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Estado de Minas

Polonesa Olga Tokarczuk e austríaco Peter Handke levam Nobel de Literatura 2018 e 2019


postado em 10/10/2019 13:37

O prêmio Nobel de Literatura foi entregue nesta quinta-feira (10) à polonesa Olga Tokarczuk, pela edição de 2018, assim como ao austríaco Peter Handke, um escritor de renome mundial e polêmico, ganhador desta distinção em 2019.

Décima quinta mulher a receber o Nobel de Literatura desde a criação do prêmio em 1901, Tokarczuk foi premiada por "sua imaginação narrativa que, com uma paixão enciclopédica, simboliza a passagem de fronteiras como forma de vida", afirmou em Estocolmo o secretário da Academia Sueca, Mats Malm.

"Herdeiro de Goethe" para os acadêmicos suecos, Peter Handke é premiado por uma obra "repleta de ingenuidade linguística que explora a periferia e a singularidade da experiência humana".

O escritor, que vive perto de Paris, disse ter ficado "surpreso" com a premiação, uma decisão que ele considerou "muito corajosa", "após todas as polêmicas" provocadas por sua obra.

Vozes se elevaram na Bósnia e no Kosovo para denunciar a atribuição do Nobel a ele que é visto como um admirador do ex-presidente sérvio Slobodan Milosevic e um "negacionista" dos crimes durante as guerras na antiga Iugoslávia.

Este ano o Nobel de Literatura consagrou dois nomes, um para 2018 e outro para 2019, depois que a Academia Sueca adiou o anúncio no ano passado após um escândalo de agressão sexual.

Autora de uma dezena de livros, Olga Tokarczuk, 57 anos, é considerada na Polônia a escritora mais talentosa de sua geração.

Variada e traduzida para mais de 25 idiomas, sua obra vai de um conto filosófico até um romance policial de tom ecológico, passando por um livro histórico de 900 páginas, "Os Livros de Jacó" (2014).

Seu único livro publicado no Brasil foi "Os Vagantes".

"É uma honra e motivo de orgulho", reagiu à AFP por telefone. "Estou surpresa e feliz, e é importante para mim receber o prêmio no momento em que a Academia sueca inicia uma nova era", declarou também à agência sueca TT.

Identificada politicamente com a esquerda, ecologista e vegetariana, a escritora, que geralmente usa dreadlocks, não hesita em criticar a política do atual governo nacionalista conservador do Partido Direito e Justiça (PiS).

- Prolífico e polêmico -

Olga também parabenizou Peter Handke. "Estou contente que Peter Handke, que eu aprecio particularmente, tenha recebido o prêmio ao mesmo tempo que eu", declarou por telefone ao jornal polonês "Gazeta Wyborcza".

"É formidável que a Academia sueca aprecie a literatura da Europa Central", ressaltou.

Igualmente engajado, Handke, de 76 anos, publicou mais de 80 livros e é um dos autores de língua alemã mais lidos e traduzidos do mundo.

Publicou sua primeira obra em 1966, "As Vespas", antes de se tornar famoso com o livro "O medo do goleiro diante do pênalti", em 1970.

"O Nobel de Literatura? Deveria acabar. É uma falsa canonização que não representa nada para os leitores", afirmou Handke há alguns anos.

No entanto, segundo a Academia que telefonou para ele hoje, o escritor afirmou estar muito feliz e assegurou que iria buscar o prêmio - 9 milhões de coroas (830.000 euros), uma medalha e um diploma - em 10 de dezembro, em Estocolmo.

Handke também é um intelectual que luta contra as convenções, ao preço de enormes polêmicas, principalmente por causa de suas posições pró-sérvias. Em 2006, causou alvoroço ao participar do funeral do ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic, acusado de crimes contra a Humanidade e genocídio.

"Handke não é um escritor político", justificou o presidente do comitê do Nobel de Literatura, Anders Olsson.

- Instituição fechada -

Nos últimos dois anos, a Academia sueca, que sempre se absteve de trazer a política para seus muros, tem trabalhado, principalmente, para se reconstruir.

O Nobel de Literatura foi concedido este ano a dois autores, correspondentes a 2019 e 2018, depois que a atribuição do prêmio no ano passado foi adiada devido a um escândalo sexual.

O escândalo revelou os segredos que ocorriam no interior de uma instituição afetada por intrigas e corrupção.

A instituição precisou lidar com as relevações de agressões sexuais do francês Jean-Claude Arnault, influente personalidade da cena cultural sueca e que recebia generosos subsídios da Academia. Ele foi condenado a dois anos e meio de prisão por estupro.

Além disso, a concessão do prêmio a Bob Dylan em 2016 provocou raiva e sarcasmo no mundo das letras.

Privada do quórum de membros efetivos para nomear um vencedor após uma cascata de demissões, a Academia teve de adiar por um ano a edição de 2018. Foi a sexta vez desde 1901. O último episódio similar havia sido em 1949.

Protetor da Academia criada em 1786, o rei Carl XVI Gustaf teve de intervir para reformar seu estatuto e preencher os assentos vagos.

"Ainda não estamos avaliando o novo processo, ele deve durar dois anos (...) Vamos ver no que vai dar", comentou com sobriedade o acadêmico Anders Olsson.


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