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Estado de Minas

EUA, Reino Unido e Austrália pressionam Facebook para acessar mensagens cifradas


postado em 04/10/2019 19:49

Os governos dos Estados Unidos, do Reino Unido e da Austrália pediram ao Facebook que permita às autoridades burlar a criptografia usada em seus aplicativos de mensagem, algo a que a rede social se opõe.

Nos últimos anos, o Facebook se viu envolvido em vários escândalos de privacidade e se comprometeu a melhorar a proteção de dados dos usuários, implementando a criptografia em todas suas plataformas de redes sociais.

Este plano pode enfraquecer, porém, a capacidade das forças de segurança de detectar atos criminosos, incluindo o terrorismo e a pornografia infantil, segundo uma carta conjunta assinada pelo procurador-geral dos Estados Unidos, William Barr, pelo secretário britânico do Interior, Priti Patel, e pelo ministro australiano dos Assuntos Interiores, Peter Dutton.

"O Facebook não se comprometeu a abordar nossas sérias preocupações sobre o impacto que suas propostas poderão ter na proteção dos nossos cidadãos mais vulneráveis", afirmaram ontem na carta, dirigida ao CEO desta rede social, Mark Zuckerberg.

Nesta sexta, o procurador-geral dos Estados Unidos, William Barr, aumentou a pressão, fazendo um chamado a toda a indústria.

"Fazer que nosso mundo virtual seja mais seguro não deveria ser às custas de nos tornar mais vulneráveis no mundo real", disse Barr em um discurso em Washington.

As gigantes tecnológicas devem abandonar "a postura indefensável" de que uma solução técnica não é possível desenvolver produtos para equilibrar a cibersegurança com a segurança pública, acrescentou Barr.

No WhatsApp, todas as mensagens já são criptografadas, o que significa que apenas o remetente e o destinatário podem ler seu conteúdo.

O Facebook diz que pretende introduzir a novidade sem conceder a supervisão solicitada às agências policiais.

Zuckerberg alega que os usuários pedem a criptografia. Afirmou ainda que, para detectar comportamentos ilícitos, podem ser usados os padrões de comportamento e as conexões entre contas, embora as autoridades não possam ver a informação de mensagens privadas.

- Outras formas de combater cibercrimes -

Durante uma sessão de perguntas e respostas com seus funcionários transmitida ao vivo na quinta-feira, Zuckerberg afirmou que o Facebook continuará trabalhando com as autoridades para conseguir um equilíbrio entre as preocupações sobre a privacidade e o combate de crimes como a exploração infantil e o terrorismo.

"Ter a disponibilidade de ver o conteúdo é um sinal útil e, quando você perde isso, está travando essa batalha com uma mão amarrada às costas e espera poder fazer muitas coisas boas com sua outra mão", disse Zuckerberg.

Ele defendeu, porém, os muitos benefícios da criptografia, como a proteção para jornalistas e manifestantes políticos.

"Estas tecnologias protegem milhões de comunicações todos os dias, desde a correspondência sensível de vítimas de violência doméstica até os registros financeiros das empresas e nossa informação médica privada", afirmou Hannah Quay-de la Vallee, especialista em tecnologia do Center for Democracy and Technology, uma organização sem fins lucrativos com sede em Washington.

O ex-analista de Inteligência e informante Edward Snowden também criticou o pedido dos Estados Unidos ao Facebook.

"Se o Facebook ceder, esta pode ser a maior violação de privacidade ocorrida da noite para o dia na história", tuitou.

- A pedra no sapato da privacidade -

Os esforços do Facebook para garantir a privacidade dos usuários se dão depois de uma série de escândalos que abalaram fortemente a confiança na rede.

Em julho, a Comissão Federal do Comércio dos Estados Unidos (FTC, na sigla em inglês), o organismo de proteção ao consumidor, puniu a companhia com uma multa recorde de 5 bilhões de dólares por violações de proteção de dados em um amplo acordo que exige a modernização dos mecanismos de controle e de supervisão da privacidade na rede social.

A FTC concluiu que o Facebook havia descumprido seu compromisso de proteger os dados dos usuários em meio ao escândalo da Cambridge Analytica, uma consultoria política que obteve acesso a dados de quase 90 milhões de usuários e os usou para montar sob medida campanhas eleitorais conservadoras.

O pedido de ontem foi feito pouco depois da aprovação da Lei Cloud, a qual permitirá às agências policiais britânicas e americanas exigirem dados eletrônicos sobre crimes graves diretamente das companhias tecnológicas com sede no outro país.

Para o Facebook, esta lei foi criada para permitir que as companhias de tecnologia habilitem os usuários a terem conversas privadas on-line, podendo, contudo, pedir que forneçam informações mediante ordens judiciais.


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