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Estado de Minas

As causas da explosão social no Equador


postado em 04/10/2019 22:19

O Equador enfrenta a maior onda de protestos dos últimos doze anos devido a medidas econômicas adotadas pelo governo do presidente Lenín Moreno por orientação do FMI.

Quadro dos acontecimentos que levaram à explosão social no país e à adoção do estado de exceção:

1) O detonador

Moreno cancelou 1,3 bilhão de dólares em subsídios ao diesel e à gasolina como parte do ajuste fiscal para ter acesso a 4,209 bilhões de dólares de créditos com o FMI.

Quito recorreu aos organismos internacionais diante de um severo deficit fiscal, falta de liquidez e uma dívida externa que subiu 47% no atual mandato presidencial. A dívida soma 39,491 bilhões de dólares (36,2% do PIB).

Sem os subsídios, que nas últimas quatro décadas drenaram 60 bilhões de dólares do Estado, os preços dos combustíveis subiram 123%. O galão (3,78 litros) do diesel passou de 1,03 para 2,30 dólares, e o da gasolina de 1,85 para 2,40 dólares.

2) A consequência

Os sindicatos de taxistas e motoristas de ônibus reagiram com uma greve (suspensa nesta sexta-feira), e receberam o apoio de estudantes e opositores, o que deflagrou uma onda de protestos violentos no país.

Protestos desta magnitude no Equador não ocorriam desde 2007, quando a esquerda assumiu o poder com Rafael Correa, antecessor e antigo aliado de Moreno.

"Os protestos foram contidos no governo Correa pelo medo de perseguição", disse à AFP o analista político Santiago Basabe.

Moreno decretou o estado de exceção, com o qual mobilizou os militares para tentar restabelecer a ordem.

3) Queda de braço

Entre 1996 e 2007, o país dolarizado e que depende do petróleo viveu a pior instabilidade política de sua história, com protestos sociais que derrubaram três presidentes, dois dos quais tentaram ajustes econômicos.

Legisladores da oposição e manifestantes já exigem a saída de Moreno, que os acusa de "golpistas".

O governo também precisa enfrentar setores indígenas, cuja capacidade de protesto é importante no Equador, que como os sindicatos não estão convencidos da utilidade da eliminação dos subsídios e das reformas trabalhista e tributária de Moreno.

"No final o governo sairá fortalecido por fazer a coisa certa. Está em um bom caminho ao sanear a economia", avaliou o consultor Alberto Acosta Burneo.

Moreno quer reduzir o déficit fiscal, que em 2017 foi de 5 bilhões de dólares, reduzir o tamanho do Estado e torná-lo mais eficiente, destacou Burneo.

4) Governabilidade

Eleito com as bandeiras da esquerda, Moreno governa com baixa popularidade e sem o controle do Legislativo, onde os governistas perderam a maioria após romperem com Correa.

"Posso voltar para casa amanhã e não vou nem despentear o cabelo", disse Moreno, para quem o distanciamento de Correa lhe valeu o apoio de alguns blocos no Parlamento, que deverão ser decisivos sobre as reformas trabalhista e tributária.

Apesar da estabilidade democrática não estar em risco, segundo o sociólogo Fernando Carrión, os "protestos fizeram ressurgir um tipo de mobilização de grande violência política".

"As pessoas estão desesperadas com o que vai acontecer com a inflação, com a possível elevação dos preços dos produtos de primeira necessidade, e reagem contra esta situação".


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