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Estado de Minas

Londres antecipa fracasso na negociação do Brexit


postado em 08/10/2019 17:13

O governo britânico deu a entender nesta terça-feira (8) que a negociação sobre o Brexit está perto de naufragar por culpa da União Europeia (UE), o que irritou o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

"Boris Johnson, o que está em jogo não é ganhar um jogo estúpido de culpa. O que está em jogo é o futuro da Europa e do Reino Unido, assim como a segurança e o interesse de nossos cidadãos", tuitou Tusk em uma mensagem direta ao premiê britânico, acusando-o de brincar com o futuro da Europa.

Uma fonte de Downing Street disse aos jornalistas que a chanceler alemã, Angela Merkel, advertiu Boris Johnson, por telefone, de que é "extremamente improvável" alcançar um acordo a menos que Londres aceite o inaceitável: manter a província britânica da Irlanda do Norte em uma união aduaneira com a UE.

Para Londres, esta exigência torna um acordo "essencialmente impossível", acrescentou a mesma fonte, ressaltando que Johnson defendeu, perante Merkel, ter apresentado uma proposta razoável.

Ao ser questionado pela AFP, o governo alemão não quis comentar o assunto.

O presidente da Comissão, Jean-Claude Juncker, considerou em uma entrevista aos jornais franceses Echos e L'Opinion que "o pecado original está nas ilhas e não no continente".

"Um Brexit sem acordo levaria a uma crise do Reino Unido e a um claro processo de redução do impulso do crescimento no continente", e considerou que "perder um Estado-membro por razões rigorosas de política interior (...) é uma verdadeira tragédia".

Na semana passada, Londres apresentou a Bruxelas seu esperado plano de divórcio e pediu a seus 27 sócios que fizessem concessões para chegar a um acordo. Caso contrário, Johnson promete retirar seu país da UE, de forma abrupta, em 31 de outubro.

Os europeus apontaram dois pontos "problemáticos" em sua proposta: a necessidade de controles aduaneiros entre a Irlanda do Norte e a Irlanda - país-membro da UE - e o veto acordado ao Parlamento autônomo norte-irlandês.

Em resposta, os britânicos apresentaram ontem um novo texto com "esclarecimentos que não respondem", porém, às demandas europeias, segundo fontes envolvidas na negociação.

O enviado britânico David Frost deve voltar a se reunir nesta terça com a negociadora europeia Paulina Dejmek-Hack.

- Irlanda se prepara para Brexit duro

Segundo um informe publicado nesta terça pelo "think tank" Institute for Fiscal Studies, um Brexit sem acordo vai fazer o déficit público britânico explodir e impulsionar a dívida para mais de 90% do Produto Interno Bruto (PIB) pela primeira vez desde os anos 1960.

Relatórios do governo já advertiram para o risco de escassez de alimentos frescos e de remédios, assim como para o risco de violentos distúrbios.

Na tentativa de se antecipar ao impacto de um cenário incerto, o governo irlandês criou um fundo com 1,2 bilhão de euros (US$ 1,3 bilhão) para sustentar sua economia se houver um Brexit sem acordo.

O anúncio foi feito pelo ministro irlandês das Finanças, Paschal Donohoe, nesta terça, ao apresentar o orçamento para 2020.

"Essa lei do orçamento foi particularmente difícil de elaborar", afirmou Donohoe, cujo país será o principal afetado no caso de um Brexit brutal, com consequências potencialmente devastadoras para setores importantes de sua economia, como a agricultura.

"O Brexit é o risco mais urgente e imediato para nossa economia", frisou ele.

"Em resposta, hoje anuncio um pacote de mais de 1,2 bilhão de euros, que não inclui financiamento da UE", disse aos deputados.

Metade desse dinheiro será injetado em setores como agricultura, ou turismo, para ajudá-los a absorver o choque, detalhou o ministro.

Um Brexit sem acordo, que restabeleceria uma fronteira física entre a Irlanda e a Irlanda do Norte, pode deixar 55.000 irlandeses desempregados e colapsar o PIB do país em 6%, de acordo com dados do governo.

Em nível político, o retorno da fronteira ameaçaria o frágil processo de paz lançado pelo acordo da Sexta-feira Santa, que encerrou, em 1998, três décadas de sangrento conflito na Irlanda do Norte.

Outra fonte próxima ao Johnson, que muitos suspeitam de que tenha sido seu conselheiro especial Dominic Cummings, disse mais cedo à revista conservadora "The Spectator" que Londres prevê o fracasso das negociações.

"Se o acordo morrer nos próximos dias, não vamos ressuscitá-lo", disse esta fonte, reiterando que o premiê vai retirar o Reino Unido da UE em 31 de outubro, sem pedir um terceiro adiamento.

Downing Street não se negar, nem confirmar a informação, reforçando a especulação de que tenha sido um vazamento intencional.

"A crise do Brexit entrou em uma nova fase perigosa: Boris Johnson decidiu colapsar as conversas com a UE e, em seu lugar, se dirige a toda velocidade para um desastroso Brexit sem acordo", criticou a deputada trabalhista britânica Margaret Beckett.

A fonte citada pela revista acusou o governo da Irlanda de "não querer negociar". Também culpou os irlandeses de bloquearem a disposição de outros países que estariam, como França e Alemanha, dispostos a "discutir nossa oferta", em vez de estabelecer um novo adiamento.


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