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Estado de Minas

Oposição de Kosovo quer tirar 'comandantes' da independência do poder


postado em 04/10/2019 11:25

Nas eleições legislativas deste domingo (6) em Kosovo, a oposição está determinada a expulsar do poder os ex-líderes guerrilheiros que dirigem o território desde a declaração de independência em 2008.

O presidente Hashim Thaçi era o dirigente político dos combatentes separatistas albaneses que participaram da guerra contra as forças sérvias (1998-1999, 13.000 mortos). O primeiro-ministro em final de mandato, Ramush Haradinaj, conhecido como "Rambo", era um dos chefes do Exército de Libertação de Kosovo (UCK). Kadri Veseli, cabeça de lista do PDK, o principal dos "partidos da guerra", é o ex-chefe do poderoso serviço de Inteligência.

Durante seu mandato, não conseguiram alcançar a normalização com a Sérvia, para desgosto da União Europeia (UE), preocupada com a persistência deste foco de instabilidade de duas décadas, após o último dos conflitos que levaram à desintegração da Iugoslávia.

Belgrado rejeita a independência proclamada por sua outrora província, majoritariamente povoada de albaneses, e acusa os "comandantes" - sobretudo, Hashim Thaçi e Ramush Haradinaj - de serem criminosos de guerra. As relações entre ambos os governos são péssimas e estão marcadas por momentos de tensão esporádicos.

Em 2013, firmou-se um acordo promovido pela UE, mas este continua sem ser aplicado em grande parte. Os diálogos se encontram em ponto morto.

Os sérvios de Kosovo, que seriam em torno de 120.000, vão eleger seus dez deputados, mas sua lealdade continua estando com Belgrado, e não com Pristina.

Com o apoio da China e, sobretudo, da Rússia, a Sérvia fechou as portas da ONU para Kosovo, cuja soberania segue sem estar reconhecida por dezenas de países.

Para muitos kosovares, isso não é o mais grave. O entusiasmo da proclamação da independência foi sucedido pela apatia de um dia a dia difícil.

Segundo o governo americano, seu principal apoio, Kosovo é o segundo lugar mais pobre da Europa. A corrupção, o clientelismo e o nepotismo continuam sendo norma. O desemprego afeta um terço da população e asfixia os sonhos de uma juventude numerosa, que tende a imitar seus milhares de concidadãos que emigraram em sua maioria para a Alemanha e para a Suíça.

Os "partidos da guerra" podem contar com seu eleitorado tradicional: os ex-combatentes, os funcionários públicos, ou os moradores dos redutos dos "comandantes".

Adem Zeneli, de 67 anos, um veterano de Drenica (oeste), região do presidente Thaçi, quer que os "libertadores" mantenham o poder. "Estiveram dispostos a sacrificar sua vida, demonstrando o amor por seu país", afirma.

Entre os jovens, porém, principalmente nas cidades, a insatisfação é palpável.

"Não podemos justificar a crise política e econômica (...) um país corrupto que está nas mãos da máfia", critica Vedat Gashi, de 26 anos, desempregado e morador de Pristina.

Nenhuma pesquisa confiável foi publicada até o momento, mas, segundo o analista político independente Sheptim Gashi, "nunca foi mais provável do que agora" uma derrota dos "comandantes".

Cerca de 1,9 milhão de eleitores, incluindo centenas de milhares de kosovares emigrados, são esperados nas urnas no domingo, entre 5h e 17h GMT (2h e 14h em Brasília).


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