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Estado de Minas

Trump ameaça Turquia caso 'passe dos limites' na Síria


postado em 07/10/2019 20:19

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou a Turquia nesta segunda-feira com represálias caso passe dos limites na Síria, depois de abrir caminho para uma ofensiva turca contra combatentes curdos no território sírio, alimentando o medo de um ressurgimento jihadista na região.

O Pentágono retirou nesta segunda-feira cerca de vinte de seus soldados do norte da Síria, perto da fronteira com a Turquia, amortizadores na tensão entre o exército turco e os curdos, considerados terroristas por Ancara, depois do surpreendente anúncio de Trump de que as tropas americanas "já não estarão na área".

Em meio a questionamentos da região e de legisladores opositores e apoiadores do governo nos Estados Unidos, o presidente americano pareceu voltar atrás, mas sem estabelecer os limites que poderão proteger os aliados curdos, cruciais contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI).

"Se a Turquia fizer algo que eu, com minha grande e incomparável sabedoria, considerar que está fora dos limites, destruirei e arrasarei totalmente a economia da Turquia (já fiz isso antes!)", tuitou Trump.

"O Departamento de Defesa deixou claro para a Turquia, assim como o presidente, que não apoiamos uma operação turca no norte da Síria", disse o porta-voz do Pentágono Jonathan Hoffman.

Um alto funcionário do Departamento de Estado declarou que os Estados Unidos não "agiriam militarmente" para impedir os turcos, mas questionaram uma operação desse tipo. "É uma péssima ideia. Não achamos que isso ofereça mais segurança".

- "Sem aviso" -

A possibilidade de operações militares turcas contra milícias curdas na Síria está iminente na região há semanas.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse na segunda-feira que seu exército estava pronto para lançar essa ofensiva, após Washington declarar que não se oporia. "Podemos chegar a qualquer noite sem aviso".

Uma intervenção turca ameaçaria as Forças Democráticas da Síria (FDS), uma aliança fundamental de combatentes curdos e árabes na coalizão internacional liderada pelos EUA que derrotou o EI e, atualmente, controla grande parte do nordeste da Síria.

A Turquia considera as FDS uma ameaça terrorista e promete esmagá-las.

Ancara diz que deseja estabelecer uma "zona segura" no lado sírio da fronteira, para onde poderá enviar de volta alguns dos 3,6 milhões de refugiados de oito anos da guerra civil.

Os curdos argumentam que o objetivo de Ancara é diluir seu domínio na região com um afluxo de refugiados, principalmente árabes sunitas.

- "Guerras ridículas" -

Trump disse nesta segunda-feira no Twitter que quer tirar os Estados Unidos de "guerras intermináveis e ridículas".

Mas um ataque turco pode forçar as FDS a libertar cerca de 10.000 combatentes do EI capturados nos últimos dois anos, o que contribuiria para o violento grupo jihadista se rearmar.

Trump disse que é responsabilidade da Turquia e de outros países lidar com os prisioneiros do EI. "Turquia, Europa, Síria, Irã, Iraque, Rússia e curdos agora terão que resolver a situação e o que eles querem fazer com os combatentes do EI capturados em seu 'bairro'".

Temendo outro capítulo de derramamento de sangue e deslocamento em massa, a Organização das Nações Unidas (ONU) disse que está "se preparando para o pior". A União Europeia alertou que os civis sofreriam novamente a pior parte de uma ofensiva militar.

Um funcionário do Departamento de Estado destacou que os soldados retirados, parte dos cerca de mil estacionados ao longo da fronteira, integravam "dois pequenos destacamentos", com cerca de 25 homens, que se deslocaram por uma "distância muito curta". "Além disso, não há mudanças em nossa postura militar no nordeste".

- "Preparar-se para a guerra" -

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) confirmou nesta segunda-feira que tropas americanas abandonaram posições-chave em Ras al Ain e Tal Abyad, onde as forças curdas cavaram trincheiras e túneis para se defenderem dos ataques.

Uma base americana em Ras al Ain estava vazia na segunda-feira, disse um fotógrafo da AFP, que havia visto tropas ali na noite anterior.

O porta-voz das FDS, Mustefa Bali, disse que a decisão de Washington "está prestes a arruinar a confiança e a cooperação entre o grupo e os Estados Unidos".

O grupo ressaltou que perdeu 11.000 combatentes na luta contra o EI. As FDS, apoiadas pela coalizão anti-jihadista internacional liderada por Washington, lutou por anos contra o EI e conquistou sua última fortaleza na Síria em Baguz em março.

"Os prudentes devem se preparar para a guerra", disse Mustefa Bozan, um comerciante de 79 anos.

"O destino da região será o mesmo que o de Afrin", disse Issam Daoud, de 38 anos, referindo-se a um antigo reduto curdo capturado pelas tropas turcas e os rebeldes sírios no ano passado.


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