O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira um acordo comercial preliminar com a China, que cobre propriedade intelectual, serviços financeiros e moeda.
Com o acordo, a Casa Branca suspendeu o enorme aumento de tarifas sobre US$ 250 bilhões em produtos chineses previsto para a próxima terça-feira, disse o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin.
"Chegamos a um acordo preliminar muito substancial", disse Trump à imprensa após se reunir com Liu He, negociador-chefe chinês.
"Havia muitos atritos com os Estados Unidos, mas agora é o amor", declarou Trump, citando o impacto "sobre a paz no mundo" que terá o acordo entre as duas maiores economias do planeta.
Segundo Trump, essa primeira fase inclui a propriedade intelectual e a taxa de câmbio e disse que esperava assinar o acordo nas próximas semanas com o presidente chinês, Xi Jinping.
O presidente americano destacou o aumento substancial das compras agrícolas por parte da China, que beneficiarão diretamente parte do seu eleitorado. Trump tentará a reeleição em 2020.
Em troca, Pequim obteve de Trump o cancelamento do aumento de tarifas sobre 250 bilhões em exportações chinesas para os EUA, que entrariam em vigor na terça-feira.
Trump não descarta firmar um documento com o líder chinês, Xi Jinping, no Chile, em novembro, à margem da cúpula dos países do Pacífico.
Outras duas fases, de contornos muito difusos, poderão completar este acordo.
Mnuchin declarou que "temos um acordo fundamental em pontos-chave, fizemos muitos progressos, mas ainda falta trabalho. Não firmaremos um acordo até que possamos dizer ao presidente que tudo está definido no papel".
O negociador chinês avaliou que houve um "progresso substancial em muitos campos". "Estamos contentes", disse Liu He, afirmando que as negociações vão continuar.
O acordo foi um progresso após uma semana em que os dois governos pareciam ter chegado a um beco sem saída. Washington atacou Pequim por questões políticas relacionadas a direitos humanos e perseguição étnica em Xinpiang.
Embora talvez não tenha sido tão amplo, o acordo é uma espécie de bálsamo para Trump, cujo mandato é perseguido pela ameaça de um julgamento de impeachment.
Trump também enfrenta críticas entre os republicados e os democratas por permitir uma intervenção turca contra seus aliados cursos no nordeste da Síria.
Wall Street operou em alta durante todo o dia devido ao otimismo que emanava de Washington.
Desde que o conflito com a China começou no ano passado, vários momento de aparente aproximação não deram em nada e levaram a uma deterioração nas relações entre Washington e Pequim.
Enquanto isso, durante a noite, as autoridades do mercado chinês lançaram um calendário para eliminar os limites da participação estrangeira em empresas chinesas em 2020.
- Mais que tarifas -
O Departamento do Tesouro descreveu a China como um país manipulador de moedas em agosto e acusou Pequim de operar o yuan para tirar vantagens comerciais injustas.
Até agora, a China se recusou a fazer as mudanças profundas que Trump exige, porque acredita que isso poderia causar problemas no Partido Comunista no poder.
O China Daily, jornal do Partido Comunista, disse na sexta-feira em um editorial que um acordo parcial "é objetivamente mais viável e pode ser do interesse de ambas as partes".
Enquanto isso, o governo Trump continua a examinar mecanismos para manter a pressão sobre Pequim além da aplicação de tarifas.
Washington acusa a China de tentar dominar a economia mundial por meio de intervenções estatais gigantescas nos mercados, roubo de propriedade intelectual, pirataria e subsídios. Essas acusações são compartilhadas pela Europa e pelo Japão.
Larry Kudlow, consultor econômico da Casa Branca, disse nesta semana que Washington pode aumentar a vigilância sobre empresas chinesas que operam nos Estados Unidos.
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