan um cessar-fogo.

"Nos dizem para declarar um cessar-fogo. Nós nunca podemos declarar uma trégua" enquanto a Turquia não expulsar 'a organização terrorista' da fronteira, declarou Erdogan, referindo-se às milícias curdas.

"Nossa proposta é que agora, esta noite, todos os terroristas entreguem as armas, equipamentos, tudo, que destruam todas as fortificações e abandonem a zona de segurança que estabelecemos", afirmou em um discurso no Parlamento.

Após negar num primeiro momento que se encontraria com as autoridades americanas, Erdogan finalmente se reunirá com Pence, segundo informou a presidência turca.

Nesta quarta, a Presidência turca anunciou que Erdogan se reunirá com seu contraparte russo, Vladimir Putin, em 22 de outubro, na Rússia.

Os dois presidentes vão se reunir no resort de Sochi, no Mar Negro, na próxima terça-feira, anunciou a Presidência turca em um comunicado. Erdogan voltará à Turquia no mesmo dia, acrescentou a fonte.

Putin convidou Erdogan "para uma visita de trabalho nos próximos dias. O convite foi aceito", informou o gabinete de Putin em um comunicado publicado na noite de terça.

Moscou enviou tropas para no norte da Síria para impedir um confronto entre turcos e as forças do regime sírio.

As forças sírias continuam avançando e anunciando a ocupação da cidade de Kobane, dominada pelos curdos, um lugar simbólico porque foi arrancada do jugo dos jihadistas do EI, com o esforço conjunto da coalizão liderada pelos Estados Unidos.

Ao mesmo tempo, os combates prosseguem na Síria. Na cidade fronteiriça turca de Ceylanpinar, era possível ouvir explosões na localidade de Ras al-Ain, onde os combatentes curdos tentam evitar o avanço das forças de Ancara.

- "Acordo sujo" -

Em 9 de outubro, a Turquia iniciou a operação "Manancial de Paz" contra as YPG, um grupo apoiado pelos países ocidentais pelo papel desempenhado na luta contra o grupo extremista Estado Islâmico (EI).

Ancara considera que esta milícia, principal integrante das Forças Democráticas Sírias (FDS), uma coalizão árabe-curda, é uma "organização terrorista" por seus vínculos com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), que opera uma guerrilha na Turquia.

Erdogan chamou de "acordo sujo" o pacto entre os curdos e o regime de Assad.

O objetivo da operação turca é a criação de "uma zona de segurança" de 32 km de largura ao longo da fronteira para separá-la das áreas sob controle das YPG e repatriar parte dos 3,6 milhões de refugiados sírios instalados na Turquia.

Em sete dias, morreram 71 civis, 158 combatentes das FDS e 128 militantes pró-Turquia, segundo o OSDH. Ancara informou que seis soldados morreram na Síria, assim como 20 civis que foram atingidos por foguetes disparados por combatentes curdos contra cidades turcas.

A ofensiva provocou a fuga de 160.000 pessoas do norte da Síria, anunciou a ONU.


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